domingo, 30 de junho de 2013

Dakar Desert Challenge 2013... a grande aventura africana continua!



Um dos sonhos da minha vida!!!!
Será que é este ano?
Isto é que era entrar nos meus 40 anos em beleza!
A fazer o que mais gosto e a realizar um grande sonho!
Que mais se pode querer?????

Obrigada Diogo Guerra da Silva!
No ano passado não consegui...espero fazer-te companhia este ano!!!!!!

LA NOCHE OSCURA DEL ALMA


Cuando al principio yo me establecí en mi camino de despertar, sentí como si todo mi mundo estaba cayendo. Muchas de las cosas a las cuales había dedicado mi tiempo, atención, y energía repentinamente se volvieron insignificantes. Puede ser muy sorprendente e inquietante descubrir que los valores por los cuales viviste ya no parecen reales. Ya no encontré la misma satisfacción o comunicación con los amigos con los que acostumbraba a pasar el tiempo. Me pregunté porqué yo estaba haciendo la clase de trabajo que hacía. Las ocupaciones sociales que antiguamente me habían traído placer ya no eran eso para mi. Sentí que la mayoría de las metas que había dibujado ya no eran dignas de mi atención. Todo mi sentido de propósito había cambiado. Tuve un breve sabor de algo más y mejor, pero no sabía como hacerlo un elemento duradero en mi vida. Me sentí perdido a veces incluso como si estuviera volviéndome loco. Fue una oscura noche del alma.
-
Si estás pasando a través de tal noche, o incluso lo has hecho, consuélate en saber que tal vacío es una muy importante, útil y necesaria parte del viaje. Cuando siembras un jardín, la tierra tiene que ser labrada, revuelta, y alisada antes de que las nuevas semillas puedan crecer; de otra manera las viejas malezas sobrepasarán el almácigo. De la misma manera, antes que una nueva y brillante construcción pueda ser levantada, la vieja, malgastada e inútil estructura tiene que ser despejada. Tenemos que hacer espacio para que algo nuevo y mejor entre en nuestras vidas. Mientras puede parece que estamos fuera de control o sujetos a fuerzas más grandes que nosotros mismos, es importante recordar que hay sabiduría en los acontecimientos que atraemos hacia nosotros".

Alan Cohen
in, "Ouse ser você mesmo"

Emocionada...
Em Agosto de 2008 comecei a ter noites destas...foi um despertar lento...
E em 2009 começou a ficar bastante intenso...até que a 18 de Novembro entrei no meu limite.
Nada fazia sentido!
As pessoas que me rodeavam, casa, carro, emprego que odiava, namorado pela metade...tudo isto foi fundamental para culminar nesse dia...
Dia de muita coragem...mandei tudo ao ar!
Sabia os riscos que corria...
Anos difíceis se seguiram....não podia ter corrido pior!
E tal como a fénix, peguei fogo a mim mesma, à Susana com que já não me identificava mais, para dar lugar a uma NOVA SU
Hoje, é como se tivesse nascido de novo!
Já nem reconheço essa Velha Susana, a que viveu neste corpo até aos 35 anos.

É engraçado...
Uma vez em Marrocos, uma cigana leu-me a mão e disse-me que eu já devia estar morta...que a Linha da Vida já estava cortada...na altura não entendi...
Não podia estar mais certa!
A minha vida está toda ao contrário...primeiro nasceu a Velha Susana, morreu, e aos 40 anos está a nascer a Nova Susana.
Típico de Capricórnio...

Tanto me foi mostrado...
Tanto me foi dado a experimentar...
Que é impossível ser a mesma...
Uma morreu...
Outra nasceu!

.....ser como a água


Se alguém lhe bloquear a porta, não gaste energia com o confronto, procure as janelas.
Lembre-se da sabedoria da água:
"...a água nunca discute com seu obstáculos, mas os contorna."
Quando alguém o ofender ou o frustrar, você é a água e a pessoa que o feriu é o obstáculo! Contorne-o sem discutir.
"Quem te faz chorar, não te merece"
Aprenda a amar sem esperar muito dos outros."

Excerto de entrevista a Bruce Lee:
Você poderia olhar directamente para a camera e explicar o princípio do copo d’água e como se aplica ao Kung Fu?

BRUCE LEE: Bem, Kung Fu. O melhor exemplo é um copo d’água.
Por quê?
Porque a água é a substância mais flexível do mundo, mas pode penetrar na rocha mais dura ou qualquer coisa; granito, você decide. A água é insubstancial. Com isso quero dizer que você não pode segurá-la, você não pode bater ou machucá-la. Então todo lutador de Kung Fu está tentando fazer isso, ser suave como a água e flexível, e se adaptar ao oponente.

“Esvazie sua mente, seja amorfo, sem forma, como a água. Agora você coloca a água num copo, ela se torna o copo. Você coloca a água numa garrafa, ela se torna uma garrafa. Você coloca numa chaleira, ela se torna uma chaleira. Agora a água pode fluir, ou pode destruir… Seja água, meu amigo”… Assim, entende?

“Seja como a água que abre caminho através das pedras: não se oponha ao obstáculo; contorne-o!”

BRUCE LEE

sábado, 29 de junho de 2013

Cinema Paradiso


Alfredo: Living here day by day, you think it's the center of the world. You believe nothing will ever change. Then you leave: a year, two years. When you come back, everything's changed. The thread's broken. What you came to find isn't there. What was yours is gone. You have to go away for a long time... many years... before you can come back and find your people. The land where you were born. But now, no. It's not possible. Right now you're blinder than I am.

Salvatore: Who said that? Gary Cooper? James Stewart? Henry Fonda? Eh?

Alfredo: No, Toto. Nobody said it. This time it's all me. Life isn't like in the movies. Life... is much harder.

Cinema Paradiso

Na cama com o melhor amigo do marido


Estava eu, no meu momento orgásmico do dia (comprei uma Bola de Berlim com creme…daquelas com açúcar em pó, tirei as meias e os saltos altos, e fui lambê-la toda à beira mar) e passam duas línguas maldizentes…só ouvi a parte de que a amiga de uma delas tinha sido apanhada na cama com o melhor amigo do marido.
Pareceu-me um cliché de infidelidade…

A tentação está sempre a um palmo da nossa cara, e não é só no frigorífico.
Está a menos de um metro com um colega que trabalha connosco, com um amigo em quem nunca tínhamos reparado, com o PT do nosso ginásio, com o rapaz simpático da secção de CD’s da Fnac, com o médico que nos trata da saúde…
Às vezes basta um sorriso, um suspiro, um gesto, um apanhar de alguma coisa que caiu ao chão, um mail que sempre terminou com um “atentamente” e, de um dia para o outro, lá acaba com um “Beijinho”.
Pode não ser nada ou o início de uma tórrida amizade.
A tentação passou a estar ao virar da esquina, porque percebemos que não há muito a perder.
Acaba-se e começa-se de novo, portanto porque não tentar ou deixarmo-nos tentar?

A minha dúvida é:
Como se gere uma vida assim?
Segurar as pontas da relação estável e marcar jantares e saídas com outros/as?
Como se vive assim?

É verdade que, não conhecendo mulheres apanhadas na cama com o melhor amigo do marido, conheço sobretudo homens que fazem esta vida dupla de tentações.
Gente que tem uma (aparente) vida boa de casado, mas que a “equilibra” com aventuras curtas de tardes de hotel e, no extremo, uma viagem de fim-de-semana.
Ser apanhado é o motor de adrenalina.
Normalmente, estas pessoas arriscam a vida que têm como garantida, e essa sensação dá-lhes uma força maior.
Não vamos armar-nos em púdicos ou conservadores (até porque os maiores traidores são os mais caretas e mais conservadores…).
Todos gostamos da atenção dos de fora, sobretudo quando, por rotina, a que vem de casa começa a ser mais do mesmo.
E de repente, lá estamos nós a valorizar uma pergunta de cuidado ou um elogio ao ego.
Eu gosto, vocês não?
Perguntava-me um Amigo (com quem falo de tudo, mesmo tudo!!!) se a curiosidade não é o início do flirt.
Quando temos sede de perguntas é porque algo já despertou essa torrente. Pensando que as perguntas raramente se esgotam (enquanto mantemos a chama), onde é que isto vai acabar depois?
A mulher apanhada com a boca na botija (do melhor amigo do marido), provavelmente foi saciar a curiosidade . Ele, o amigalhaço, tratava-a sempre tão bem. E um dia, um dia como os outros, foi um braço atravessado nas costas dela que a fez sentir tão bem, tão aconchegada.
Do braço ao abraço foi um instante.

Na parte que me toca, homens casados, não muito obrigada!
Não me presto a esse papel!
Muito menos trair...amigos, família, namorados...
Mas entendo que haja pessoas que tenham essa necessidade.

"Os jardins ao abandono ficam secos e neles cresce todo o tipo de ervas daninhas (por sinal, com muito viço).
Nas relações acontece o mesmo: não crescendo o amor, crescem sentimentos menos bons que dão lugar a muitas desconfianças, dúvidas, dependência, insegurança, possessão, falta de auto-estima e medo de perda. E isto nada tem de amor…e tudo tem de doentio e falta de coragem e de iniciativa.
Todos têm o direito de procurar uma felicidade qualquer, mesmo que pareça uma miragem.
Os filhos fazem ficar muitos em relações longas e cansativas, quando muitas vezes os filhos seriam muito mais felizes com os pais separados, e ambos a tentarem uma nova sorte."

Quanto a mim, lá estava eu a lamber as bolas, e a pensar:
Aos poucos e poucos fui-me libertando de estigmas e hoje não julgo nem condeno ninguém.
Cada um é livre de fazer as suas próprias escolhas.
E aguentar à bomboca com as consequências.

Por isso, minhas lindas, independência acima de tudo!
Para que nada nem ninguém vos faça reféns!
O Amor só é Verdadeiro quando não há dependência nem qualquer tipo de interesse subjacente.
Só assim o amor cresce e vale por si só!!!!
Só assim o Amor é Eterno, seja por um dia, um mês, um ano ou para o resto da vida!

p.s.- Quanto às Bolas de Berlim...de vez em quando cometo os meus pecados...e por isso me sabem tão bem. Já dizia o Mário Cesariny:
"Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício, e cair verticalmente no vício!"





sexta-feira, 28 de junho de 2013

.......your naked body



"Your naked body should belong only to those who fall in love with your naked soul." 

~ Charlie Chaplin 
in, a letter to his daughter, Geraldine.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Participar...o Pertenecer?


"Participar de la existencia de la persona amada no es "pertenecer" a ella. 
La pertenencia a algo o alguien es someterse, acatar, subordinarse. 
En el amor sano nadie es dueño de nadie, nadie toma posesión, el todo no atrapa nunca la parte. 
Por eso no de apropies de mí , no me adquieras como un producto, simplemente disfrútame; disfrutémonos. 
Ese es el amor de a dos: participo de ti, pero no te pertenezco"


Walter Riso

Se há ciúme, não há amor


O ciúme é uma parte secundária do sexo. Sempre que você tem um desejo sexual em sua mente, uma manifestação sexual em seu ser, ou se sente sexualmente atraído por alguém, o ciúme entra em cena porque você não está amando. Se você ama, o ciúme não aparece.

Tente entender a coisa toda. Sempre que você está ligado sexualmente, fica com medo, pois, na verdade, o sexo não é um relacionamento, e, sim, uma exploração, uma utilização.

Se você está apegado a uma mulher ou a um homem sexualmente, fica sempre com medo de que essa pessoa possa ir embora com outra. Não há um relacionamento real. É apenas uma exploração mútua. Vocês estão explorando um ao outro, mas não amam, e vocês sabem disso, por isso têm medo.

Esse medo torna-se ciúme, e você começa a não permitir certas coisas. Começa a vigiar. Toma todas as medidas de segurança para que o homem não possa olhar para outra mulher. Só o olhar já é um sinal de perigo. O homem não deve falar com outra mulher, pois falar... E você sente medo de que ele possa ir embora.

Então, você fecha todos os caminhos, todas as possibilidades de o homem ir com outra mulher, ou de a mulher ir com outro homem. Você fecha todos os caminhos, todas as portas. Mas aí surge um problema. Quando todas as portas são fechadas, o homem torna-se morto, a mulher torna-se morta, ambos tornam- se prisioneiros, escravos, e não se pode amar algo morto.

Você não pode amar alguém que não é livre, pois o amor só é belo quando é dado livremente, voluntariamente, quando não é tomado, pedido, forçado.

Osho,
em "Roots and Wings"

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Antes do Anoitecer




Antes do Anoitecer (Before Night Falls)
2000

Direcção: Julian Schnabel

Johnny Depp - Bon Bon / Tenente Victoria Ripanti



Após ser educado com a Revolução Cubana e premiado nacionalmente por seu trabalho, o escritor Reynaldo Arenas termina sendo preso e, posteriormente, exilado de seu país-natal.
Conheça a vida de Reynaldo Arenas, desde sua infância pobre até seu exílio em Nova York, passando pelo horror e preconceito sofrido ainda em Cuba, pelo facto de ser homossexual.

CUAL ES LA MISION DE LA MUJER?


-¿CUAL ES LA MISION DE LA MUJER?
-ENSEñAR AL HOMBRE A AMAR.

Cuando aprendan, tendrán otra manera de comportarse con la mujer y con la madre tierra.
Debemos ver nuestro cuerpo como sagrado y saber que el sexo es un acto sagrado, esa es la manera de que sea dulce y nos llene de sentido.
La vida llega a través de ese acto de amor.
Si banalizas eso, ¿qué te queda?
Devolverle el poder sagrado a la sexualidad cambia nuestra actitud ante la vida.
Cuando la mente se une al corazón todo es posible.

Extracto de la entrevista a la abuela Margarita

As bruxas não se queixam


Fomos reinventando-nos em cada etapa da vida.
Agora, nesta fase de mudança, acredito que chegou o momento de resgatar e redefinir o termo “anciã” entre as inúmeras palavras depreciativas que se utilizam para denominar as mulheres
maduras, e conseguir que a acção de a converter em “bruxa” seja uma suprema conquista interior característica da terceira fase da vida.

Converter-se numa anciã tem a ver com o desenvolvimento interior, e não com a aparência externa. Uma anciã é uma mulher que possui sabedoria, compaixão, humor, coragem e vitalidade.
É consciente de si mesma, sabe expressar o que sabe e o que sente, e empreender uma determinada acção quando é necessário.

As qualidades da anciã não se adquirem da noite para o dia. Uma pessoa não se converte numa anciã automaticamente depois da menopausa, da mesma forma que não se torna mais sábia só porque envelheceu. Sem dúvida que muito antes da menopausa começamos a crescer psicológica e espiritualmente.

Jean Shinoda Bolen, no seu livro "As Bruxas não se queixam" que estou a ler agora, fala dos 13 atributos de uma Bruxa, os atributos intangíveis que têm a ver com a Alma, que são característicos das mulheres experientes e sábias.

Ao cultivar estes atributos, o terceiro estágio da vida advém de uma época em que culminam a beleza interior e a sabedoria.
Em que os melhores anos da vida se converteram numa época especialmente fecunda para podermos disfrutar de quem somos, do que temos e do que fazemos.
É uma época em que a sabedoria nos incita a empregar bem o nosso tempo, a nossa energia e a nossa vitalidade.
É uma oportunidade para disfrutar de um maior número de possibilidades, para experimentar diferentes relacionamentos e para desenvolver talentos e interesses.
Pode ser uma época para jogar e expressar os sentimentos, ou uma época de criatividade e sensualidade, ou uma época para a meditação e terapia, ou uma época para a família ou, ao contrário, uma época para deixar a nossa marca no mundo.

As bruxas possuem a capacidade de alterar as coisas. 
Aquilo que dizemos e fazemos pode mudar um modelo familiar disfuncional.
Com o nosso conselho podemos incentivar ou proporcionar que outras pessoas cresçam e floresçam. Podemos ser uma influência curativa determinante.
Inclusive podemos criar um efeito de onda a longo prazo nas gerações vindouras, nas instituições e nas comunidades.
Com visão e intenção, e dada a sua presença numerosa e influente, as bruxas, todas juntas, podem mudar o mundo.

A vida inteira é o material com que todas temos de trabalhar. 
Até que este período não esteja concluído, todas seguimos estando “em processo”, envolvidas numa história inacabada. 
O que fazemos com a nossa vida é uma grande e magnifica obra de criatividade pessoal. 
Se adoptarmos o ponto de vista de uma anciã, vemos-nos a nós mesmas e veremos os outros através da alma em vez do ego. 
Envelhecer bem é um objectivo que vale a pena desejar.

Esta presença sábia da psique irá amadurecer quando confiarmos na existência de uma bruxa no nosso interior e começarmos a escutá-la.
É então, no silêncio da nossa própria mente, quando devemos prestar atenção às suas percepções e intuições e actuar nesse sentido.

Os atributos da bruxa são as características pelas quais a anciã se destaca (como mulher ou como arquétipo):

1 - As bruxas não se queixam. Aceitam que o que foi, foi e não pode ser mudado e o que interessa é daqui para frente. Não quer dizer que não expressem dor, mas não se lamentam, não se veem nem agem como vítimas.
2 - As bruxas são atrevidas, tem coragem de experimentar o novo, a buscar o não vivido, o não conhecido.
3 - As bruxas têm mão para as plantas, concreta e metaforicamente. “Plantam, regam e acompanham o crescimento” de plantas, pessoas, projetos...
4 - As bruxas confiam nos pressentimentos, em sua intuição, honram sua sabedoria interna.
5 - As bruxas meditam à sua maneira, cultivam um centro interno de silêncio e escuta, de prece e reconexão com o Sagrado.
6 - As bruxas defendem com firmeza o que mais lhes importa, descobrem sua voz e tendem a tornar-se mais rebeldes e radicais com tudo que consideram errado no mundo.
7 - As bruxas decidem o seu caminho com o coração, mesmo que esse caminho seja difícil.
8 - As bruxas dizem a verdade com compaixão, mas dizem sempre a verdade, porque sabem que só a verdade cura e liberta.
9 - As bruxas ouvem o seu corpo, não o veem como um objeto a ser aperfeiçoado, mas como um instrumento de prazer e auto conhecimento.
10 - As bruxas improvisam, agem com espontaneidade, fluem com a vida.
11 - As bruxas não imploram, não fazem NADA com a finalidade de serem aceitas.
12 - As bruxas riem juntas, riem de si e com isso nutrem um profundo senso de irmandade, porque é um riso que expressa o triunfo do espírito e da alma sobre aquilo que poderia tê-las destruído ou as convertido em mulheres amargas .
13 - As bruxas saboreiam o positivo da vida, sabem ter gratidão pela beleza da vida, mesmo que mesclada de sofrimentos.

Bolen, analista junguiana americana, fala que é a primeira vez na história, que as mulheres chegam na idade do início do envelhecimento, desfrutando oportunidades sociais, culturais e económicas como nenhuma outra geração de mulheres teve antes. Isso nos permite “redefinir”o que é uma mulher mais madura ou velha por nós mesmas. Uma definição diferente da feita pela cultura patriarcal que sempre menosprezou as mulheres mais velhas e que, no fundo também as temeu.

Tornar-se uma “bruja” – e aí o termo tem tudo a ver com o arquétipo da Mulher Sábia – tem a ver com :
“…o desenvolvimento interior e não com aparência externa. 
Uma “bruja ou velha sábia”é uma mulher que possui sabedoria, compaixão, humor, valentia e vitalidade. 
É consciente de ser verdadeiramente ela mesma, sabe expressar o que sabe e o que sente e empreender uma acção determinada quando é necessário. 
Não tira os olhos da realidade, nem permite que sua mente se tolde. 
Pode ver os defeitos e as imperfeições dela mesma e dos demais, porém a luz com que os vê não é severa nem julgadora. 
Aprendeu a confiar em si mesma e no que sabe”. 

Isto não de consegue da noite para o dia, é um processo activo e intencional de autodesenvolvimento e que deve ser começado hoje, por isso é um livro que recomendo para as mulheres de todas as idades.
Como diz a Velha Sábia, é um potencial que precisa ser reconhecido e levado a prática para desenvolver-se. Essa presença sábia na psique amadurecerá quando confiarmos na existência de uma “bruja” em nosso interior e passarmos a escutá-la.

Respiramos naturaleza


Dependemos de la naturaleza no sólo para nuestra supervivencia física. También necesitamos a la naturaleza para que nos enseñe el camino a casa, el camino de salida de la prisión de nuestras mentes. 

Nos hemos perdido en el hacer, en el pensar, en el recordar, en el anticipar: estamos perdidos en un complejo laberinto, en un mundo de problemas. Hemos olvidado lo que las rocas, las plantas y los animales todavía saben. Nos hemos olvidado de ser: de ser nosotros mismos, de estar en silencio, de estar donde está la vida: Aquí y Ahora. Cuando diriges tu atención hacia algo natural, hacia algo que ha venido a la existencia sin la intervención humana, sales de la prisión del pensamiento conceptual y, en cierta medida, participas del estado de conexión con el Ser en el que todavía existe todo lo natural. Llevar tu atención a una piedra, a un árbol o a un animal no significa pensar en ellos, sino simplemente percibirlos, darte cuenta de ellos. Entonces se te transmite algo de su esencia, Puedes sentir lo aquietado que está y, sintiéndolo surge en ti esa misma quietud.

Sientes lo profundamente que descansa en el Ser, completamente unificado con lo que es y con dónde está. Al darte cuenta de ello, tú también entras en un lugar de profundo reposo dentro de ti mismo.

Cuando camines o descanses en la naturaleza, honra ese reino permaneciendo allí plenamente. Serénate. Mira. Escucha. Observa cómo cada planta y animal son completamente ellos mismos. A diferencia de los humanos, no están divididos en dos. Ni viven a través de imágenes mentales de sí mismos, por eso no tienen que preocuparse de proteger y potenciar esas imágenes. El ciervo es él mismo. El narciso es él mismo.

Todas las cosas naturales, además de estar unificadas consigo mismas, están unificadas con la totalidad. No se han apartado del entramado de la totalidad reclamando una existencia separada; «yo» y el resto del universo. 

La contemplación de la naturaleza puede liberarte del «yo», el gran creador de conflictos. Percibe los múltiples sonidos sutiles de la naturaleza: el susurro de las hojas al viento, la caída de las gotas de lluvia, el zumbido de un insecto, la primera canción del pájaro al amanecer. Entrégate completamente al acto de escuchar.

Más allá de los sonidos, hay algo mayor: una sacralidad que no puede ser comprendida a través del pensamiento. Tú no creaste tu cuerpo, y tampoco eres capaz de controlar las funciones corporales. En tu cuerpo opera una inteligencia mayor que la mente humana. Es la misma inteligencia que lo sustenta todo en la naturaleza. Para acercarte al máximo a esa inteligencia, sé consciente de tu propio campo energético interno, siente la vida, la presencia que anima el organismo. 

Cuando percibes la naturaleza sólo a través de la mente, del pensamiento, no puedes sentir su plenitud de vida, su ser. Sólo ves la forma y no eres consciente de la vida que la anima, del misterio sagrado. El pensamiento reduce la naturaleza a un bien de consumo a un medio de conseguir beneficios, cono-cimiento, o algún otro propósito práctico. El antiguo bosque se convierte en madera; el pájaro, en un proyecto de investigación; la montaña, en el empla-zamiento de una mina o en algo por conquistar. Cuando percibas la naturaleza, permite que haya espacios sin pensamiento, sin mente. Cuando te acerques a la naturaleza de este modo, ella te responderá y participará en la evolución de la conciencia humana y planetaria.

Nota lo presente que está la flor, lo rendida que está a la vida. La planta que tienes en casa..., ¿la has mirado detenidamente alguna vez? ¿Has permitido que ese ser familiar pero misterioso que llamamos planta te enseñe sus secretos? ¿Te has dado cuenta de lo pacífica que es, de que está rodeada de un campo de quietud? En el momento en que te das cuenta de la quietud y de la paz que emana, esa planta se convierte en tu maestra.

Observa un animal, una flor, un árbol, y mira cómo descansan en el Ser. Cada uno de ellos es él mismo. Tiene una enorme dignidad, inocencia, santidad. Sin embargo, para poder ver esto, tiene que ir más allá del hábito mental de nombrar y etiquetar. En el momento en que miras más allá de las etiquetas mentales, sientes la dimensión inefable de la naturaleza, que no puede ser comprendida por el pensamiento ni percibida por los sentidos. Es una armonía, una sacralidad que, además de compenetrar la totalidad de la naturaleza, está dentro de ti.

El aire que respiras es natural, como el propio proceso de respirar. Dirige la atención a tu respiración y date cuenta de que no eres tú quien respira. La respiración es natural. Si tuvieras que acordarte de respirar, pronto morirías, y si intentaras dejar de respirar, la naturaleza prevalecería. Reconecta con la naturaleza del modo más íntimo e interno percibiendo tu propia respiración y aprendiendo a mantener tu atención en ella. Esta es una práctica muy curativa y energetizante. Produce un cambio de conciencia que te permite pasar del mundo conceptual del pensamiento al reino interno de la conciencia incondicionada.

Necesitas que la naturaleza te enseñe y te ayude a reconectar con tu Ser. Pero tú no eres el único necesitado; ella también te necesita a ti. No estás separado de la naturaleza. Todos somos parte de la Vida Una que se manifiesta en incontables formas en todo el universo, formas que están, todas ellas, completamente interconectadas. Cuando reconoces la santidad, la belleza, la increíble quietud y dignidad en las que una flor o un árbol existen, tú añades algo a esa flor o a ese árbol. A través de tu reconocimiento, de tu conciencia, la naturaleza llega a conocerse a sí misma. ¡Alcanza a conocer su propia belleza y sacralidad a través de ti!

Un gran espacio silencioso contiene en su abrazo la totalidad del mundo natural. Y también te contiene a ti. Sólo mediante la quietud interior tienes acceso al reino de quietud en el que habitan las rocas, las plantas y los animales. Sólo cuando tu mente ruidosa se queda en silencio puedes conectar profundamente con la naturaleza y sanar la separación creada por el exceso de pensamiento. Pensar es una etapa en la evolución de la vida.

La naturaleza existe en una quietud inocente que es anterior a la aparición del pensamiento. El árbol, la flor, el pájaro o la roca no son conscientes de su propia belleza y santidad. Cuando los seres humanos se aquietan, van más allá del pensamiento. La quietud que está más allá del pensamiento contiene una dimensión añadida de conocimiento, de conciencia.

La naturaleza puede llevarte a la quietud. Ese es su regalo para ti. Cuando percibes la naturaleza y te unes a ella en el campo de quietud, éste se llena de tu conciencia. 

Ese es tu regalo a la naturaleza. A través de ti, la naturaleza toma conciencia de sí misma. Es como sí la naturaleza te hubiera estado esperando durante millones de años. 


Texto Celta

Vanessa da Mata - As Palavras (video clipe oficial)

domingo, 23 de junho de 2013

Hidalgo


Fank Hopkins (Viggo Mortensen) foi um cavaleiro por parte do exército americano que esteve presente no massacre de Wounded Knee, evento que o levou a acabar com a sua carreira e que o continua a assombrar.
Com a sua vida virada completamente do avesso, Frank encontra “conforto” na bebida e nas suas competições de cavalo em Buffalo Bill’s Wild West Show, consagrando-se o melhor montador com Hidalgo,o seu cavalo mustang, considerado o melhor cavalo do mundo devido a todas as corridas que já venceu.

No entanto, por causa deste seu crescente sucesso no mundo das corridas, Frank é contactado por um seik árabe muito importante que lhe propõe concorrer na maior corrida de cavalos de sempre: a Oceans of Fire.
Esta é uma corrida anual de sobrevivência composta por 3 000 milhas(5000 Kms) pelo deserto de Najad e que é restrita aos mais nobres cavalos de linhagem arábia.
Depois de alguma persuasão, Frank decide juntar-se à corrida.

Porque é que vai?
Digamos que os Americanos estavam numa de "genocídio" dos índios e os cavalos Mustangs que eram tipo um símbolo deles foram mandados todos para abate, e a única forma de os impedir era comprando-os.
Com que dinheiro?
Com o que se obtém na tal corrida no deserto.

No entanto, devido a questões pessoais e políticas, Frank vai ter de enfrentar diversos inimigos e desafios que o vão levar numa viagem dolorosa ao passado.
Para Frank, vencer é uma questão de honra e orgulho, mas também a tentativa de atingir o impossível.

Mustang


O Mustang, é um cavalo selvagem e, vem de origem Europeia: Os cavalos Mustang descendem dos cavalos Espanhóis levados à América pelos conquistadores, descendentes dos primeiros cavalos espanhóis que chegaram ao México e à Flórida. A palavra vem do espanhol mestengo, ou “desgarrado”.
Algumas manadas de mustangues são descendentes directas das trazidas pelos conquistadores, destacando-se a da montanha Pryor, em Montana e norte do Wyoming, cuja secular herança espanhola foi comprovada por exames de sangue, em 1992. Esses cavalos tendem a apresentar marcas mais primitivas: listras como as da zebra nas pernas e riscos ao longo da espinha, além de pelagem em tons de camuflagem pardos e cinzentos.
Assim que os espanhóis se estabeleceram, após a dizimação dos Aztecas e de outros no Séc. XVI, foram soltos nos povos nativos inúmeros cavalos espanhóis, que fugiram e tornaram-se selvagens.
Esta é a última espécie de cavalos selvagens do continente Americano. Por isso, estes cavalos estão protegidos pela lei de estado. Maltratar ou matar um Mustang constitui uma infracção federal nos EUA.

Os índios que viviam nos continente Americano antes da chegada dos Europeus, não conheciam o cavalo e primeiro ainda tiveram medo deles, mas depois compreenderam que eles podiam ser um elemento decisivo, para caçar ou para a guerra.
Eram os cavalos usados por muitas comunidades indígenas dos EUA e sua depuração no meio selvagem tornou a raça sinónimo de força e rebeldia.

Todo ano, 40 a 60 arrebanhamentos removem entre 5 mil e 10 mil cavalos selvagens de seu hábitat no oeste. Em nove dias, mais de 600 animais foram trazidos para Rock Springs e despachados depois para Cañon City, no Colorado. Lá, num presídio, serão marcados, castrados, medicados e separados por sexo e idade. Os detentos treinarão alguns, que serão leiloados ainda naquela temporada; outros aguardarão adopção ou remoção para antigas áreas protegidas.
DESUMANO!!!!!!

Os Mustang vivem em manadas de catorze, por vezes mais. Cada manada consiste em éguas e potros, assim como jovens machos com menos de dois anos. Apenas um cavalo dirige o grupo. Este é o que manda.Uma manada de mustangs pode dobrar de tamanho a cada cinco anos.

Ele fica sempre de vigia, para que não haja predadores que ataquem os potros (coiotes, pumas, etc), protegendo assim a manada. Esta é uma forma de segurança eficaz, com que faz com que ele mantenha sempre o domínio.

Um garanhão luta, às vezes até a morte, pelo direito de ter as próprias fêmeas; depois tem de continuar a defendê-las de solteiros intrusos até que a idade avançada o impossibilite.Um macho que perca suas éguas num arrebanhamento, para ele, que arriscou a vida a lutar por aquelas fêmeas, a vida terminou. Vai acabar sozinho.

Por volta de 5 mil mustangues são adoptados todo ano, com a intermediação do BLM.
É provável que cavalos existirão enquanto houver ser humano para se sentar numa sela. Mas não há certeza de que haverá natureza suficiente para os mustangues correrem em manadas seguras, funcionais e geneticamente viáveis.

Quanto mais aprendemos sobre a vida emocional e social desses animais, mais nos damos conta de que eles recorrem a uma poderosa sabedoria colectiva para sobreviver. Eles vivem em grupos familiares bem estruturados e formados com base em muita luta. Se removermos membros do grupo, as consequências podem ser devastadoras aos demais.

O Mustang é pequeno e vigoroso. De pescoço curto e cabeça também pequena, o Mustang tem os olhos bastante expressivos. Os seus membros são rijos. Mede entre 135cm e 155cm.

Cavalo rápido e forte, o Mustang é capaz de sobreviver em regiões áridas e montanhosas, onde se alimenta apenas com plantas com textura áspera. É um animal que bebe pouco e que se dá bem com tempos quentes e secos como muito frio.

O nome Mustang vem de uma antiga palavra espanhola que significava “sem dono” ou “vagabundo”.

TAL COMO EU!


sábado, 22 de junho de 2013

¿Le apuestas al amor saludable?


"Podría vivir sin ti. 
Aunque no te guste y estés empecinado en defender la dependencia, depender no es amar. 
Podría vivir sin ti, y aún así hacer que mi vida tenga sentido. 
No creas que no te amo. 
Te amo y mucho. 
Pero amar no es esclavizarse, no es rendir culto al otro, no implica renunciar a mi propia esencia. 
Te amo siendo yo mismo y ese amor es mas fuerte, mas profundo y más democratico"

Walter Riso

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Libertad Templaria




La cara humana es un milagro artístico.
En esa superficie pequeña se puede expresar una variedad e intensidad increíble de presencia.
No existen dos rostros idénticos.
En cada uno hay una variación particular de presencia.
Cuando amas a otro, durante una separación prolongada es hermoso recibir una carta, una llamada telefónica o intuir la presencia de la persona amada.
Pero es más profunda la emoción del regreso, porque ver el rostro amado es entonces una fiesta. En ese rostro ves la intensidad y la profundidad de la presencia amorosa que te contempla y viene a tu encuentro.
Es hermoso volver a verte.
Cuando vives en el silencio y la soledad del campo, las ciudades te sobresaltan.
Hay muchas caras en ellas: rostros extraños que pasan rápida e intensamente.
Cuando los miras, ves la imagen de la intimidad particular de su vida.
En cierto sentido, la cara es el icono del cuerpo, el lugar donde se manifiesta el mundo interior de la persona.
El rostro humano es la autobiografía sutil pero visual de cada persona.
Por más que ocultes la historia recóndita de tu vida, jamás podrás esconder tu cara.
Ésta revela el alma; es el lugar donde la divinidad de la vida interior encuentra su eco e imagen.
Cuando contemplas un rostro, miras en lo profundo de una vida.

Edwin Ureña

sábado, 15 de junho de 2013

Compromisso


"Compromisso é permitir que o outro entre na nossa vida. 
É sonhar junto sem se sentir ameaçado, marcar um horário sem se sentir controlado, dividir o espaço sem se sentir invadido. 
Compromisso não é 'falta' de liberdade. 
Compromisso é o 'exercício' da liberdade de estar com alguém."

(A.D)

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Ann & Nancy Wilson (Heart) - Stairway To Heaven (Live)



Ann & Nancy Wilson (Heart) - Stairway To Heaven - Live - Honors Led Zeppelin. Recorded at the Kennedy Center Opera House in Washington DC on December 2, 2012. Featuring Jason Bonham on drums.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Que Tuiávii fale por mim


O livro O Papalagui são uma série de depoimentos de um indígena chamado Tuiávii, chefe da tribo Tiavéia sobre os costumes europeus escritos pelo alemão Erich Scheurmann.
Papalágui significa homem branco.

O conflito de visões é aparente, o homem branco europeu, de cultura cristã, fora ensinado a subjugar a natureza, de que há pecado original, de que se deve cobrir a nudez e a trabalhar pelo progresso.
A cultura indígena se adapta a natureza, é mais instintiva que racional, busca mais o prazer dos sentidos que a elevação espiritual, enquanto o homem branco despreza a humildade e a simplicidade de uma vida pacata e sadia sem ambições.

Tuávii não conheceu a civilização ocidental, seu background histórico não teve influência de Roma, da Grécia ou da Cristandade. 
Sua tribo não conheceu a física de Newton, a astronomia de Galileu Galilei, não fazia parte da Ágora de Aristóteles, Sócrates ou adentrou na caverna de Platão, não foi ao teatro assistir a uma tragédia grega, a escolástica de Tomás de Aquino e Santo Agostinho lhe era estranha, não conhecia a ética de Zenão ou Epícuro, tão pouco ouviu falar das conquistas de Julio César, Alexandre ou da conversão de Constantino, não leu A riqueza das nações de Adam Smith, nunca ouviu falar dos direitos naturais de John Locke ou o poder tripartido de Montesquieu. 
Sua mitologia não tinha a revelação dos dez mandamentos do judaísmo e não possuia a idéia de um salvador pessoal, desconhecia As Institutas de Calvino ou O Cativeiro Babilônico do Papado de Lutero, jamais conheceu o humanismo de Petrarca ou O Elogio da Loucura de Erasmo de Roterdã.

Contudo, a civilização européia aportava em suas praias com um plano de assimilação cultural. Tuávii deve ter temido as mudanças trazidas pelos de pele clara, e movido de um espírito conservador à lá Edmund Burke e feito uma apologia reacionária dos costumes indígenas.

No princípio Tuiávii descreve que ensinaram que o corpo era pecado, e ridiculariza a forma como o homem branco trata de se cobrir, de forma desajeitada e anti-natural. E cita que se o corpo do sexo oposto fosse nu todo o tempo, o homem branco teria mais tempo para pensar em outras coisas do que a luxúria. Chama mamadeira de “rolo de vidro, fechado em baixo com uma maminha artificial em cima”. Também é nesse capítulo que ele faz fortes críticas estéticas ao modelo de corpo do papalágui, que admira seu nariz pontiagudo em vez do nariz achatado do índio.

Critica que o homem branco faça moradas de pedra, porque a casa do Índio é a natureza. Critica o amor ao dinheiro, à escravidão que a busca pela felicidade através de finanças traz e a falta de caridade dos ricos que promovem a desigualdade e se alegram enquanto outros passam fome, ao fato de possuir coisas e ter de guardá-las, e quanto mais possui mais se empobrece tornando-se dependentes delas.

No capítulo V fala da inconformidade do homem branco com o tempo, na busca para controlá-lo e possuí-lo. Tuiávii diz que de Deus são todas as coisas, e que esse Deus fica empobrecido pelo homem branco que toma tudo para si e lhe envia castigos por isso. Que o que o homem branco construiu jamais pode livrá-lo da morte, que é preferível o artista que é Deus do que o homem branco brincando de Deus.

Tuiávii não compreende porque devemos trabalhar mais do que o que Deus ordenou, e trabalhar com alegria e não com fadiga, para o homem branco, o castigo do pecado original para o homem era o trabalho, para o índio, trabalho é também lazer e desfruto.

Diz que a imprensa escraviza os pensamentos, desejando que todos pensem igual. E diz que o Papalágui se farta de pensamentos como uma arma de munição, prestes a disparar para todos os lados, e o pensar demais sobre tudo é uma insatisfação constante e terminam perdidos pois se estendem acima do que podem.

Também não poupa o cinema, ao qual chama de vida de mentira e de muitos papéis, uma sala escura onde um homem se senta e luta com um baú produzindo ruídos tão selvagens quanto um conflito na aldeia a fim de desviar a atenção de que as pessoas na tela não podem ser ouvidas.

Tuiávii faz pesadas críticas à religião colonizadora, dizendo ela ser tão ou mais idólatra do que a religião antiga dos indígenas, diz que o Evangelho foi trazido como mercadoria de troca e que o Papalágui não possui Deus em seu coração, que Deus ama mais sua tribo do que o Papalágui. Contudo, Tuávii não contraria o Cristo, dizendo ser seguidor de seus mandamentos e honra o Papalágui por ter trazido a luz divina do Grande Espírito.

O livro encerra com esse apelo de não se misturar com o homem branco, com duras críticas à então Europa moderna, progressista da época e à religião católica. Dizendo-se suficientemente contente com as alegrias nobres e belas que Deus os dá em grande quantidade.

O livro mostra como Tuávii enxergava com igual estranheza senão maior os costumes do homem branco do que o Papalágui com sua tribo. A visão dele consegue descrever detalhes que escapam aos que estão inseridos na cultura européia, disposta a aceitar de bom grado qualquer novidade tecnológica em nome do progressismo, quando não está desajeitadamente conservando costumes sem compreendê-los tal qual um bárbaro, rígida demais para mudar segundo os desafios de um novo habitat.

A ironia é que se há algo que Tuávii assimilou do homem branco com perturbadora perfeição foi seu desprezo pela cultura diferente, se os de pele alva despreza a cultura indígena, Tuávii da mesma forma ignora a história do homem branco e seus avanços científicos polarizando as duas culturas e criando um conflito de preconceitos de ambos lados. Ora, dois mais dois valem quatro tanto para o homem branco quanto para o indígena independente de cor da pele, Tuávii não deveria demonizar o homem branco com críticas que acabam por denunciar a superficialidade de seu conhecimento sobre a cultura ocidental.

O livro não pretende ser imparcial e mostrar a defesa do pele clara, o livro é uma tentativa de Tuávii formalizar uma resposta racional aos assédio cultural europeu, é um marco intelectual da cultura indígena, seja como discurso de apologia ao indigenismo, seja como testemunho de dois importantes povos.

Papalágui

Tuiávii era um líder de uma aldeia no Arquipélago de Samoa,Tiavéia, no Oceano Pacífico, quando decidiu fazer uma viagem á Europa, pouco antes da Primeira Guerra Mundial. 
Quando voltou á Tiavéia, sua aldeia, suas impressões foram transformadas em livro pelo antropólogo Erich Sheurmann. 
Livro esse que guarda suas pontuais observações sobre o mundo do Papalágui (nome dado aos homens brancos na aldeia de Tiavéia e também título do tal livro).

O Papalagui é um livro publicado em 1920, escrito por Erich Scheurmann, nascido em Hamburgo, 1878 e morto em Armsfeld, 1957.
É uma coleção de discursos de um chefe aborígene samoano de Tiavéa da ilha de Upolu, trata-se dos discursos de um tuiavii e descreve a sua visão sobre o europeu num período anterior a Primeira Guerra Mundial.
Erich Scheurmann conseguiu reunir estes discursos após o apoio do chefe e traduziu para o alemão. O Papalagui é o termo samoano que traduzido literalmente significa o homem branco, ou, o europeu.

Lembrei-me do livro recentemente e fui relê-lo. Gostei ainda mais do que já tinha gostado. Impressionei-me mais do que já havia me impressionado.

Sei que não vou resistir, e farei uma série de bons trechos d’O Papalagui aqui no blog.

Por hoje, contentem-se com este:

É difícil dizer o que é profissão, mas todo Papalagui tem uma. É uma coisa que se deve ter muita alegria ao fazer, mas raramente isso acontece. Ter uma profissão significa fazer sempre a mesma coisa, e tantas vezes que se consegue fazê-la de olhos fechados e sem esforço algum. (...) Todo homem branco precisa ter uma profissão. (...)

Mas se o Papalagui, mais tarde, chega a perceber que prefere construir cabanas a tecer esteiras, dizem: “Ele errou de profissão” (...) Isso é uma coisa muito séria porque é contra a moral adotar, simplesmente, outra profissão. O Papalagui decente corre o risco de perder sua honra se disser: “Não posso fazer isto, não tenho nenhum prazer”. (...)

Não há, a bem dizer, coisa alguma que um homem seja capaz de fazer que o Papalagui não transforme em profissão. (...)

Ter profissão quer dizer: saber apenas correr ou apenas provar ou apenas cheirar ou apenas lutar, em todos os casos, saber apenas uma coisa. Esse só-saber-fazer-uma-coisa é uma grande fraqueza e um grande perigo porque qualquer um pode se ver, um dia, obrigado a remar numa canoa pela lagoa.(...)

Existem brancos que já não podem correr pois criam muita gordura no ventre, como os puaas [porco] porque têm de estar sempre parados, obrigados pela profissão; já não podem levantar e lançar um dardo pois suas mãos estão muito habituadas a segurar o osso que lhes serve para escrever e eles estão sempre sentados à sombra, só escrevendo tussi; não são capazes de dominar um cavalo selvagem porque estão sempre ocupados em olhar para as estrelas ou inventar idéias. (...)

É daí que vem a miséria do Papalagui. É agradável ir buscar água no riacho uma vez, até várias vezes por dia; mas quem tiver de ir buscá-la de manhã à noite, todos os dias, em todos os momentos, enquanto tiver forças, e isso sem cessar, afinal há de enfurecer-se, há de querer romper as correntes que o prendem, pois não há coisa que pese tanto ao homem quanto fazer sempre a mesma coisa (...)

Todos estão sempre comparando as suas profissões cheios de inveja e má-vontade; fala-se em profissões elevadas e baixas, embora todas sejam apenas atividades parciais(...) Mão, pé, cabeça são feitos para formarem um todo. Se todos os membros e sentidos trabalham juntos, o coração se alegrará, sadio; não acontecerá isso quando só uma parte tem vida e as outras estão mortas. Daí vem a confusão, o desespero, a doença. (...)

Mas o Papalagui nunca conseguiu fazer-nos compreender por que havemos de trabalhar mais do que Deus exige para que possamos comer à vontade, cobrir a cabeça com um teto, nos divertimos com as festas da aldeia. (...) O Papalagui suspira quando fala no seu trabalho, como se uma carga o sufocasse; mas é cantando que os jovens samoanos vão para os campos de taro; cantando, as moças lavam as tangas na correnteza do riacho. O Grande Espírito não quer, certamente, que fiquemos cinzentos por causa das profissões, nem que nos arrastemos feito as tartarugas e os pequenos animais rasteiros da lagoa. Ele deseja que continuemos orgulhosos e tesos em tudo quanto fazemos; que não percamos a alegria de nossos olhos nem a agilidade dos nossos membros.”

Rodriguez - I Wonder



I wonder how many times you've been had
And I wonder how many plans have gone bad
I wonder how many times you had sex
And I wonder do you know who'll be next
I wonder I wonder wonder I do

I wonder about the love you can't find
And I wonder about the loneliness that's mine
I wonder how much going have you got
And I wonder about your friends that are not
I wonder I wonder wonder I do

I wonder about the tears in children's eyes
And I wonder about the soldier that dies
I wonder will this hatred ever end
I wonder and worry my friend
I wonder I wonder wonder don't you?

quinta-feira, 6 de junho de 2013

OLIVER SHANTI - WELL BALANCED




OLIVER SHANTI - bem equilibrado Mais informações: Oliver Shanti (Born Ulrich Schulz 16 de novembro de 1948 em Hamburgo), mais tarde conhecida como Oliver Serano-Alves, é um músico New Age. Fundador da banda Inkarnation que foi originalmente baseada na música meditativa e, mais tarde transformado em "Oliver Shanti & Friends". Devido à indisponibilidade de Oliver, o resto do grupo é continuar com o multi-instrumentista Margot Reisinger (anteriormente conhecida como Margot Vogl e Shanti Margot), o membro da equipe original, como "Existência".
Duas faixas por Oliver Shanti & Friends foram apresentados em o Buddha Bar compilações: "Onon Mweng (Rainbird)" na compilação Buddha Bar II produzido por Claude Challe e "Nirvana Sacral" na compilação Buddha Bar III. A parte introdutória instrumental de "Nirvana Sacral", realizada com o instrumento chamado de indian santoor, foi remixada por CJ Stone em uma nova versão chamada de "Infinity".
Discografia:
Principal:
1987 - Licht-Prakash-Light (como Inkarnation)
1987 - Frieden -Shanti-Paz (como Inkarnation)
1987 - Ouvindo o Coração
1988 - Rainbow Way
1988 - Vila Nova Dias Mellow (como Alve-Serano Oliver)
1989 - Walking on the Sun
1990 - Fantasias Vale do Minho (como Alve-Serano Oliver)
1992 - Vida Vida Pará (como Oliver Serano-Alve)
1993 - Tai Chi
1995 - Bem Equilibrada
1996 - Tai Chi Too
1997 - Circles of Life: The Best of Oliver Shanti (coletânea, incluindo três novas faixas)
1998 - Sete Vezes Sete
2000 - Medicina Poder
2002 - Alhambra
2006 - Terra Man ​​Heaven (coletânea com 2 faixas de "Existência" e Dahmani)
Projetos:
1996 - Buddha e Bonsai Vol. 1
1997 - Shaman
1997 - Buddha e Bonsai Vol. 2
2000 - Buddha e Bonsai Vol. 3
2000 - Shaman 2
2002 - Buddha e Bonsai Vol. 4
2005 - Buddha e Bonsai Vol. 5: O Poder do Silêncio compilações Temática: Indiens: Sacred Spirits Shaman: Chill Vermelha Indiana antes de 1997 - Música Meditative de Budo-Gala: The Magic of Martial Arts 1997 - Espírito de Budo: The Power of Balance 1997-10 Anos de Música Sattva 1999 - Tibetiya (incluindo 3 novas faixas por Oliver Shanti) 2001-15 Anos de Música Sattva 2001 - Reiki: Cura Brilho Outros: 2008 única - Oliver Shanti feat. Nimi - Roo Seja Asemoon (Olugu Zamba Remix) 2010 single - Oliver Shanti feat. DJ Sunf - The Tree (rmx)

quarta-feira, 5 de junho de 2013

...........corrida de ratos


Vida moderna "rat race" - Corrida de ratos

"O problema com a corrida de ratos, é que, mesmo que venças, continuas a ser um rato." 
Lily Tomlin

Os anglo-saxónicos usam a expressão "rat race" ("corrida de ratos") como metáfora do modo de vida moderno. Os ratos em laboratório fazem corridas num labirinto para conseguirem chegar a uma recompensa no final. Esta experiência demonstra as extraordinárias capacidades dos ratos em mapearem nos seus cérebros um caminho através de um labirinto. No final, a recompensa.

As corridas dos ratos são uma interessante analogia: corremos, corremos, tratamos disto e daquilo, trabalhamos como loucos para conseguirmos uma recompensa no final. Também estamos bem adaptados ao labirinto em que se tornaram as nossas vidas. Temos um mapa mental adequado e percorremos as suas passagens evitando os becos sem saída mais ou menos eficazmente.

O problema com este modo de vida é que, com cada viagem bem sucedida, estaremos somente melhor preparados para, na próxima corrida, corrermos ainda mais rapidamente e mais eficientemente, não para deixarmos de ser ratos nem para nos libertarmos do labirinto.

Achas que te consegues libertar da corrida de ratos? Achas que consegues ser dono do teu tempo, do teu corpo, do teu talento? Terás algum dia a liberdade de poder correr por onde quiseres, quando quiseres, sem ter ninguém a espreitar por cima do teu ombro, a respirar no teu pescoço fazendo-te crer que precisas do pedaço de queijo no final do labirinto?

Poema das Curvas


“Não é o ângulo reto que me atrai,
nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem
O que me atrai é a curva livre e sensual,
a curva que encontro nas montanhas do meu país,
no curso sinuoso dos seus rios,
nas ondas do mar,
no corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o universo,
o universo curvo de Einstein.”

Oscar Niemeyer, 
Poema da Curva, 
15-12-1907 / 05-12-2012

Encontrar um emprego em PORTUGAL!


O ZÉ, depois de dormir numa almofada de algodão (Made in Egipt), começou o dia bem cedo, acordado pelo despertador (Made in Japan) às 7 da manhã.

Depois de um banho com sabonete (Made in France) e enquanto o café (importado da Colômbia) estava a fazer na máquina (Made in Chech Republic), barbeou-se com a máquina eléctrica (Made in China).

Vestiu uma camisa (Made in Sri Lanka), jeans de marca (Made in Singapure) e colocou um relógio de bolso (Made in Swiss).

Depois de preparar as torradas de trigo (produced in USA) na sua torradeira (Made in Germany) e enquanto tomava o café numa chávena (Made in Spain), pegou na máquina de calcular (Made in Korea) para ver quanto é que poderia gastar nesse dia e consultou a Internet no seu computador (Made in Thailand)
para ver as previsões meteorológicas.

Depois de ouvir as notícias pela rádio (Made in India), ainda bebeu um sumo de laranja (produced in Israel), entrou no carro Saab (Made in Sweden) e continuou à procura de emprego.

Ao fim de mais um dia frustrante, com muitos contactos feitos através do seu telemóvel (Made in Finland) e, após comer uma pizza (Made in Italy), o ZÉ decidiu relaxar por uns instantes.

Calçou as suas sandálias (Made in Brazil), sentou-se num sofá (Made in Denmark), serviu-se de um copo de vinho (produced in Chile), ligou a TV (Made in Indonésia) e pôs-se a pensar porque é que não conseguia encontrar um emprego em PORTUGAL...


desconhecido

Casa Arrumada

E por falar em casa...
Lembrei-me deste poema do Carlos Drummond de Andrade


Casa arrumada é assim:

Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia. Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.

Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

Pastelaria

Quem me conhece, sabe que tenho bastantes cuidados com a minha alimentação por motivos de saúde.
No entanto, de vez em quando cometo os meus pecados...porque adoro comer!!
E quando cometo esses pecados, faço-o com todo o prazer!

Este é um deles: BOLAS DE BERLIM COM CREME!
Hoje não resisti!
Comprei uma e fui comer à beira-mar...um verdadeiro orgasmo!


Pastelaria

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita genteque come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra 

Mário Cesariny

Receita de Casa


Uma casa deve ter varandas para sonhar,
cantos confortáveis para chorar,
salas bonitas para os amigos bem receber,
cantos para os segredos desabafar,
para as confidências, e para o bem amar.

Uma casa precisa um ninho ser,
pois o amor precisa de espaço pra crescer,
de alguns empurrões pra saltar e voar,
muita liberdade para querer ficar,
alguns espaços para conceber e procriar,
jardins para a alegria plantar.

Uma casa precisa de muito amor,
cuidados para não ter medo de alguém partir,
um pouco de ciúmes pra proteger,
amizade para o companheirismo perdurar,
o dom de sempre surpreender,
e enfeitiçar sempre para durar.

Uma casa precisa ser um bom e doce lar,
com muita cumplicidade a esbanjar,
união e somatório pra ter sempre o que dar,
família grande pra ter a vida sempre a se doar,
um grande amor - lógico - pra nos realizar."

Lia Luft

terça-feira, 4 de junho de 2013

Poeta...ou...Carroceiro?


"Enredado caso, hem, meu amigo? Ah! muito filosofei sobre ele, por dever de filósofo! E conclui que o Matias era um doente, atacado de hiperespiritualismo, de uma inflamação violenta e pútrida do espiritualismo, que receara apavoradamente as materialidades do casamento, as chinelas, a pele pouco fresca ao acordar, um ventre enorme durante seis meses, os meninos berrando no berço molhado... E agora rugia de furor e tormento, porque certo materialão, ao lado, se prontificara a aceitar Elisa em camisola de lã. Um imbecil?... Não, meu amigo! Um ultra -romântico, loucamente alheio às realidades fortes da vida, que nunca suspeitou que chinelas e cueiros sujos de meninos são coisas de superior beleza em casa em que entre o sol e haja amor.

E sabe o meu amigo o que exacerbou, mais furiosamente, este tormento? É que a pobre Elisa mostrava por ele o antigo amor! Que lhe parece? Infernal, hem?... Pelo menos, se não sentia o antigo amor intacto na sua essência, forte como outrora e único, conservava pelo pobre Matias uma irresistível curiosidade e repetia os gestos desse amor... Talvez fosse apenas a fatalidade dos jardins vizinhos! Não sei. Mas logo desde Setembro, quando o Torres Nogueira partiu para as suas vinhas de Carcavelos, a assistir à vindima, ela recomeçou, da borda do terraço, por sobre as rosas e as dálias abertas, aquela doce remessa de doces olhares com que durante dez anos extasiara o coração do José Matias.

Não creio que se escrevessem por cima do muro do jardim, como sob o regime paternal do Matos Miranda... O novo senhor, o homem robusto da bigodeira negra, impunha à divina Elisa, mesmo de longe, de entre as vinhas de Carcavelos, retraimento e prudência. E acalmada por aquele marido, moço e forte, menos sentiria agora a necessidade de algum encontro discreto na sombra tépida da noite, mesmo quando a sua elegância moral e o rígido idealismo do José Matias consentissem em aproveitar uma escada contra o muro... De resto, Elisa. era fundamentalmente honesta; e conservava o respeito sagrado do seu corpo, por o sentir tão belo e cuidadosamente feito por Deus — mais do que da sua alma. E quem sabe?... Talvez a adorável mulher pertencesse à bela raça daquela marquesa italiana, a marquesa Júlia de Malfieri, que conservava dois amorosos ao seu doce serviço, um poeta para as delicadezas românticas e um carroceiro para as necessidades grosseiras.

Enfim, meu amigo, não psicologuemos mais sobre esta viva, atrás do morto que morreu por ela! O facto foi que Elisa e o seu amigo insensivelmente recaíram na velha união ideal, através dos jardins em flor. E em Outubro, como o Torres Nogueira continuava a vindimar em Carcavelos, o José Matias, para contemplar o terraço da Parreira, já abria de novo as vidraças, larga e extaticamente!"

in, "José Matias"
Eça de Queiróz


No meu caso, prefiro um dois em um...um POETA CARROCEIRO
Bicho em extinção, bem sei... ;)


Walt Whitman


Walt Whitman (Huntington, 31 de maio de 1819 – Camden, 26 de março de 1892) foi um poeta, ensaísta e jornalista norte-americano, considerado por muitos como o "pai do verso livre".

Walt Whitman, descendente de ingleses e neerlandeses, nasceu em West Hills, na cidade de Huntington, no estado de Nova Iorque. Contudo, quando tinha apenas quatro anos, sua família mudou-se para Brooklyn, onde este frequentou até aos onze anos uma escola oficial, trabalhando depois como aprendiz numa tipografia.

Os últimos anos de vida de Whitman foram marcados pela pobreza, atenuada apenas pela ajuda de amigos e admiradores americanos e europeus.

Em 1884, Whitman adquiriu uma casa em Camden, New Jersey.
Quatro anos depois, sofreu um novo ataque de paralisia e viu publicados 62 novos poemas sob o título "November Boughs" (1888). Ainda nesse ano foi publicado "Complete Poems and Prose of Walt Whitman".

A oitava edição de "Leaves of Grass" apareceu em 1889, e no ano seguinte o escritor começou a preparar a sua nona edição, publicada em 1892.

Whitman morreu no dia 26 de Março de 1892 e foi sepultado em Camden, New Jersey.

Cinco anos depois foi publicada em Boston a décima edição de Leaves of Grass (1897), a que se juntaram os poemas póstumos "Old Age Echoes".

Nos seus poemas, Walt Whitman elevou a condição do homem moderno, celebrando a natureza humana e a vida em geral em termos pouco convencionais.
Na sua obra "Leaves of Grass", Whitman exprime em poemas visionários um certo panteísmo e um ideal de unidade cósmica que o Eu representa.
Profundamente identificado com os ideais democráticos da nação americana, Whitman não deixou de celebrar o futuro da América.
Ficou ainda mais conhecido mundialmente a partir das citações inseridas no enredo do filme Sociedade dos Poetas Mortos.

Fernando Pessoa escreveu um poema de nome "Saudação a Walt Whitman".

"Introduziu uma nova subjectividade na concepção poética e fez da sua poesia um hino à vida. A técnica inovadora dos seus poemas, nos quais a ideia de totalidade se traduziu no verso livre, influenciou não apenas a literatura americana posterior, mas todo o lirismo moderno, incluindo o poeta e ensaísta português Fernando Pessoa."

Saudação a Walt Whitman


Portugal-Infinito, onze de junho de mil novecentos e quinze... 
Hé-lá-á-á-á-á-á-á! 

De aqui de Portugal, todas as épocas no meu cérebro, 
Saúdo-te, Walt, saúdo-te, meu irmão em Universo, 
Eu, de monóculo e casaco exageradamente cintado, 
Não sou indigno de ti, bem o sabes, Walt, 
Não sou indigno de ti, basta saudar-te para o não ser... 
Eu tão contíguo à inércia, tão facilmente cheio de tédio, 
Sou dos teus, tu bem sabes, e compreendo-te e amo-te, 
E embora te não conhecesse, nascido pelo ano em que morrias, 
Sei que me amaste também, que me conheceste, e estou contente. 
Sei que me conheceste, que me contemplaste e me explicaste, 
Sei que é isso que eu sou, quer em Brooklyn Ferry dez anos antes de eu nascer, 
Quer pela Rua do Ouro acima pensando em tudo que não é a Rua do Ouro, 
E conforme tu sentiste tudo, sinto tudo, e cá estamos de mãos dadas, 
De mãos dadas, Walt, de mãos dadas, dançando o universo na alma. 

Ó sempre moderno e eterno, cantor dos concretos absolutos, 
Concubina fogosa do universo disperso, 
Grande pederasta roçando-te contra a diversidade das coisas, 
Sexualizado pelas pedras, pelas árvores, pelas pessoas, pelas profissões, 
Cio das passagens, dos encontros casuais, das meras observações, 
Meu entusiasta pelo conteúdo de tudo, 
Meu grande herói entrando pela Morte dentro aos pinotes, 
E aos urros, e aos guinchos, e aos berros saudando Deus! 

Cantor da fraternidade feroz e terna com tudo, 
Grande democrata epidérmico, contíguo a tudo em corpo e alma, 
Carnaval de todas as acções, bacanal de todos os propósitos, 
Irmão gémeo de todos os arrancos, 
Jean-Jacques Rousseau do mundo que havia de produzir máquinas,  
Homero do insaisissable do flutuante carnal, 
Shakespeare da sensação que começa a andar a vapor,  
Milton-Shelley do horizonte da Electricidade futura! 
Íncubo de todos os gestos, 
Espasmo pra dentro de todos os objectos-força,  
Souteneur de todo o Universo, 
Rameira de todos os sistemas solares... 

Quantas vezes eu beijo o teu retrato! 
Lá onde estás agora (não sei onde é mas é Deus) 
Sentes isto, sei que o sentes, e os meus beijos são mais quentes (em gente) 
E tu assim é que os queres, meu velho, e agradeces de lá —, 
Sei-o bem, qualquer coisa mo diz, um agrado no meu espírito 

Uma erecção abstracta e indirecta no fundo da minha alma. 

Nada do engageant em ti, mas ciclópico e musculoso, 
Mas perante o Universo a tua atitude era de mulher, 
E cada erva, cada pedra, cada homem era para ti o Universo. 

Meu velho Walt, meu grande Camarada, evohé! 
Pertenço à tua orgia báquica de sensações-em-liberdade, 
Sou dos teus, desde a sensação dos meus pés até à náusea em meus sonhos, 
Sou dos teus, olha pra mim, de aí desde Deus vês-me ao contrário: 
De dentro para fora... Meu corpo é o que adivinhas, vês a minha alma — 
Essa vês tu propriamente e através dos olhos dela o meu corpo — 
Olha pra mim: tu sabes que eu, Álvaro de Campos, engenheiro, 
Poeta sensacionista, 
Não sou teu discípulo, não sou teu amigo, não sou teu cantor, 
Tu sabes que eu sou Tu e estás contente com isso! 

Nunca posso ler os teus versos a fio... Há ali sentir demais... 
Atravesso os teus versos como a uma multidão aos encontrões a mim, 
E cheira-me a suor, a óleos, a actividade humana e mecânica. 
Nos teus versos, a certa altura não sei se leio ou se vivo, 
Não sei se o meu lugar real é no mundo ou nos teus versos, 

Não sei se estou aqui, de pé sobre a terra natural, 
Ou de cabeça pra baixo, pendurado numa espécie de estabelecimento, 
No tecto natural da tua inspiração de tropel, 
No centro do tecto da tua intensidade inacessível. 

Abram-me todas as portas! 
Por força que hei de passar! 
Minha senha? Walt Whitman! 
Mas não dou senha nenhuma... 
Passo sem explicações... 
Se for preciso meto dentro as portas... 
Sim — eu, franzino e civilizado, meto dentro as portas, 
Porque neste momento não sou franzino nem civilizado, 
Sou EU, um universo pensante de carne e osso, querendo passar, 
E que há de passar por força, porque quando quero passar sou Deus! 

Tirem esse lixo da minha frente! 
Metam-me em gavetas essas emoções! 
Daqui pra fora, políticos, literatos, 
Comerciantes pacatos, polícia, meretrizes, souteneurs, 
Tudo isso é a letra que mata, não o espírito que dá a vida. 
O espírito que dá a vida neste momento sou EU! 

Que nenhum filho da... se me atravesse no caminho! 
O meu caminho é pelo infinito fora até chegar ao fim! 
Se sou capaz de chegar ao fim ou não, não é contigo, 
É comigo, com Deus, com o sentido-eu da palavra Infinito... 
Prà frente! 
Meto esporas! 
Sinto as esporas, sou o próprio cavalo em que monto, 
Porque eu, por minha vontade de me consubstanciar com Deus, 
Posso ser tudo, ou posso ser nada, ou qualquer coisa, 
Conforme me der na gana... Ninguém tem nada com isso... 
Loucura furiosa! Vontade de ganir, de saltar, 
De urrar, zurrar, dar pulos, pinotes, gritos com o corpo, 
De me cramponner às rodas dos veículos e meter por baixo, 
De me meter adiante do giro do chicote que vai bater, 
De ser a cadela de todos os cães e eles não bastam, 
De ser o volante de todas as máquinas e a velocidade tem limite, 
De ser o esmagado, o deixado, o deslocado, o acabado, 
Dança comigo, Walt, lá do outro mundo, esta fúria, 
Salta comigo neste batuque que esbarra com os astros, 
Cai comigo sem forças no chão, 
Esbarra comigo tonto nas paredes, 
Parte-te e esfrangalha-te comigo 
Em tudo, por tudo, à roda de tudo, sem tudo, 
Raiva abstracta do corpo fazendo maelstroms na alma... 

Arre!  Vamos lá prà frente!  
Se o próprio Deus impede, vamos lá pra frente... Não faz diferença...
Vamos lá prà frente sem ser para parte nenhuma 
Infinito! Universo! Meta sem meta! Que importa? 

(Deixa-me tirar a gravata e desabotoar o colarinho. 
Não se pode ter muita energia com a civilização à roda do pescoço ...) 
Agora, sim, partamos, vá lá prà frente. 

Numa grande marche aux flabeux-todas-as-cidades-da-Europa, 
Numa grande marcha guerreira a indústria, o comércio e ócio, 
Numa grande corrida, numa grande subida, numa grande descida 
Estrondeando, pulando, e tudo pulando comigo, 
Salto a saudar-te, 
Berro a saudar-te, 
Desencadeio-me a saudar-te, aos pinotes, aos pinos, aos guinos! 

Por isso é a ti que endereço 
Meus versos saltos, meus versos pulos, meus versos espasmos 
Os meus versos-ataques-histéricos, 
Os meus versos que arrastam o carro dos meus nervos. 

Aos trambolhões me inspiro, 
Mal podendo respirar, ter-me de pé me exalto, 
E os meus versos são eu não poder estoirar de viver. 

Abram-me todas as janelas! 
Arranquem-me todas as portas! 
Puxem a casa toda para cima de mim! 
Quero viver em liberdade no ar, 
Quero ter gestos fora do meu corpo, 
Quero correr como a chuva pelas paredes abaixo, 
Quero ser pisado nas estradas largas como as pedras, 
Quero ir, como as coisas pesadas, para o fundo dos mares, 
Com uma voluptuosidade que já está longe de mim! 

Não quero fechos nas portas! 
Não quero fechaduras nos cofres! 
Quero intercalar-me, imiscuir-me, ser levado, 
Quero que me façam pertença doída de qualquer outro, 
Que me despejem dos caixotes, 
Que me atirem aos mares, 
Que me vão buscar a casa com fins obscenos, 
Só para não estar sempre aqui sentado e quieto, 
Só para não estar simplesmente escrevendo estes versos! 

Não quero intervalos no mundo! 
Quero a contigüidade penetrada e material dos objetos! 
Quero que os corpos físicos sejam uns dos outros como as almas, 
Não só dinamicamente, mas estaticamente também! 

Quero voar e cair de muito alto! 
Ser arremessado como uma granada! 
Ir parar a... Ser levado até... 
Abstracto auge no fim de mim e de tudo! 
  
Clímax a ferro e motores! 
Escadaria pela velocidade acima, sem degraus! 
Bomba hidráulica desancorando-me as entranhas sentidas! 
  
Ponham-me grilhetas só para eu as partir! 
Só para eu as partir com os dentes, e que os dentes sangrem 
Gozo masoquista, espasmódico a sangue, da vida! 
  
Os marinheiros levaram-me preso, 
As mãos apertaram-me no escuro, 
Morri temporariamente de senti-lo, 
Seguiu-se a minh'alma a lamber o chão do cárcere privado, 
E a cegarrega das impossibilidades contornando o meu acinte. 

Pula, salta, toma o freio nos dentes, 
Pégaso-ferro-em-brasa das minhas ânsias inquietas, 
Paradeiro indeciso do meu destino a motores! 

He calls Walt: 

Porta pra tudo! 
Ponte pra tudo! 
Estrada pra tudo! 
Tua alma omnívora, 
Tua alma ave, peixe, fera, homem, mulher,  
Tua alma os dois onde estão dois, 
Tua alma o um que são dois quando dois são um,  
Tua alma seta, raio, espaço, 
Amplexo, nexo, sexo, Texas, Carolina, New York,  
Brooklyn Ferry à tarde, 
Brooklyn Ferry das idas e dos regressos, 
Libertad! Democracy! Século vinte ao longe! 
Pum! pum! pum! pum! pum! 
PUM!

Tu, o que eras, tu o que vias, tu o que ouvias, 
O sujeito e o objecto, o activo e o passivo, 
Aqui e ali, em toda a parte tu, 
Círculo fechando todas as possibilidades de sentir,  
Marco miliário de todas as coisas que podem ser, 
Deus Termo de todos os objectos que se imaginem e és tu!   
Tu Hora, 
Tu Minuto, 
Tu Segundo! 
Tu intercalado, liberto, desfraldado, ido,  
Intercalamento, libertação, ida, desfraldamento,  
Tu intercalador, libertador, desfraldador, remetente,  
Carimbo em todas as cartas, 
Nome em todos os endereços, 
Mercadoria entregue, devolvida, seguindo...  
Comboio de sensações a alma-quilómetros à hora,  
À hora, ao minuto, ao segundo, PUM! 

Agora que estou quase na morte e vejo tudo já claro,  
Grande Libertador, volto submisso a ti. 

Sem dúvida teve um fim a minha personalidade. 
Sem dúvida porque se exprimiu, quis dizer qualquer coisa 
Mas hoje, olhando para trás, só uma ânsia me fica — 
Não ter tido a tua calma superior a ti-próprio, 
A tua libertação constelada de Noite Infinita. 

Não tive talvez missão alguma na terra. 

Heia que eu vou chamar 
Ao privilégio ruidoso e ensurdecedor de saudar-te 
Todo o formilhamento humano do Universo, 
Todos os modos de todas as emoções 
Todos os feitios de todos os pensamentos, 
Todas as rodas, todos os volantes, todos os êmbolos da alma. 

Heia que eu grito 
E num cortejo de Mim até ti estardalhaçam 
Com uma algaravia metafisica e real, 
Com um chinfrim de coisas passado por dentro sem nexo. 

Ave, salve, viva, ó grande bastardo de Apolo, 
Amante impotente e fogoso das nove musas e das graças, 
Funicular do Olimpo até nós e de nós ao Olimpo.


Álvaro de Campos