quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Quem foram os eunucos?



Eunuco da Dinastia Qing

Eunucos eram homens castrados, 
que lhes foram removidos os testículos
normalmente para servir a realeza feminina. 


Os primeiros registos de eunucos são do século  XXI a.C. da Suméria, cidade de Lagash - e, ao que tudo indica, a prática sobreviveu até meados do século XX!
Na Índia são conhecidos como hijras.

Eunuco é um homem cujos testículos foram removidos por orquidectomia, ou são congenitamente não-funcionais. A remoção de toda a genitália externa masculina é denominada por emasculação. Excepcionalmente praticada, a penectomia (também conhecida como falectomia) é a retirada apenas do pénis.

A origem do nome ajuda a explicar o porquê dessa prática violenta: na sua origem grega, o termo eunoukhos pode ser traduzido como "guardião da cama". 
No Oriente Médio e na China, os eunucos foram usados como guardas ou serviçais dos haréns onde ficavam as esposas e concubinas reais. 

Muitos deles perdiam o bilau depois de se tornarem prisioneiros de guerra, mas na China muitos homens pobres submetiam-se voluntariamente à castração para terem a possibilidade de viver nos palácios da nobreza.

Na Grécia antiga, a prática era usada como pena para impedir a reincidência em casos de estupro ou adultério, embora os gregos também costumassem castrar serviçais domésticos para torná-los mais dóceis e inofensivos.

Uma coisa é certa: a principal finalidade da castração era tornar os eunucos sexualmente impotentes. Mas muitos que tinham só os testículos arrancados ainda eram capazes de ter erecções.
Para isso, era preciso que a cirurgia ocorresse depois da puberdade.
"A partir dessa idade, a testosterona, hormona que regula o apetite sexual e tem papel fundamental na erecção, passa a ser produzida também pelas glândulas supra-renais. Elas fabricam entre 2% e 3% da hormona.
Parece pouco, mas muitas vezes o nível da hormona era suficiente para um eunuco sustentar uma erecção", afirma o urologista Jorge Hallak.

Alguns não tinham tanta sorte.
Era o caso dos castrati, cantores que a partir do século XVI faziam papéis femininos nas óperas italianas. Como eles tinham os seus testículos retirados entre os 8 e 10 anos de idade - a ideia era impedir que a voz engrossasse -, os castrati ficavam impossibilitados de ter qualquer erecção.


Os Eunucos existiram em vários países e seitas religiosas até ao século XX

IMPÉRIO ASSÍRIO

As primeiras menções aos eunucos ocorrem no Império Assírio, que ocupou parte do Iraque e da Turquia do século XIV a.C. até o século VI a.C. Alguns eunucos viraram altos funcionários imperiais - acreditava-se que eles eram menos corruptos porque não tinham descendentes para deixar heranças.

IMPÉRIO CHINÊS

Desde o século XII a.C., os eunucos serviam como assessores políticos dos imperadores chineses e serviçais das esposas e concubinas imperiais. A prática durou milénios e só foi extinta no país após a Revolução Republicana (1911-1912), que derrubou a monarquia.

IMPÉRIO ROMANO

No séc. I, os imperadores romanos empregaram eunucos como conselheiros da corte e funcionários estatais. A prática foi interrompida no ano 81 com uma lei do imperador Domiciano. Mas os eunucos ganharam sobrevida nos séculos seguintes no Império Romano do Oriente, na Ásia Menor

EUROPA

Cantores de ópera castrados, conhecidos como castrati, começaram a ser empregados no séc XVI, quando as mulheres foram proibidas de cantar nos corais da Igreja. A castração de rapazes para servir como cantores foi abolida pelo papa Leão XIII em 1878.

IMPÉRIO OTOMANO

Nesse Império, que dominou a Turquia de meados do séc XIV a 1922, os eunucos eram empregados nos palácios e na residência de qualquer pessoa que pudesse pagar por eles. A partir do séc XVI, os haréns da corte otomana eram guardados por eunucos negros, trazidos como escravos da Etiópia e do Sudão.

SEITAS RELIGIOSAS

No séc III, a seita dos Valesii, que floresceu no território da Jordânia, castrava os seus integrantes como forma de servir a Deus. A mesma coisa acontecia na seita cristã Skoptzy, que se espalhou por regiões da Rússia e Roménia, entre os séc XVIII e XX.



Eunucos na actualidade

Eunuco é sinónimo de transexual. 
Deve ser ressaltado o facto de, ser Eunuco não ser característica determinante da orientação sexual, e não está associada ou é dependente da orientação sexual mas pode ser sinónimo de transexual ou mesmo dos actuais travestis, visto que ambos os casos poderem ser devidos a:
Factores congénitos: deficiências nas rotas metabólicas dos esteróides, ou alterações hipofisárias ou supra-hipofisárias.
Factores adquiridos: castração, uso de bloqueadores da testosterona.
Apresentando assim eunucoidismo.
O uso exógeno de hormonas femininas e a conformação do corpo adquirida por adições de substâncias apropriadas nas clínicas de medicina estética, podem dar a aparência eunucóide realizando assim a castração química.

Há transexuais em muitos países do mundo, embora poucos se submetam à Cirurgia de redesignação sexual (CRS), preferindo viver como um terceiro sexo.
A cirurgia para troca de sexo de indivíduos masculinos consta de emasculação e construção de neovagina perineal. O país que mais realiza esta cirurgia em clínicas especializadas devido a legislação permissiva é a Tailândia.

Na índia, uma hijra (como são conhecidos os transexuais indianos) chamada Shabnam Mausi (literalmente: "tia Shabnam") fez história por se tornar a primeira hijra a ser eleita para a assembleia legislativa nacional (aos eunucos indianos só foi permitido direito de voto em 1994).
No novo milénio várias hijras ganharam destaque no estado de Madhya Pradesh.
Cinco delas, incluindo Shabnam, baptizadas como 'paanch Pandavas' (cinco Pandavas), foram eleitas para vários quadros públicos.
Kamla Jaan tornou-se presidente de Katni, enquanto Meenabai se tornou a presidente da câmara do município de Sehora, a mais antiga entidade cívica do país.

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