quinta-feira, 18 de agosto de 2016

O Poeta Enamorado




A tua casa é o meu coração
e o teu perfume enche de nostalgia as minhas noites.
Pelos meus braços vens caminhando nua, com a doçura da
gazela e a brevidade suicida das flores do hibisco.
O meu coração dá abrigo a um grande amor,
como a palmeira protege as tâmaras dos ventos do deserto
ou a romã se transforma em cofre para guardar os seus rubis.
Não há armadilhas montadas no percurso que te leva
à minha cama, e nada será perturbado pelo júbilo
de beijar todas as sílabas que a tua boca pronuncia.
És em mim. Estás em mim. Há-de o meu coração
ficar em ruínas e, assim mesmo, defenderá
o teu corpo, a tua vontade, e o teu sorriso que
tem a envergonhada cor da flor do lótus.
Há-de o meu coração calar-se, mas
esse silêncio não impedirá a promessa
de uma eterna noite de amor.


Joaquim Pessoa
in, O Poeta Enamorado


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