domingo, 21 de agosto de 2016

Desporto de Alta Competição


Francês Yohann Diniz desmaia durante a marcha atlética de 50km 



Nunca fui competitiva.
Embora, profissionalmente fosse muito valorizado e por vezes exigido nos anúncios de emprego, eu aprendi a contornar isso nas entrevistas de Recursos Humanos.
E por isso, desde cedo sempre soube que estava no caminho errado.
O resultado disso, foi atingir o ponto de saturação da forma mais radical e dolorosa aos 35 anos.

Na minha infância, a minha mãe usava muito a comparação para que eu fizesse as coisas como ela queria. Comparava-me com a minha prima, com as colegas da escola, com as filhas das amigas...todas elas, aos olhos da minha mãe, eram melhores do que eu...
Mas, como nunca fui competitiva, isso nunca resultou para me fazer progredir e evoluir, muito pelo contrário.

O que me fez, desde cedo, correr atrás do impossível sempre foi o Sonhar!
Sempre sonhei mais acordada, do que a dormir.
E não com coisas materiais, mas com emoções, com sentimentos, com experiências.
E isso é que me faz levantar após cair, as vezes que forem necessárias.

E, talvez por não ser nada competitiva, nunca gostei de desporto.
Aquela coisa de, para um ganhar outro ter de perder, é logo desmotivante à partida.
Depois, o não olhar a meios para atingir os fins...como por exemplo, levar o corpo ao limite, sobrecarregar o organismo com suplementos químicos, o uso de drogas para aumentar as performances, etc...tudo para ser o melhor, para bater recordes, para ganhar medalhas, para ser herói, para ficar na história.
Já para não falar das máfias envolvidas, porque o desporto gera milhões.
Assim como, para organizar um evento desportivo internacional, gastam-se milhões em infraestruturas que no futuro não vão ser usadas, em países com graves lacunas nas áreas da Saúde, Educação, Cultura e condições de Trabalho.

Este ano, pela primeira vez, estou a conviver de perto com esta coisa dos gregos, que se chama Jogos Olímpicos.
Em que, logo à partida se divide o planeta entre os mais fortes e os mais fracos, consoante o número de medalhas que se ganha. Se bem, que em algumas modalidades, para os que se acham superiores, perder custe bastante a engolir...principalmente se perderem com os pobretanas do Quénia ou da Etiópia...
Esta competição entre os países, seja no Desporto, na Política, na Economia...seja no que for...não me agrada minimamente.

E pela primeira vez, ouvi alguns atletas de alta competição a falar sobre o que os motiva a viver a sua vida em função de ganhar uma medalha.
Até desfalecer e cair para o lado...
Vejo a infelicidade, a desolação, o perder a razão de viver quando o tempo passa sem ganhar medalhas, o Medo do Fracasso, das críticas, da não aceitação...
Muita Auto-Exigência, Perfeccionismo, Auto-Repressão, Obsessão, Condicionalismos, Abnegação, Limitações, necessidade de Glória e de ser Herói Nacional, Medo, Apego, Culpa...
Tanta falta de Liberdade de Ser, de Viver, de Estar.
Tanta falta de Amor Próprio, de Auto-Compaixão, de Tranquilidade Interna.
A punição por falhar, por ter de melhorar tempos, ter de passar por mais testes, mais provas.
Vivem numa constante Exigência de ser melhor, e melhor, e melhor...
Mas, apenas para o Exterior...enquanto que o interior, cada vez fica mais e mais perdido...
Até chegarem ao ponto de, se refugiarem nas drogas e no álcool, por não conseguirem medalhas e por não terem estrutura emocional para lidarem com críticas negativas.

E depois, o sexo fácil que tanto os atrai e, do qual têm tanta necessidade para libertarem o stress.
Não tinha noção, da importância e da enorme presença do Sexo curto e libertador, presente neste tipo de competições internacionais.
É algo que está sempre presente nas suas conversas, todos os dias.

Eu acho que melhorar tem tudo de bom!
Ser melhor Pessoa, melhorar a nossa Auto-Estima, o nosso Amor-Próprio, melhorar a nossa visão do mundo e de tudo o que nos rodeia, melhorar a nossa consciência do que somos e do que estamos aqui a fazer, melhorar a nossa inteligência emocional e a forma como lidamos com os outros e as suas diferenças, mudar a forma como lidamos com as nossas perdas e com o nosso passado.
Tudo isto são mudanças, que requerem uma dedicação olímpica!

Eu acho que devemos congratular-nos pelas mudanças, e não exigir mudanças…
Curar as nossas feridas, sem culpa, sem medo de as encarar de frente.
Sem mudar por imposição, ou por cobrança dos outros e da sociedade.
Ou por necessidade de provar alguma coisa a alguém, ou ao País.
Ou pela exigência de ser algo que idealizamos.
Ou por necessidade de aplausos, de pódios, de holofotes, de ser o melhor em relação aos outros.

Exigir menos, e VIVER mais!
Com mais tranquilidade, com outra responsabilidade interior e com os outros.

Não quero, de forma alguma, tirar o mérito aos atletas de alta competição.
Muito pelo contrário.
Vivem em função daquilo para ali estarem.
Se são felizes assim, deixá-los viver como escolheram viver.
Mas, pagar 1500 euros para ir a uma abertura dos Jogos Olímpicos, não faz parte da minha Lista de Coisas a Fazer Antes de Morrer!

Imaginem o que os ET's, ao ver este "circo" todo lá de cima, estarão a pensar...
Por isso é que eles nem dão as caras por aqui...ahahahah
Somos mesmo um Planeta pouco evoluído!!!



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