terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Natal e Xamanismo - Léo Artése

                                                                             


Cogumelos mágicos podem explicar o Pai Natal e as suas renas “voadoras”...

A história do Pai Natal e suas renas voadoras tem uma origem improvável:
Cogumelos  alucinogéneos ou “mágicos”.

A lenda do Pai Natal deriva de xamãs das regiões siberianas e árticas que deixam de presente nas casas um pacote cheio de cogumelos alucinogéneos, para celebrar o final de Dezembro em comunhão com o mundo espiritual.
Segundo conta a história, até alguns séculos atrás estes xamãs e sacerdotes ligados à antiga tradição colhiam o Amanita Muscaria (o Cogumelo Sagrado) no verão, secavam-no, e o distribuíam como presente no solstício de inverno. Como a neve bloqueava as portas, as pessoas entravam e saíam por um buraco no tecto, e daí veio a história do velho Pai Natal a entrar e sair pela chaminé.

“Por que as pessoas trazem pinheiros para as suas casas no solstício de inverno, colocam pacotes coloridos (vermelho e branco) em baixo delas, como presentes para mostrar seu amor aos outros?”, pergunta Arthur.
“Porque é debaixo do pinheiro que se pode encontrar a substância ‘Mais Sagrada’, o Amanita muscaria, na floresta”.

As renas também são comuns na Sibéria, e buscam estes cogumelos alucinógenos da mesma forma que os habitantes da região.




Donald Pfister, um biólogo que estuda fungos na Universidade de Harvard (EUA), sugere que as tribos siberianas que ingeriam o Amanita Muscaria poderiam ter visto renas a voar nas suas alucinações, e um velho xamã a entregar às famílias da tribo pequenas oferendas.

“Entre os xamãs siberianos,  todos temos um espírito animal que nos pode guiar na nossa busca por uma visão espiritual, e as renas são comuns e familiares às pessoas na sibéria oriental. Eles também têm uma tradição de se vestir como um cogumelo, usando roupas vermelhas com manchas brancas”, continua ele.
Ornamentos com a forma dos cogumelos Amanita e outras representações dos cogumelos são comuns nas decorações de natal no mundo inteiro, particularmente na Escandinávia e norte da Europa.

Nas tradições xamânicas siberianas ou árticas, os xamãs lidavam com espíritos de renas, e a representação das cores de suas roupas tem mais a ver com os cogumelos que com roupas xamãnicas. E sobre os trenós, o ponto não é o meio de transporte, mas que a “viagem” envolve transporte para um reino diferente, celestial, espiritual.
É uma tradição que remete à Sibéria!

O Solsticio de Inverno, é uma altura muito importante para os xamãs.
Antigamente, tal como hoje, realizavam-se rituais de passagem para um novo ciclo anual.
Esses rituais incluíam o consumo de um Cogumelo Sagrado para esses povos, conhecido como Amanita Muscária.
Este cogumelo sempre foi eternizado no nosso imaginário como um cogumelo mágico onde o seu consumo, embora altamente venenoso, nos levava para reinos encantados, tal como a Alice no Pais das Maravilhas.

É um cogumelo enteógeno (estado xamânico ou de êxtase induzida pela ingestão de substâncias alteradoras da consciência.), e sempre foi usados pelos xamãs para as suas Viagens Xamânicas.

Alguns do principais elementos do Natal, giram na verdade em torno do consumo xamânico destes cogumelos.

O Cogumelo Amanita Muscária apenas nasce em certos tipos de árvores, principalmente nos pinheiros.
Por isso, cada uma das nossas casas, por esta altura, tem o seu pinheiro de Natal, o local sagrado onde estes Cogumelos Divinos nascem.

Um dos povos da antiga Sibéria chamava-se o “Povo das Renas”.
Para este povo, as renas eram consideradas a manifestação do Grande Espírito.
Elas davam a comida, o vestuário e eram portadoras da magia das Viagens Xamânicas.
Nos picos do Inverno, quando só há neve, os Cogumelos Sagrados, não se conseguem desenvolver.
Mas durante o Verão, nos sopés dos pinheiros, eles nascem de forma natural.
Nessa altura, os xamãs, recolhiam-nos e secavam-nos para todo o ano.
Nessa altura, em homenagem ao cogumelo, os antigos xamãs vestiam-se de casacos de pele, vermelhos e brancos e botas altas.
No Solstício de Inverno, também se vestiam assim, e ofereciam os tão queridos presentes pelos habitantes da Tribo, nada mais, nada menos, que um pouco deste Cogumelo Sagrado.

Os xamãs siberianos, sabiam que no Inverno não conseguiam os seus sagrados cogumelos, então, para reduzir a escassez deste poderoso enteógeno no tempo das neves, eles armazenavam a urina das renas para depois beberem durante o inverno.
Os princípios activos dos cogumelos não são metabolizados pelo organismo.
Como os princípios activos (muscimol e ácido ibotênico), não eram metabolizados, os xamãs conseguiam fazer as suas “viagens” através da urina das Renas.
Daí a lenda que o Pai Natal viaja puxado pelas renas.



Segundo o Dr. Ian Darwin Edwards, chefe do departamento de educação do Real Jardim Botânico de Edimburgo, na Escócia, com site na Internet em www.rbge.org.uk., a lenda das renas voadoras espalhou-se para o sul da Europa no século XIX, sendo originária do povo Sami da Lapónia, uma das mais antigas culturas indígenas do mundo.
Os pastores costumavam alimentar as suas renas com cogumelos Amanita vermelhos e brancos e, mais tarde, bebiam a urina dos animais, o que produzia um efeito semelhante ao do LSD. A sensação no momento do delírio era a de que estariam a voar pelo espaço puxados pelas renas, vendo a Terra lá do alto. O cientista também sugere que a cor vermelha do casaco de Pai Natal foi inspirada na cor brilhante dos cogumelos mágicos.
Os estudos foram conduzidos a partir de material museológico sobre o povo Sami, guardado num museu da Lapónia

Muitas destas tradições foram misturadas ou projectadas mais tarde em São Nicolau, um santo do quarto século conhecido pela sua generosidade, conforme conta a história.

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