sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

CHEGOU A HORA




CHEGOU A HORA
(...)
"Buscamos movimentos de consciência. A energia feminina, portadora da magia e da intuição, concordou em abdicar dessas qualidades – energia feminina significando não apenas os seres fisicamente femininos, mas a consciência feminina.
O movimento patriarcal nos últimos cinco mil anos afastou-se completamente do processo do nascimento para poder dedicar-se ao desenvolvimento de armas e ao contínuo aniquilamento dos seres humanos.

As mulheres estão com um “nó na garganta” porque concordaram, há quatro ou cinco mil anos, manter silêncio acerca da magia e da intuição que representavam e conheciam como parte da chama gémea. A chama gémea consiste na energia masculina e feminina coexistindo num só corpo, quer seja ele fisicamente masculino ou feminino.
Durante este período de mudança, será necessário que as mulheres desatem o “nó da garganta” e se permitam falar. Chegou a hora.

BARBARA MARCINIAK
in,Mensageiros do Amanhecer

Padrões





"Quando nasce para a vida física, a Mulher, corresponde emocional e mentalmente a padrões e a campos morfogenéticos que a levam a desencadear reacções psicológicas, emocionais e mentais, construindo ou destruindo partes de si mesma, que se vão acumulando em forma de potenciais ou de limitações, sobre os quais nem sempre tem consciência, desdobrando-se e desenvolvendo o seu comportamento em formas arquetípicas, para poder sobreviver.
Os desdobramentos arquetípicos de sobrevivência manifestam-se nas alterações da sua própria personalidade e do seu comportamento, afastando-a da sua essência, resultando num sistema de sucessivos traumas, frustrações, dificuldades materiais, afectivas e, no permanente desconforto, de nunca poder relaxar e viver em paz e harmonia a sua vida e a sua felicidade."

in, HANTURIA

Missão Matriarcal




"Todas as Mulheres nascem para a Vida com uma missão matricial, sendo essa missão uma constante procura pela perfeição e pela competência, relativamente à sua essencia e à sua sabedoria interior. No entanto, existem inúmeros factores que podem interferir com o seu caminho, é por isso essencial, que cada Mulher possa aceder ao seu nível mais profundo de conhecimento, sobre si própria e sobre aquilo que a vida espera de si. "

IN, HANTURIA

Por mais que fuja





"Por mais que fuja, por mais que adie, por mais que evite, nunca poderá deixar de ser quem É, na realidade. Apesar de tudo, pode escolher um caminho construtivo e positivo, sendo detentora de maior consciência sobre si própria, sobre a sua essência e sobre a sua missão como Mulher na Vida.
O estudo da Construção da sua Consciência Matricial, mostra-lhe todos os momentos em que pode ser uma Verdadeira Deusa Criadora, Nutridora ou Materializadora e, ao reconhecer-se, pode defenitivamente assumir-se, como tal.
Quando uma mulher se assume com todo o seu potencial, não precisa mais de se projectar nos outros, buscando referências para si própria, nem mesmo para crescer e para evoluir. Quando é capaz de se assumir integralmente, passa igualmente a reconhecer as outras Mulheres e a ser naturalmente reconhecida.
A Construção da Consciência Matricial, é a mais recente actualização da Psicologia do Amor, no Todo do potencial feminino.
(...)
Cada Mulher é Única. Cada Mulher tem a sua Missão na Vida. Cada Mulher deve ser observada e reconhecida como Absoluta!"

in, HANTURIA

2012




Nem uma vidinha
Nem um vidão
Simplesmente uma vida
Plena e intensa
Mas não tensa.

Com alguém para amar
Com um ombro para chorar
Com momentos para brindar
Com dinheiro para gastar
Com amigos para compartilhar.

Simplesmente uma vida
De erros e acertos
Com alguns exageros
De muito entendimento
E pouco arrependimento.

Uma vida larga
Sem margem, cheia de aragem
Para quem embarca
Com a cara e a coragem
Nesta maravilhosa viagem.

Marília Bellizzi

Ano de 2012




Que nesse ano possamos sonhar,
E acreditar, de coração, que podemos realizar cada um de nossos sonhos,
Que esses sonhos possam ser compartilhados pelo bem,
E que eles tenham força de transformar velhos inimigos em novos amigos verdadeiros,

Que nesse ano possamos abraçar,
E repartir calor e carinho,
Que isso não seja um ato de um momento,
Mas a história de uma vida.

Que nesse ano possamos beijar,
E com os olhos fechados, tocar o sabor da alma,
Que tenhamos tempo para sentir toda a beleza da vida,
E que saibamos senti-la em cada coisa simples,

Que nesse ano possamos sorrir,
E contagiar a todos com uma alegria verdadeira,
Que não sejam necessárias grandes justificativas para nosso sorriso,
Apenas a brisa do viver,
Que nesse ano possamos cantar,
E dizer coisas da vida,
Que não sejam apenas músicas e letras,
Mas que sejam canções e sentimentos,

Que nesse ano possamos agradecer,
E expressar a Deus e a todos: “Muito Obrigado!”,
Que nesse “todos” não sejam incluídos apenas os amigos,
Mas também aqueles que, nos colocando dificuldades, nos deram oportunidades de sermos melhores.

E assim começamos mais um Ano Novo,
Um dia que nasce, um primeiro passo, um longo caminho,
Um desafio, uma oportunidade e um pensamento:
“Que nesse ano sejamos, Todos, Muito Felizes!”

Campanha Benetton em Portugal

The Way Back Movie Trailer Official (HD)




Em português, "Rumo à Liberdade".

Uma aventura que relata a fuga de um pequeno grupo de prisioneiros de várias nacionalidades de um gulag na Sibéria em 1940, bem como a sua jornada de vida ao longo de milhares de quilómetros por cinco países hostis.

A história é comovente pela veracidade dos factos. Realmente a brutalidade comunista deixou um rasto de destruição material, física e psicológica, que só pode ser comparada com a Santa Inquisição. O filme não é arrebatador, mas no entanto encanta pelas paisagens e pela forma linear como é contada a história. Talvez lhe falte um pouco de “pimenta”, no entanto tem a vantagem de nos mostrar a realidade sem grande sofrimento. Este filme devia ser obrigatório para todos os que se interessam, pela história política do passado recente.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Sensualidade




"O que é a sensualidade num mundo sem paixão
O que é o sexo, se não for praticado com o coração
O que é o amor se não existir ninguém para amar
O que é um coração se não existir o vermelho para o pintar
Hoje em dia o amor, é banalizado
Porque foram esquecidas as essências onde foi criado
Sensualidade com amor, mostra paixão
Sensualidade sem amor, é sinónimo de prostituição
É assim que vive toda esta geração
Mentes entupidas com conhecimento corrompido da televisão
Não sou missionário, embora tenha uma missão
Ajudar esta nação, a agir pelo coração
Evitar a confusão e aprender a amar
Sensualidade do amor, é o que nos faz respirar"

Sei lá




O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; 
há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; 
sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, 
uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… 
sei lá de quê!  

Florbela Espanca 
in, Cartas a Guido Battelli.

Eu sei que sou



' Eu sei que vou. Insisto na caminhada.
O que não dá é para ficar parada.
Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola.
E refaço. Colo. Pinto e bordo.
Porque a força de dentro é maior.
Maior que todo mal que existe no mundo.
Maior que todos os ventos contrários.
É maior porque é do bem.
E nisso, sim, acredito até o fim.'



Caio F. Abreu

EU QUERO SABER




EU QUERO SABER

Não me interessa o que você faz para viver.
Eu quero saber o quê, de fato, você busca e se você é capaz de ousar sonhar em encontrar as aspirações do seu coração.

Não me interessa a tua idade.
Eu quero saber se você será capaz de se transformar num tolo para poder amar, viver os seus sonhos, aventurar-se de estar vivo.

Não me interessa qual o planeta que está em quadrante com a tua lua.
Eu quero saber se você tocou o centro da tua própria tristeza. E se você tem sido exposto pelas traições da vida, ou se você tem se contorcido e se fechado com medo da própria dor.

Eu quero saber se você é capaz de ficar com a alegria, a minha e a sua.
Se você é capaz de dançar loucamente e deixar que o êxtase te envolva até a ponta dos dedos dos pés e das mãos, e sem querer nos aconselhar a sermos mais cuidadosos, mais realistas, ou nos lembrar das limitações do ser humano.

Não me interessa se a história que você está me contando é verdadeira.
Eu quero saber se você é capaz de desapontar o outro para ser verdadeiro consigo mesmo.
Se você é capaz de escutar a acusação de traição e não trair a sua própria alma.

Eu quero saber se você pode ser confiável e verdadeiro.

Eu quero saber se você pode ver a beleza mesmo quando o dia não está belo.
E se você pode conectar a sua vida através da presença de Deus.

Eu quero saber se você é capaz de viver com os fracassos, os teus e os meus, e mesmo assim se postar nas margens de um lago e gritar para o reflexo da lua: "SIM"

Não me interessa onde você mora ou quanto dinheiro você ganha.
Eu quero saber se você é capaz de acordar depois da noite do luto e do desespero, exausto e machucado até a alma, e fazer aquilo que precisa ser feito.

Não me interessa o que você é, ou como você chegou aqui.
Eu quero saber se você irá postar-se no centro do fogo comigo e não fugir.

Não me interessa onde, o quê, ou com quem você estudou.
Eu quero saber o que te sustenta interiormente quando tudo o mais desaba.

Eu quero saber se você é capaz de ficar bem consigo mesmo.
E se você realmente é boa companhia para si mesmo nos momentos vazios.





Texto de Oriah  
Sonhador da Montanha

Amar





Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui...além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja minha noite uma alvorada,
Que saiba me perder... pra me encontrar...

Florbela Espanca

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Bunker Roy - Aprendendo com um movimento de pés-descalços

Em Rajasthan, na Índia, uma escola extraordinária ensina mulheres e homens do meio rural - muitos deles analfabetos - a tornarem-se engenheiros solares, artesãos, dentistas e médicos nas suas próprias aldeias. Chama-se Universidade dos Pés-Descalços, e o seu fundador, Bunker Roy, explica como funciona.

Tuas mãos




Quando tuas mãos saem,
amada, para as minhas,
o que me trazem voando?
Por que se detiveram
em minha boca, súbitas,
e por que as reconheço
como se outrora então
as tivesse tocado,
como se antes de ser
houvessem percorrido
minha fronte e a cintura?

Sua maciez chegava
voando por sobre o tempo,
sobre o mar, sobre o fumo,
e sobre a primavera,
e quando colocaste
tuas mãos em meu peito,
reconheci essas asas
de paloma dourada,
reconheci essa argila
e a cor suave do trigo.

A minha vida toda
eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,
cruzei os recifes,
os trens me transportaram,
as águas me trouxeram,
e na pele das uvas
achei que te tocava.
De repente a madeira
me trouxe o teu contacto,
a amêndoa me anunciava
suavidades secretas,
até que as tuas mãos
envolveram meu peito
e ali como duas asas
repousaram da viagem

Pablo Neruda

O teu riso





Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então eu morreria.


Pablo Neruda








BMW F 800 GS in the Dunes - Adventures




E como diz o meu amigo Nuno Vilela,"Ora ai está uma boa mota, com um bom motor da Rotax, em vez da porcaria do boxer arrefecido a ar, poluente e a sofrer de elefantiase, já sei que os puristas me vão matar, mas esta mota é manobrável rápida, potente e bonita, com bons travões, uma suspensão de luxo e utilizável no dia a dia.. talvez seja a mota que vai substituir a minha "daisy"....

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Carta de um pai ao filho



Amado Filho,

O dia em que este velho já não for o mesmo, tenha paciência e me compreenda.

Quando eu derramar comida sobre minha camisa e esquecer como amarrar meus sapatos, tenha paciência comigo e se lembre das horas que passei te ensinando a fazer as mesmas coisas.

Se quando conversa comigo, repito e repito as mesmas palavras e sabes de sobra como termina, não me interrompas e me escute. Quando era pequeno, para que dormisse, tive que contar-lhe milhares de vezes a mesma estória até que fechasse os olhinhos.

Quando estivermos reunidos e, sem querer, fizer minhas necessidades, não fique com vergonha e compreenda que não tenho a culpo disto, pois já não as posso controlar. Pensa quantas vezes quando menino te ajudei e estive pacientemente a seu lado esperando que terminasse o que estava fazendo.

Não me reproves porque não queira tomar banho; não me chames a atenção por isto. Lembre-se dos momentos que te persegui e os mil pretextos que tive que inventar para tornar mais agradável o seu banho.

Quando me vejas inútil e ignorante na frente de todas as coisas tecnológicas que já não poderei entender, te suplico que me dê todo o tempo que seja necessário para não me machucar com o seu sorriso sarcástico.
Lembre-se que fui eu quem te ensinou tantas coisas.
Comer, se vestir e como enfrentar a vida tão bem com o faz, são produto de meu esforço e perseverança.

Quando em algum momento, enquanto conversamos, eu chegue a me esquecer do que estávamos falando, me dê todo o tempo que seja necessário até que eu me lembre, e se não posso fazê-lo não fique impaciente; talvez não fosse importante o que falava e a única coisa que queria era estar contigo e que me escutasse nesse momento.

Se alguma vez já não quero comer, não insistas. Sei quando posso e quando não devo.

Também compreenda que, com o tempo, já não tenho dentes para morder, nem gosto para sentir.
Quando minhas pernas falharem por estarem cansadas para andar, dá-me sua mão terna para me apoiar, como eu o fiz quando começou a caminhar com suas fracas perninhas.

Por último, quando algum dia me ouvir dizer que já não quero viver e só quero morrer, não te enfades. Algum dia entenderás que isto não tem a ver com seu carinho ou o quanto te amei.

Trate de compreender que já não vivo, senão que sobrevivo, e isto não é viver.

Sempre quis o melhor para você e preparei os caminhos que deve percorrer.

Então pense que com este passo que me adianto a dar, estarei construindo para você outra rota em outro tempo, porém sempre contigo.

Não se sinta triste, enojado ou impotente por me ver assim. Dá-me seu coração, compreenda-me e me apóie como o fiz quando começaste a viver.

Da mesma maneira que te acompanhei em seu caminho, te peço que me acompanhe para terminar o meu.

Dê-me amor e paciência, que te devolverei gratidão e sorrisos com o imenso amor que tenho por você.

Atenciosamente,
Teu Velho

Levi da Silva Barreto

Atalhos em nossa vida





Dois jovens recém-casados, eram muito pobres e viviam de favor num sítio no interior.


Um dia o marido fez a seguinte proposta a esposa: "Querida, eu vou sair de casa, vou viajar para bem longe, arrumar um emprego, e trabalhar até ter condições para voltar e dar-te uma vida mais digna e confortável. Não sei quanto tempo eu vou ficar longe, só peço uma coisa: Que você me espere, e enquanto estiver fora, seja fiel a mim, pois eu serei fiel a você."


Assim sendo, o jovem saiu, andou muitos dias a pé, até que encontrou um fazendeiro que estava precisando de alguém para ajudá-lo em sua fazenda. O jovem chegou e ofereceu-se para trabalhar, no que foi aceito.


Pediu para fazer um pacto com o patrão, o que também foi aceito.


O pacto foi o seguinte: Me deixe trabalhar pelo tempo que eu quiser e quando eu achar que devo ir, o senhor me dispensa das minhas obrigações. Eu não quero receber meu salário. Peço que o senhor o coloque na poupança até o dia em que eu for embora. No dia em que eu sair o senhor me dá o dinheiro e eu sigo o meu caminho.


Tudo combinado. Aquele jovem trabalhou durante 20 anos, sem férias e sem descanso.
Depois de 20 anos ele chegou para o patrão e disse: "Patrão, eu quero o meu dinheiro, pois estou voltando para minha casa. O patrão então lhe respondeu.


Tudo bem, afinal fizemos um pacto e vou cumpri-lo, só que antes, quero lhe fazer uma proposta, tudo bem?


Eu lhe dou todo o seu dinheiro e você vai embora ou lhe dou 3 conselhos e não lhe dou o dinheiro. Vá para o seu quarto, pense e depois me de a resposta."


Ele pensou durante 2 dias, procurou o patrão e disse-lhe: "Quero os três conselhos."


O patrão novamente frisou: "Se lhe der os conselhos, não lhe dou o dinheiro."
E o empregado respondeu: "Quero os conselhos."


O patrão então lhe falou:


1º) Nunca tome atalhos em sua vida, caminhos mais curtos e desconhecidos podem custar a sua vida;


2º) Nunca seja curioso para aquilo que é mal, pois a curiosidade para mal pode ser fatal;


3º) Nunca tome decisões em momentos de ódio ou de dor, pois você pode se arrepender e ser tarde demais.


Após dar os conselhos o patrão disse ao rapaz, que já não era tão jovem assim: "Aqui você tem três pães, dois para você comer durante a viagem e o terceiro é para comer com sua esposa quando chegar em sua casa."


O homem então seguiu seu caminho de volta, depois de 20 anos longe de casa e da esposa que tanto amava.

Após o 1º dia de viagem encontrou um andarilho que o cumprimentou e lhe perguntou: Para onde você vai?


Ele respondeu: Vou para um lugar muito longe que fica a mais de 20 dias de caminhada pôr esta estrada.
O andarilho disse-lhe então: Rapaz, este caminho é muito longo, eu conheço um atalho que é ‘dez’ e você chega em poucos dias.


O rapaz contente, começou a seguir pelo atalho, quando lembrou-se do 1º conselho, então voltou e seguiu o caminho normal. Dias depois soube que o atalho levava a uma emboscada.


Depois de alguns dias de viagem, cansado ao extremo, achou uma pensão a beira da estrada, onde pode hospedar-se.


Pagou a diária e após tomar um banho deitou-se para dormir. De madrugada, acordou assustado com um grito estarrecedor. Levantou-se, de um salto só e dirigiu-se a porta para ir até o local do grito. Quando esta abrindo a porta lembrou-se do 2º conselho.


Voltou, deitou-se e dormiu, Ao amanhecer, após tomar o café, o dono da hospedagem lhe perguntou se ele não havia ouvido um grito e ele disse que tinha ouvido.


O hospedeiro disse: E você não ficou curioso? Ele disse que não.


O hospedeiro respondeu: Você é o primeiro hospede a sair vivo daqui, pois meu filho tem crises de loucura, grita durante a noite e quando o hospede sai, mata-o e enterra-o no quintal.


O rapaz prosseguiu na sua longa jornada, ansioso pôr chegar a sua casa. Depois de muitos dias e noites de caminhada... já no entardecer, viu entre as arvores a fumaça de sua casinha, andou e logo viu entre os arbustos a silhueta de sua esposa. Estava anoitecendo, mas ele pode ver que ela não estava só. Andou mais um pouco e viu que ela tinha entre os braços um homem, que a estava acariciando os cabelos. Quando viu aquela cena, seu coração se encheu de ódio e amargura e decidiu-se a correr de encontro aos dois e matá-lo sem piedade.


Respirou fundo, apressou os passos, quando lembrou-se do 3º conselho. Então parou, refletiu e decidiu dormir aquela noite ali mesmo e no dia seguinte tomar uma decisão.


Ao amanhecer, já com a cabeça fria ele disse: "Não vou matar minha esposa e nem seu amante. Vou voltar para o meu patrão e pedir que ele me aceite de volta. Só que antes quero dizer a minha esposa que eu sempre fui fiel a ela."


Dirigiu-se a porta da casa e bateu. Quando a esposa abre a porta e o reconhece, se atira ao seu pescoço e o abraça afetuosamente. Ele tenta afastá-la, mas não consegue. Então, com lágrimas nos olhos, lhe diz: "Eu fui fiel a você e você me traiu." Ela espantada responde: "Como ? Eu nunca te traí, te espero durante esses 20 anos."


Ele então lhe perguntou: "E aquele homem que você estava acariciando ontem ao entardecer?" Ela lhe disse: "Aquele homem é nosso filho. Quando você foi embora descobri que estava grávida. Hoje ele está com 20 anos de idade.


Então o marido entrou, conheceu, abraçou seu filho e contou-lhes toda a sua história, enquanto a esposa preparava o café. Sentaram-se para tomá-lo e comer juntos o último pão. Após a doação de agradecimento, com lágrimas de emoção, ele parte o pão e ao abri-lo, encontra todo o seu dinheiro, o pacto pôr seus 20 anos de dedicação.


Muitas vezes achamos que o atalho "queima etapas" e nos faz chegar mais rápido, o que nem sempre é verdade...


Muitas vezes somos curiosos, queremos saber da coisas que nem ao menos nos dizem respeito e que nada de bom nos acrescentará...


Outras vezes agimos por impulso, na hora da raiva e fatalmente nos arrependemos depois...


Espero que tu, assim como eu, não te esqueças destes 3 conselhos, e não te esqueças também de confiar, mesmo que a vida muitas vezes já te tenha dado motivos para a desconfiança.

desconhecido

Vinicius...




Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não.'

Vinicius de Moraes

The High Price of Materialism




"Tomar tudo, mas não o supérfluo"
Oscar Wilde
...mas agora que estamos tão viciados ao supérfluo nós ainda podemos identificar o que para nós é realmente essencial?


Psychologist Tim Kasser discusses how America's culture of consumerism undermines our well-being. When people buy into the ever-present marketing messages that "the good life" is "the goods life," they not only use up Earth's limited resources, but they are less happy and less inclined toward helping others. The animation both lays out the problems of excess materialism and points toward solutions that promise a healthier, more just, and more sustainable life.

Eels - That Look You Give That Guy 1



Obrigada, Samuel!!!!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Christmas Song - Dave Matthews

Watch this.... You will definitely share this......mp4

The Holstee Manifesto: Lifecycle Video

Into the Wild




e assim começa esta grande viagem!

Parabéns, Eddie!!!!




Eddie Vedder (nascido Edward Louis Severson III, Evanston, Illinois, 23 de Dezembro de 1964)

Muitos Parabéns, Eddie!!!!

Hoje não podia deixar de vir aqui dar-te os parabéns porque, tenho andado um bocadito triste...típico em mim nesta altura do ano...
Mas, para minha surpresa, ontem antes de dormir, depois de fazer o Alinhamento dos meus Chakras, senti uma Energia brutal, que me fez lembrar que hoje fazias anos, me fez lembrar o porquê de eu estar aqui, e de como entraste na minha vida sem ser com os Pearl Jam.

Foi com o filme Into The Wild!

Entrei numa luta interior muito grande em 2003, quando li o livro, escrito pelo Jon Krakauer, mas nessa altura ainda estava a iniciar esta grande jornada, e ainda não estava preparada para dar o Salto.
Mas, quando em 2008 vi o filme, e ouvi o teu álbum, a banda sonora do filme...Bummm!
Deu-se o Click!!!
Um ano depois, no dia 18 de Novembro de 2009, mandei tudo ao ar, abri mão de tudo e de todos e vim em busca do meu "Alaska", inspirada por ti e claro, pelo Christopher McCandless!

Ontem, senti uma energia brutal quando me lembrei do teu aniversário, e fiz uma retrospectiva do que tem sido estes 9 anos, principalmente destes últimos 3 anos, depois que vi o filme e...senti uma alegria que me encheu o peito!!!!
A tristeza foi embora...

Obrigada, Eddie!!
Feliz Aniversário!!!!!!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Estou cansado




Estou cansado, é claro, 
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado. 
De que estou cansado, não sei: 
De nada me serviria sabê-lo, 
Pois o cansaço fica na mesma. 
A ferida dói como dói 
E não em função da causa que a produziu. 
Sim, estou cansado, 
E um pouco sorridente 
De o cansaço ser só isto — 
Uma vontade de sono no corpo, 
Um desejo de não pensar na alma, 
E por cima de tudo uma transparência lúcida 
Do entendimento retrospectivo... 
E a luxúria única de não ter já esperanças? 
Sou inteligente; eis tudo. 
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto, 
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá, 
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa. 

Álvaro de Campos

Earth-Welcome Home

Mafalda Veiga e Tiago Bettencourt - Balançar (Ao Vivo)

Tiago Bettencourt & Mantha "Se Cuidas de Mim" - videoclip oficial





Se cuidas de mim
Eu cuido de ti também
Dentro da minha mão
Eu guardo te bem
Se amarmos do princípio
Se perdermos tudo outra vez
Vou marcar-te bem
Como um sonho vão
Dentro da minha mão

Se cuidas de mim
Eu cuido de ti também
Se vens em paz
Eu venho por bem
Se formos bebendo
O chão deste caminho
Vou guardar-te bem
Agora que sei
Que não vou sozinho

Há uma praia depois da sombra
Uma clareira p'ra iluminar
Há um abrigo no meio das ondas
Tu a caminho p'ra iluminar

Por isso vem

Maria Clementina - Vou ser alguém





Maria de Medeiros e Tiago Bettencourt!!:))))

Quando eu nascer vou ser do bem
Quando eu quiser vou ser alguém
Vou me libertar largando o chão
Para poder subir ao meu verão
Então, meu bem, vou ser alguém

Quando eu nascer vais ver, meu bem
Quem me encontrar vai querer sorrir
Quem me descobrir vai querer ficar
Vou fazer feliz o mundo vão
Então, meu bem, vou ser alguém

Meu sopro aquece a água fria
Meu nome para abraçar o dia
Maria Clementina

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A politiqueirada portuguesa




(...) "O Espanhol é um «bárbaro», mas assume a barbaridade.
Nós somos uns campónios com a obsessão de parecermos civilizados.
O Francês é um ser artificioso, mas que vive dentro do artifício.
O Alemão é uma broca ou um parafuso, mas que tem o feitio de uma broca ou de um parafuso.
O Italiano é um histérico, mas que se investe da sua condição no parlapatar barato, na gritaria.
O Inglês é um sujeito grave de coco, mas que assume a gravidade e o ridículo que vier nela.
Nós somos sobretudo ridículos porque o não queremos parecer.
A politiqueirada portuguesa é uma gentalha execranda, parlapatona, intriguista, charlatã, exibicionista, fanfarrona, de um empertigamento patarreco — e tocante de candura. Deus.
É pois isto a democracia?"

Vergílio Ferreira
 in, "Conta-Corrente 2"

.................os mijos, os peidos e os vómitos




Dom Juan...disse a Carlos Castanheda...

"Ao observar as manhas da importância pessoal e o modo homogéneo com que contaminam todo o mundo, os videntes dividiram aos seres humanos em três categorias, para as quais Don Juan pôs os nomes mais ridículos que pôde achar: os mijos, os peidos e os vómitos.
Todos nós nos ajustamos num deles”.


Thievery Corporation - Unified Tribes

TU MERECES





Imagina que há uma vida em que és feliz.
Em que tudo o que te rodeia corresponde à tua energia, discreta e subtil.
Imagina uma vida em que pudesses estar, sentir, falar, viver, e que todos à tua volta compreendessem as tuas raízes, as tuas razões e a tua coerência.
Imagina que a vida que está disponível para ti é ampla e pode realmente te elevar.
Essa vida existe e está preparada para ti. Está preparada para se apresentar. Mas tu tens de fazer uma escolha.
Tens de escolher que mereces.
Que mereces ser feliz, que mereces não viver com culpa, que mereces o carinho, a compreensão, o afecto.
Que mereces o amor.
E, sobretudo, que mereces o amor incondicional.
E nessa altura em que escolheres merecer tudo isso, vais livrar-te dos velhos vícios, vais livrar-te das dependências emocionais, vais livrar-te das concessões sem fim, e vais olhar para dentro.
E vais ver a tua essência sorrir.
E vais perceber que ela também merece uma chance.
E vais procurá-la, sobre todas as coisas.
Ela vai passar a ser a estrela da tua vida.
E vais olhar para os outros, já não como muletas da tua solidão, e sim como parceiros de jornada. A quem não se cobra nada. A quem se dá o amor incondicional que vens buscar cá acima.
E assim, leve, fluido, vais passar a voar pela vida ao encontro da tua própria vida.
E ela vai ter espaço para se manifestar.
E tu vais ter oportunidade de a abraçar.
E juntos, irão percorrer o firmamento em direcção à eternidade.

Alexandra Solnado

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Efeito borboleta




"Vivo um efeito borboleta, minha vida é uma recordação
Vejo flashes mentais, tira-teimas da televisão
Não sou reflexo de nada, sou com um fantasma perdido
Para muitos sou a morte, para outros sou o sentido
Quando te vejo, leve, vindo até mim despercebida
Sei que és tu, tu que quero para me completar nesta vida
Deitado no meu mundo, só te sinto, com o vento a passar
Passas diante a mim, e só eu tenho capacidade de te parar
Por entre os lençóis, sinto teu corpo transpirar
Sinto teus pelos, levantar, sinto meu corpo vacilar
Não tenho reacção, agora és tu a controlar
És tu que me agarras, quando eu tento respirar
Quando me beijas, eu procuro te beijar novamente
Descobrindo nos teus lábios, o amor de muita gente
Desço em teu pescoço, sinto todo o teu arrepio
Algo tão forte que abala qualquer gemido, fica sem pio
Desço mais um pouco, o desejo transforma-se em sedução
Conjugada com amor, no sexo mostra a sua ascensão
Tocas meu corpo, bem forte preparado só para ti
Horas gastas em ginásio, esperando que olhes para mim
O calor espalha o suor, o ambiente traz o amor
Corpo mexe no movimento, trocando sangue por vapor
Oiço teu gemido, que me dá forças para continuar
Toco o teu céu, que sempre ansiei por visitar
Apogeu do prazer, chegou o momento da união
Ambos subimos ao céu, é o prazer na sua conjunção
Nunca senti algo tão puro, ou algo tão especial
Fico contente por saber que sou o escolhido e o tal
De seguida, sinto teu corpo no meu, desvanecer
Não sei que se passa, apenas rezo para não te perder
Já não consigo te agarrar, agora voas com o vento
Quem me dera te guardar, mas falta-me o alento
De manhã acordo, em mais um dia cinzento
Vejo tudo ao meu redor, juntando o que invento
Sonhador, nada do que vivi foi realidade
Ou será que foi? Não sei, mas fica a saudade"

a 'espiritualidade lindinha'




Temos andado a tratar do nosso espírito - ou alma, ou o que preferirem chamar-lhe - um pouco como quem trata das unhas dos pés, do cabelo, da gordura a mais na barriga, das rugas, dos pêlos e por aí fora.

A par dos inúmeros institutos de estética que proliferaram um pouco por toda a parte nos últimos anos,  onde vamos cuidar da nossa imagem exterior para ficarmos 'lindinhos' por fora, houve também a proliferação dos 'centros anímicos' - onde vamos tratar da beleza interior, para ficarmos 'lindinhos' por dentro.
A oferta é para todos os gostos, todos os géneros e todas as bolsas e contempla um sem fim de técnicas, experiências, vivências e posições.
Do yoga às massagens, dos tratamentos de reiki às regressões a vidas passadas, dos retiros de silêncio às curas xamânicas, das leituras da aura ao alinhamento dos chakras, das meditações aos círculos de cura, das consultas e cursos de astrologia às palestras sobre os mais variados assuntos, das canalizações ao transe assistido, dos livros de auto-ajuda aos 'manuais de instruções' dos gurus, nunca, como nesta dita 'nova era' nos esforçámos tanto por ser (parecer?) 'lindinhos' por dentro.

Mas, afinal, lindos por dentro nós sempre fomos... ou não?
Lindos e... feios!
E é aí que reside o engodo da 'espiritualidade lindinha'.
Ao prometer-nos mundos e fundos para a alma, exactamente da mesma forma e na mesma medida que a indústria estética promete fundos e mundos para o corpo, o resultado, na maior parte das vezes, é a vivência de uma espiritualidade plástica, asséptica e aquém dos resultados que, neste momento, o universo nos pede para, realmente, ascendermos e elevarmos a humanidade à raça dos anjos.

E isso, pese embora a importância e a influência que cursos, palestras, retiros, livros, encontros, massagens, cristais e etc. e etc. e etc. poderão ter... isso não chega!
E não há ninguém neste mundo, a não ser cada um, em silêncio e consigo, quem poderá encontrar a 'receita' para que o seu espírito se manifeste neste tumulto  em que transformámos a Terra.

Ainda no outro dia, pasmei perante uma 'lista de regras para a nova era' que vi por aí.
Fiquei que tempos a tentar perceber o que era que me incomodava naquilo.
Pode ser uma mera questão de conceitos, mas 'lista' e 'regras' não condizem de todo com o que entendo por 'nova era'.
A Era de Aquário, acredito, será uma manifestação de excepções - e as velhas 'listas de regras' um vício caduco da Era de Peixes, em que tentámos impor uns aos outros as nossas meias verdades.

Acredito, então, que manifestar a excepção  - e o ser excepcional - que cada um de nós É, deixando os 'supostos', as 'regras' e o 'by the book' de lado é a única forma de fazer emergir a espiritualidade de que todos somos dotados.

Diz o António que a 'espiritualidade lindinha' tem os dias contados e eu estou de acordo.
Chega de andar a brincar aos iluminados, exibindo 'egos' que estão tão bem trabalhados que já quase nem damos por eles, curriculos que não têm fim de tanto que já andámos de um lado para o outro a acumular conhecimentos e cursos, asas que - para já - ainda não estão tão abertas como as dos anjos e que apenas nos deixam voar baixinho e em círculos.

A 'espiritualidade lindinha' tem os dias contados porque, primeiro, é necessário sentir, assumir, aceitar, que somos lindos e... feios!
E que a luz que emanamos não brilharia se não fossem as sombras, que todos somos também.


Inês de Barros Baptista

ando a casar-me




Estranha, a expressão?
Admito que sim.
É mais comum ouvir-se dizer 'vou casar-me', 'casei-me', 'sou casada'... mas 'ando a casar-me'?
A verdade é que ando. A tentar, pelo menos, que isto de um casamento tem tanto que se lhe diga, tantas voltas e reviravoltas, tantas esquinas e contratempos e, ao mesmo tempo, tantas potencialidades!...
A minha sorte é que, desta vez, nenhum noivo espera por mim no altar e o anel que trago no dedo, apesar de ter sido oferecido, foi na condição de ser capaz de assumir um compromisso comigo.
É de prata, mas podia ser de latão,  de cobre, de arame ou de outra substância qualquer, já que o mais importante é conseguir 'consubstanciar' corpo e espírito, no sentido mais íntimo, e quase biblíco, do termo: como a presença de Cristo, na Santíssima Trindade, sendo ela mesma.

Pois é, ando a casar-me comigo e a fazer por prometer-me fidelidade, nem sequer até ao fim dos meus dias, mas por toda a eternidade.
A jurar amar-me e honrar-me, nas condições favoráveis, mas também nas adversas e a retirar, um a um, todos os véus com que as noivas tapam a cara  e enfeitam cabelos e que, na maior parte dos casos, as deixam às cegas, ou então apenas permitem que vejam o mundo através dos buraquinhos do tule...

Não é fácil, creio que é até mais difícil casarmos connosco do que com outro.
É muito mais complicado deitarmo-nos todas as noites e sermos capazes de nos abraçarmos sem nenhuma distância ou reserva, mesmo que pareça mais simples ter os braços do outro à nossa espera na cama.
É muito mais verdadeiro, embora mais duro, exigirmos de nós fidelidade ao que somos, em vez de andar a morrer de ciúmes com as mentiras e as infidelidades do outro.
É muito mais justo dizer 'amo-me' do que andar a cobrar a injustiça de o outro nunca dizer 'amo-te'.
É fundamental, é visceral,  eu diria, casar-me comigo, para que um dia, então, me case com outro - se for essa a escolha, se for esse o caminho...

Já me casei duas vezes e sei do que falo.
A primeira com tudo a que tinha direito - dia marcado, vestido de noiva, alianças, uma capela com vista para o rio, um coro afinadérrimo e uma homilia lindíssima, um copo de água abundante, uma lua de mel numa ilha, dois filhos maravilhosos e oito anos de um dia a dia de enorme partilha e cumplicidade. Um casamento que, desconfio, se não tivesse acabado num atropelamento brutal, acabaria de outra maneira (ou talvez não e tudo o que forem especulações não passam de mera retórica e não cabem aqui...)
O segundo não teve dia marcado, nem alianças, nem padre, nem coro, nem capela, mesmo que tenha tido vista para o rio muitas vezes, sobretudo da cama de onde chegaram mais duas filhas maravilhosas, e que me deu, senão um marido, um amigo fiel. Foram mais oito anos da minha vida e o facto de ter partido para eles já não vestida de noiva e de branco, mas de viúva e de luto,  talvez tenha feito toda a diferença - mas, mais uma vez, entro no campo das especulações e não quero. Separámo-nos há já algum tempo, mas fico contente por termos sabido continuar juntos, partilhando em paz o que nos é comum e assim evitando cair em guerras antigas.

Se o provérbio está certo e 'não há duas sem três', hei-de voltar a casar-me de novo.
Não faço ideia com quem, nem onde, nem como, nem quando, se vestida de noiva ou de cigana,  se numa capela ou no campo ou na praia, se haverá coro ou apenas um mantra dito em silêncio por ambos, se a lua será de mel ou de uma luz ainda mais doce.
Por mais que neste momento até possa ter sonhos e desatar a fazer mil projecções sobre o futuro, o presente que tenho para me oferecer é só um: casar-me comigo e prometer ser minha para sempre.

Amén.

Inês de Barros Baptista


Aerosmith - Fly Away From Here (tradução) - Leiam a Descrição!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Avesso




Olá sombra!

Sim, o sorriso é forçado, talvez devesse virá-lo ao contrário, ser 'brutalmente honesta' assim o exige, o avesso, para já, não é nem generoso nem complacente e dói que se farta..

Olá sombra!

Ontem, sem ser por acaso, dei de caras com a 'sombra humana' e só não foi um choque brutal porque tu e eu, ultimamente, até temos 'privado' bastante, nem sempre nas condições mais honestas, admito, já que não te dou o espaço de que precisas para, literalmente, tomares conta de mim, mas vai sendo à medida do que vou sendo capaz... gostei particularmente de 'os monstros dentro de mim', ou melhor, se quiser ser de novo brutalmente honesta comigo e contigo, uma unidade que teimo em ver separada, não gostei assim tanto e comecei por negar que, também dentro de mim, existissem monstros tão feios.
Mas a verdade é o que é e, um por um, lá os fui encarando.
Alguns  provocam-me ainda um medo de morte, com outros estou já mais familiarizada, descobri um ao outro que  continuo a negar, mesmo que olhem de frente para mim e me digam 'nós somos teus, vê lá se nos amas'.

E é por isso que hoje vim aqui encarar-te mais uma vez, e sim, à vista de todos, porque nisso já me conheces e sabes  como me tenho obrigado a ser transparente, mesmo quando é das sombras que falo.
A razão pela qual gostei tanto do Emídio  foi por ele nos mostrar, com uma honestidade brutal e uma transparência que faz por livrar-se das máscaras, como é que, a pouco e pouco, vamos podendo gerir esta nossa dualidade.
Estou cansada daqueles 'gurus' muito iluminados que só falam da luz e da luz e da luz e que nos fazem crer que debelaram as sombras e agora vivem num permanente 'nirvana' dourado.
Mas também já consigo entender que eles me cansam apenas porque, também eu, me faço passar por iluminada, 'vendendo' nirvanas aos meus semelhantes e provavelmente fazendo com que fiquem cansados.

Ah, sombra, isto de sermos duais e nos amarmos a sê-lo tem mesmo tanto que se lhe diga!
E eu cá não sei se um dia há um clic!
E os dois lados se integram em nós como se tivesse havido magia, ou se é dia a dia e passo a passo que vamos andando, um dia para a frente, um passo para trás, outro dia e mais um bocado, outro passo e retrocedemos...
O que sei, o que sinto, é que este passo a caminho de ti me traz, afinal, muita paz interior.
Quando mergulho nos teus braços, quando me sento no escuro do teu peito, quando me entrego à voracidade com que, também tu, queres ser amada... tudo se aquieta, tudo se acalma, tudo se expande.
Nem sequer dou mais a desculpa de que esta é a humanidade que tenho, como quem se desculpa por ser tantas vezes tão imperfeita, mas dou por mim a agradecer não brincar mais aos deuses, a não ser quando me vejo capaz de voltar a brincar como as crianças, e então tanto faz se sou o monstro, o humano ou o deus porque a brincadeira é sempre e só uma brincadeira e mais nada.

O avesso, afinal, não é o mundo virado de pernas para o ar e o esforço que tantas vezes fazemos para o endireitar é precisamente o que faz com que não se endireite.

Ontem, foi tão grande o impacto que a sombra humana do Emídio teve na minha sombra, - isto de sermos todos o mesmo tem destas coisas - que lhe escrevi um email.
E agora mesmo, enquanto escrevia este texto, ele respondeu-me.
E julgo que ele não se importa que eu transcreva uma parte do que ele me disse.
E disse ele:
"A vida é uma aventura deliciosa.
Quando abraço a minha sombra e o meu ego, quando deixa de haver luta dentro de mim, quando deixo de precisar da aprovação dos outros. Quando te amo sem esperar amor de volta.
Sabe bem amar. Estou viciado.
Descubro que sou totalmente egoísta: amo tudo porque me faz sentir tão bem comigo mesmo. Delicioso."

E então é assim, sombra, nós só temos de facto o que é aqui e agora e, aqui e agora, prometo que será um domingo delicioso para ambas.
Abraço-te e hoje comprometo-me a amar-te como mereces.
A ti e aos monstros que somos, a mim e à luz da luz que me faz ser transparente.

Obrigada por fazeres parte de mim!
E, agora sim, o sorriso saiu verdadeiro...


Inês de Barros Baptista

saber dizer: sim



sim, eu não sei nada, nem quando digo que sei muitas coisas, erro e aprendo, sofro e tropeço, armo-me em forte, desfaço-me em lágrimas, mas todos os dias estou viva para recomeçar tudo de novo.

sim, 'precisar' é um verbo que a mente conjuga, mas que a alma aprende a aceitar, de cada vez que nos estendem a mão e nos oferecem ajuda.

sim, a humanidade atrapalha quando a usamos como uma barreira e fechamos os braços com medo de que venham roubar-nos alguma coisa ou pedir-nos o que achamos ter o direito de recusar  - ou, simplesmente, o que não queremos dar.

sim, ando a aprender a casar-me comigo e a jurar-me fidelidade e só é justo o que for o melhor para mim.

sim, ter expectativas faz parte, ter sonhos faz parte, faz parte ter ilusões e desilusões, só tomando o todo pelas partes seremos capazes de ir pondo de parte tudo aquilo que não nos faz falta, para esse todo que somos.

sim, o amor é semente, planta-se e cresce, monda-se e vinga, rega-se e faz-se maior a ponto de nos transformar no seu próprio fruto.

sim, temos padrões, temos heranças, temos debaixo da cama muitos fantasmas que nos assustam, temos feridas abertas, temos capacidade de cura.

sim, somos aquilo que escolhemos a cada minuto, ontem já era, amanhã não sabemos.

sim, é tudo tão duro e tão dócil, tudo tão simples e tão complicado, tudo tão bom e tão mau, tudo tão rápido e tão demorado, tudo tão luminoso e tão denso e tudo

É: direito e avesso.

sim, somos elos de uma mesma cadeia, não viémos sozinhos trilhar os caminhos da Terra, somos um e o mesmo, cada um seguindo  o seu trilho a caminho de casa.

sim, queremos todos a mesma verdade e todos contamos as mesmas mentiras.

sim, estou aqui para dizer sim à vida e a tudo o que sou e,

sim, é sempre possível escolher dizer não.



Inês de Barros Baptista

O semeador de estrelas

De dia não é mais do que uma estátua






Mas à noite...É o Semeador de Estrelas!!!!!




 Kaunas, Lituânia

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Somos a primeira pessoa do plural




Estamos tão perto uns dos outros. Somos contemporâneos, podemos juntar-nos na mesma frase, conjugarmo-nos no mesmo verbo e, no entanto, carregamos um invisível que nos afasta. Ouvimos os vizinhos de cima a arrastarem cadeiras, a atravessarem o corredor com sapatos de salto alto, a sua roupa molhada pinga sobre a nossa roupa a secar; ouvimos a voz dos vizinhos de baixo, dão gargalhadas, a nossa roupa molhada pinga sobre a roupa deles a secar; cheiramos as torradas dos vizinhos do lado, ouvimo-los a chamar o elevador e, no entanto, o nosso maior problema não é apenas não nos reconhecermos na rua. O nosso problema grande é estarmos convencidos que os problemas deles não nos dizem respeito. A nossa tragédia é acharmos que não temos nada a ver com isso.

Há três ou quatro anos, caminhava com um conhecido no aeroporto. De repente, ouviu-se um estalido. Ele agarrou-se ao peito com as duas mãos, caiu de joelhos e, pálido, esperou por morrer. Não morreu. Tinha-lhe rebentado um isqueiro no bolso da camisa. Aliviado, encostado a um balcão, a beber um copo de água, explicou que esse ardor repentino e esse susto pareceram-lhe um ataque cardíaco. Nunca tinha tido um ataque cardíaco antes, por isso confiou em descrições vagas, a que nunca tinha realmente prestado muita atenção.

Há alguns anos também, talvez um pouco mais do que três ou quatro, tinha acabado de participar num jantar cordial, reconfortante. Toda a gente estava bem disposta, à porta dos anfitriões, longa despedida, graças, à espera de táxi. De repente, tocou o telefone de um senhor com quem tinha estado a conversar durante todo o serão. Ninguém reparou nesse telefonema até ao momento em que o senhor começou a chorar convulsivamente. Ficámos todos a olhar sem saber como chegar até ele. Tínhamos braços, estendíamo-los na sua direcção, mas continuavam distantes.

Irritamo-nos com a existência uns dos outros. Fazemos sinais de luzes àquele homem com setenta anos, num carro dos anos setenta, que anda a setenta quilómetros por hora na auto-estrada. Contrariados, esperamos por aquela pessoa que atravessa a passadeira, enchemos as bochechas de ar e sopramos. Impacientes, batemos no volante. Daí a minutos, depois de estacionarmos o carro, somos essa pessoa a atravessar a passadeira. Da mesma maneira, daqui a algum tempo, não muito, seremos esse homem com setenta, dos setenta, a setenta. O tempo passa. Se deitarmos lixo para o chão, alguém o apanhará.

Um amigo que teve um AVC, que passou por uma reabilitação profunda, que enfrentou a morte e a paralisia, depois de anos de fisioterapia, depois de esforço gigante e sofrimento gigante, falou-me da forma como esse susto muda tudo. Passa-se a apreciar aquilo que realmente importa. A imensa maioria das preocupações transformam-se em luxos ridículos, desprezíveis, alimentados pela cegueira. Após essa experiência de quase morte, ganha-se uma nitidez invulgar, que, no entanto, esteve sempre lá. Para percebê-la, bastava levar a sério a promessa de transitoriedade de tudo e, também, levar a sério essa palavra, esse planeta: o amor. Ao ouvi-lo, fui capaz de entender aquilo que dizia. Depois, também fui capaz de entender quando me disse: mas, sabes, ao fim de algum tempo, esquecemo-nos, voltamos a tomar tudo por garantido e voltamos a cometer os mesmos erros.

Repito para mim próprio: estamos tão perto uns dos outros. Não há nenhum motivo para acreditarmos que ganhamos se os outros perderem. Os outros não são outros porque levam muito daquilo que nos pertence e que só pode existir sendo levado por eles. Eles definem-nos tanto quanto nós os definimos a eles. Eles são nós. Eles somos nós. Se tivermos essa consciência, podemos usar todo o seu tamanho. Mesmo que pudéssemos existir sozinhos, de olhos fechados, com os ouvidos tapados, seríamos já bastante grandes, mas existe algo muito maior do que nós. Fazemos parte dessa imensidão. Somos essa imensidão que, vista daqui, parece infinita.

José Luís Peixoto

O Casamento



Desenha-me uma árvore, desenha-me o sol, um sol a sorrir, com sobrancelhas e nariz, desenha-me nuvens com cerejas penduradas.

Desenha-me uma vaca. Ou um gato. Ou um elefante, já agora. Uma casa com um quintal. Isso: desenha-me uma casa com um quintal e nós dois à janela. Conta-me uma história. Não te vás embora ainda, conta-me uma história que acabe bem, com pessoas felizes para sempre. Mente-me. Faz o favor de me mentires desde que sejam mentiras que eu goste. Dá-me uma colher de compota, ervilhas com ovos escalfados, um beijinho na testa. Não custa muito, um beijinho na testa, de modo que a marca do baton fique na pele. Depois diz-me

- Podes ir

e eu vou, não me arrasto por aqui a maçar-te, prometo, a ler o jornal, a ocupar espaço, a encher tudo de fumo, a deixar cinza no chão. Aprendi a perceber quando as coisas acabam e, depois de onze anos de casados, é assim tanto pedir-te que desenhes uma árvore? Não te incomodes com o papel, qualquer papel serve, nem vale a pena procurares uma caneta, usa o lápis dos olhos, aquele com que, ao princípio, me sujavas o colarinho. Até nem me rala que ponhas a árvore, ou o sol, ou as nuvens no colarinho, se me perguntarem explico

- Foi a minha ex-mulher

e as pessoas compreendem. Não faças essa cara, compreendem, por que carga de água não haviam de compreender?

Não comentam
- Olha aquele com uma vaca na camisa
aprovam. Não acreditas em mim?

O problema é que nunca acreditaste em mim, a mesma conversa desde o princípio
- És maluco

e se calhar sou maluco, sei lá, que diferença faz se acabou? E uma vaca na camisa, o que tem? Quem diz vaca diz elefante, e vaca ou elefante o que tem? O mais natural é que nem reparem, conforme não repararam na falta de aliança no meu dedo. Pode ser que uma colega

- A tua aliança?

eu
- Perdi-a

ela
- Perdes tudo
e a voltar ao microscópio, desinteressada. Em todo o caso
- Perdes tudo
injusto, às vezes esqueço-me do guarda-chuva, como toda a gente, mas
- Perdes tudo
um exagero. Um exagero e uma mentira.

Perdi-te a ti e chega. Se me contares uma história que acabe bem, e acho que não custa contares uma história que acabe bem, ajuda. Não te levantes, por favor, espera um bocadinho que eu já saio, tenho a mala à porta, é só pegar nela, meter-me no carro e não tornas a pôr-me a vista em cima. Nem olho para as janelas, garanto, à procura de uma cara que não vai aparecer nos caixilhos, de uma mãozinha que não vai acenar, com esse verniz de unhas que me excita.

Desculpa confessar isto, que aliás neste momento não tem importância, mas excita-me, não leves a mal. Há outras partes tuas que me excitam, por exemplo aqui, não te zangues que não é uma carícia, é uma explicação, por exemplo aqui também e não vale a pena sacudires-me, sei perfeitamente que não sou desejado. Recordas-te de quando eu te lambia a orelha e tu

- Faz-me cócegas

mas sem tirares a orelha, a apertares-me a perna com mais força ainda? Consentes que te lamba uma última vez, uma vez pequenina, lambo e tiro logo, nem me sentes? Assim ao de leve, olha, a concha do ouvido, o lóbulo, o pescoço neste sítio, onde o cabelo tem caracolinhos pequeninos, lá estás tu a fechar os olhos e a respirar mais depressa, lá estão os teus ombros a tremerem. Tão bom quando os teus ombros tremem, quando te lamentas

- Estou toda arrepiada

e giras a cabeça, isso, para que te acaricie a nuca, desça um bocadinho ao longo do pescoço, te passeie no ombro devagar, estás a ver, toque ao de leve com a ponta do indicador, na ponta do peito que começa a ficar duro, que cresce, qual a razão da ponta do peito crescer, dos joelhos

- Não pares

começarem a afastar-se, da minha palma subir pelo interior da perna até este sítio, onde tudo mais tenro, mais dócil, mais suave, volta-te para este lado, desenha-me a tal árvore no peito, com a boca, vai descendo, se quiseres, que eu não levo a mal, não há motivo para levar-te a mal, que bom pegar no teu cabelo e guiar-te a cabeça, eu puxo o fecho éclair, não te incomodes, eu desaperto o cinto, o raio da fivela há-de obedecer, chamame maluco, chama-me doido, chamame fofinho, não pares, por amor de Deus não pares, mais depressa, assim, não mordas que aleija, quantas vezes é preciso dizer que aleija, raios te partam, vamos lá a fazer isso com jeitinho, como deve ser, vamos lá a fazer isso como uma maluca, uma doida, uma fofinha, ai tão lindo, estamos quase no fim, que árvore tão bem desenhada, que nuvem com cerejas penduradas, que gato, que elefante, que história bonita com pessoas felizes para sempre que me estás a contar, aguenta um segundo que tenho de ir à cozinha beber água e já volto, vou num pé e venho no outro, nem dás por isso, depois pões-me outra vez a aliança no dedo, a aliança pode esperar, o que interessa agora, que se lixe a aliança, mesmo sem aliança sou teu marido, tens aqui um sinal esquisito, umas rugas, de expressão uma ova, umas rugas, não te zangues se te confessar que envelheces sem graça, pede uma piza pelo telefone que o fogão não é o teu forte, há onze anos que engulo o que me dás sem um protesto, comemos uma piza, depois sentamo-nos no sofá, depois tu vês televisão e eu aborreço-me, depois tiras a minha roupa da mala e guardas tudo, como deve ser, nas gavetas, depois, antes de te deitares, não laves os dentes com a minha escova que detesto o teu hálito, e sobretudo pára imediatamente de me desenhares vacas na camisa com o lápis dos olhos, vão pensar que me passei dos carretos e fica sabendo que a palavra maluco, a partir de agora, desapareceu desta casa.


António Lobo Antunes