quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

VIVER É...



Viver é uma peripécia. 
Um dever, um afazer, um prazer, um susto, uma cambalhota. 
Entre o ânimo e o desânimo, um entusiasmo ora doce, ora dinâmico e agressivo. 
Viver não é cumprir nenhum destino, não é ser empurrado ou rasteirado pela sorte. 
Ou pelo azar. 
Ou por Deus, que também tem a sua vida. 
Viver é ter fome. Fome de tudo. 
De aventura e de amor, 
de sucesso e de comemoração de cada um dos dias que se podem partilhar com os outros. 
Viver é não estar quieto, nem conformado, nem ficar ansiosamente à espera. 
Viver é romper, rasgar, repetir com criatividade. 
A vida não é fácil, nem justa, e não dá para a comparar a nossa com a de ninguém. 
De um dia para o outro ela muda, muda-nos, 
faz-nos ver e sentir o que não víamos nem sentíamos antes e, possivelmente, 
o que não veremos nem sentiremos mais tarde. 
Viver é observar, fixar, transformar. 
Experimentar mudanças. 
E ensinar, acompanhar, aprendendo sempre. 
A vida é uma sala de aula onde todos somos professores, onde todos somos alunos. 
Viver é sempre uma ocasião especial. 
Uma dádiva de nós para nós mesmos. 
Os milagres que nos acontecem têm sempre uma impressão digital. 
A vida é um espaço e um tempo maravilhosos mas não se contenta com a contemplação. 
Ela exige reflexão. 
E exige soluções. 
A vida é exigente porque é generosa. 
É dura porque é terna. 
É amarga porque é doce. 
É ela que nos coloca as perguntas, cabendo-nos a nós encontrar as respostas. 
Mas nada disso é um jogo. 
A vida é a mais séria das coisas divertidas. "

Joaquim Pessoa 
in, Ano Comum

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