quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
Sede da Alma
Ela tinha sede.
Não dessas que você resolve com um copo d'água.
Não! A sua sede era na alma.
Queria experimentar todos os gostos, todos os sabores e todos os amores.
Queria todas as horas em um só segundo.
Saber de tudo, experimentar tudo, conhecer todos os lugares.
Queria não, precisava.
Amava e desamava com a mesma intensidade.
Tinha sempre muita dificuldade de fazer escolhas, já que não se permitia abdicar de nada.
Sentia pressa de viver e via tudo passando depressa demais.
A ressaca era sua companheira.
Física e moral.
Mas gostava de sentir isso.
Gostava do desafio, do improvável, do perigoso e do proibido.
Não tinha tempo para o morno.
Ou congelava ou pegava fogo.
Sempre apostava tudo.
Como num jogo de Poker.
No caso dela, Strip Poker.
Adorava o risco.
Perder e ganhar fazia parte da diversão.
Nem sempre era a primeira a chegar, mas sempre a última a sair.
Andava em bando.
Andava sozinha.
Acordava com o Sol, dormia na chuva.
Chorava escondida, debaixo do chuveiro pra nem ela mesmo ver suas lágrimas caindo.
Não admitia sofrimento.
Quem a encontrava via sempre um sorriso.
Só o seu travesseiro sabia a verdade.
Por muitas vezes comprou passagens só de ida.
Por muitas vezes amou profundamente por uma só noite.
Sentia saudades, amor e ódio em uma fração de segundo.
E depois passava.
E depois voltava.
Tudo ao mesmo tempo.
E de repente ela virava.
Muitas vezes foi apontada, julgada ou mal compreendida.
E tanta gente pode dizer quase tudo a seu respeito, menos que ela não tenha vivido.
Eu, que tive a sorte de conhecê-la, digo que a ela sempre foi muito especial, porque talvez tenha entendido o sentido dessa vida antes de todos nós.
Rafael Magalhães
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