sábado, 12 de dezembro de 2015

Mães e Filhas




MÃES E FILHAS: 
O VÍNCULO QUE CURA, 
O VÍNCULO QUE FERE



Cada filha leva consigo a sua mãe. É um vínculo eterno do qual nunca poderemos nos desligar. Porque, se algo deve ficar claro, é que sempre teremos algo da nossa mãe.

Para termos saúde e sermos felizes, cada uma de nós deve conhecer de que maneira a nossa mãe influenciou a nossa história e como continua a influenciar. Ela é a que, antes de nascermos, ofereceu a nossa primeira experiência de carinho e de sustento. E é através dela que compreendemos o que é ser mulher, e como podemos cuidar ou descuidar o nosso corpo.


As nossas células dividiram-se e desenvolveram-se ao ritmo das batidas do coração; a nossa pele, o nosso cabelo, coração, pulmões e ossos foram alimentados pelo sangue, sangue que estava cheio de substâncias neuroquímicas formadas como resposta a seus pensamentos, crenças e emoções. Quando sentia medo, ansiedade, nervosismo, ou se sentia muito aborrecida pela gravidez, o nosso corpo inteirou-se disso; quando se sentia segura, feliz e satisfeita, também notamos.

– Christiane Northrup –



O legado que herdamos de nossas mães


“A maior herança de uma mãe para uma filha 
é ter se curado como mulher”

– Christiane Northrup –


Qualquer mulher, seja ou não seja mãe, leva consigo as consequências da relação que teve com sua progenitora. Se ela transmitiu mensagens positivas sobre o seu corpo feminino e sobre a maneira como devemos trabalhá-lo e cuidá-lo, seus ensinamentos sempre irão fazer parte de um guia para a saúde física e emocional.

No entanto, a influência de uma mãe também pode ser problemática quando o papel exercido for tóxico, devido a uma atitude negligenciada, ciumenta, chantagista ou controladora.

Quando conseguimos compreender os efeitos que a criação teve sobre nós, começamos a compreender a nós mesmas, a nos curarmos, e a sermos capazes de assimilar o que pensamos de nosso corpo ou a explorar o que consideramos possível conseguir na vida.



A atenção materna, um nutriente essencial para toda a vida

Quase todos nós temos a necessidade de sermos vistos por nossas mães, procuramos a sua aprovação. Na origem, esta dependência obedece às questões biológicas, pois precisamos delas para existir durante muitos anos; no entanto, a necessidade de afecto e de aprovação é forjada desde o primeiro minuto, desde que olhamos a nossa mãe para sabermos se estamos a fazer algo certo ou se somos merecedores de uma carícia.

Assim, o vínculo mãe-filha está estrategicamente desenhado para ser uma das relações mais positivas, compreensivas e íntimas que teremos na vida. No entanto, isso nem sempre acontece assim…

Com o passar dos anos, esta necessidade de aprovação pode se tornar patológica, gerando obrigações emocionais que propiciam que a nossa mãe tenha o poder sobre o nosso bem-estar durante quase toda a nossa vida.

O facto de que a nossa mãe nos reconheça e nos aceite é uma sede que temos que saciar, mesmo que tenhamos que sofrer para conseguir isso.  Isso supõe uma perda de independência e de liberdade que nos apaga e nos transforma.


Como começar a crescer como mulher e filha?


NÃO PODEMOS ESCAPAR DESSE VÍNCULO, 
POIS SEJA OU NÃO SAUDÁVEL, 
SEMPRE ESTARÁ ALI 
PARA OBSERVAR O NOSSO FUTURO.


A decisão de crescer implica limpar as feridas emocionais ou qualquer questão que não tenha sido resolvida na primeira metade da nossa vida. Esta transição não é uma tarefa fácil, pois primeiro temos que detectar quais são as partes da relação materna que requerem solução e cicatrização.

Disso depende o nosso senso de valor presente e futuro. Isso acontece porque sempre há uma parte de nós que pensa que devemos-nos dar em excesso para a nossa família ou para o nosso parceiro para sermos merecedoras de amor.

A maternidade e, inclusive, o amor de mulher continuam sendo sinónimos culturais na mente colectiva. Isso supõe que as nossas necessidades sejam sempre relegadas ao cumprimento ou não das dos demais. Como consequência, não nos dedicamos a cultivar a nossa mente de mulher, senão a moldá-la ao gosto da sociedade na qual vivemos.

As expectativas do mundo sobre nós podem ser muito cruéis. De facto, eu diria que constituem um verdadeiro veneno que nos obriga a esquecer a nossa individualidade.

Estas são as razões que fazem tão necessária a ruptura da cadeia de dor e cicatrização íntegra de nossos vínculos, ou as lembranças que temos deles. Devemos estar cientes de que estes vínculos se tornaram espirituais há muito tempo e, portanto, cabe a nós fazermos as pazes com eles.


Curas a tua herança materna no instante em que 
deixares de participar no martírio, na abnegação, 
na culpa ou no ressentimento. 
Quando mudares a tua reacção habitual em relação à tua mãe, 
acaba essa herança de dor. 
Isso é tudo o que te faz falta. 
Curar essa herança não significa que tua mãe vá mudar; 
e não significa que vai deixar de te magoar. 
Significa que tu cessaste de ter essa reacção habitual a ela.



Christiane Northrup
in, Mães e Filhas


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