terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A Montanha de Capricórnio!




Seguindo o trajecto do Sol 
em torno do zodíaco, 
eis que chegámos ao signo 
de Capricórnio. 
Este é um momento muito especial 
nesta viagem: 
a entrada do Sol em Capricórnio 
assinala o Solstício de Inverno 
(no hemisfério Norte). 


Precisamente às 4:48 do dia 22 de Dezembro teve início a estação do Inverno.
Até aqui os dias tinham vindo a diminuir em relação às noites, e o dia 22 foi o dia do ano em que o Sol reinou durante menos tempo no céu. É como se as trevas dominassem o poder criativo da luz e o Sol experimentasse uma morte simbólica. A partir do Solstício os dias começarão a crescer, e o Sol renasce como força vivificante, ganhando terreno às trevas.
Este evento cósmico é celebrado desde tempos imemoriais, personificado em divindades, ilustrado em mitos e rituais e representado em surpreendentes construções megalíticas como Stonehenge.

Celebra-se o momento em que o Sol inicia a sua reconquista celeste, como quem sobe a encosta de uma montanha, aparecendo a cada dia mais alto no céu. E por aqui poderemos começar a desvendar o simbolismo associado ao signo de Capricórnio, que é representado pela figura de um animal híbrido: um caprino com cauda de peixe.

O arquétipo de Capricórnio está associado à conquista de sucesso e realização através do esforço e da perseverança. Sendo um signo do elemento Terra, por tal orientado para a dimensão prática e material, e do modo cardinal, que indica estímulo e iniciativa, poderemos afirmar que a função de Capricórnio é ser o impulsionador de estruturas concretas, é tomar a iniciativa e liderar no plano material. Como o elemento Terra é de todos o mais denso, comandar neste território implica o desenvolvimento de grandes capacidades de organização e disciplina, assim como de suportar o peso das estruturas que desta forma se vão criando. Não é por isso de estranhar a seriedade austera que vulgarmente se atribui a Capricórnio: a sua tarefa é de facto árdua e implica bastante encargo.

A personalidade daqueles que têm forte influência capricorniana no seu mapa natal (Sol, Lua ou Ascendente em Capricórnio, planetas na casa 10 ou grande domínio de Saturno) terá tendência para colocar bem alta a sua fasquia de realização pessoal, o que habitualmente se traduz por um grande investimento na carreira profissional. E Capricórnio ambiciona de facto realizar todo o seu potencial e alcançar o cume da montanha; traduza-se isto em reconhecimento por parte do colectivo, status social, poder económico, autoridade intelectual ou espiritual.

Mas para que se possa crescer em altura é necessário dispor de raízes sólidas que estruturem e suportem esse desenvolvimento, caso contrário não existe sustentação que permita a mínima solidez e estabilidade. É por isso que a personalidade capricorniana, apesar de bastante focada nos objectivos de realização profissional e externa, valoriza muito a família, o lar, ou outras manifestações de solidez emocional. Habitualmente as relações íntimas são abordadas com bastante seriedade e sentido de compromisso; a estabilidade e a durabilidade são adjectivos importantes para Capricórnio no que toca a relacionamentos (uma das manifestações mais evidentes será, por exemplo, o caso de alguém com Vénus em Capricórnio).

E aqui seria importante falar um pouco de Saturno, o planeta regente deste signo.
Na Astrologia clássica, Saturno simboliza limitação e contracção, que no aspecto mais negativo pode indicar bloqueio e inibição, e no mais positivo estruturação e solidez. Se pensarmos que Saturno é o mais distante dos planetas clássicos (não contando portanto com Úrano, Neptuno e Plutão), a nível psicológico ele representa os limites da acção da personalidade, ideia tão distintamente simbolizada pelos anéis que o rodeiam.

Nesta linha de pensamento poderemos também associar Saturno ao conceito de Super-Ego da psicanálise freudiana, uma instância da personalidade que se opõe à livre expressão dos instintos inconscientes, censurando e limitando aquilo que não é aceitável do ponto de vista da integração social. Muito embora as regras e restrições impostas pela educação possam limitar e inibir a personalidade, estas são essenciais para que possamos funcionar em sociedade e relacionarmo-nos com os outros de forma responsável e produtiva.

Estas são as lições de Saturno: a aceitação dos limites; a responsabilização perante os nossos actos; a consciencialização do Eu como ser social inserido numa estrutura colectiva.

Actualmente o arquétipo capricorniano enfrenta um grande desafio de transformação pela passagem de Plutão neste signo.
Desde o início de 2008, quando Plutão entrou em Capricórnio, que assistimos ao colapso de estruturas disfuncionais, seja ao nível do poder político, económico, social, religioso, científico, etc.

Até 2024, altura em que Plutão entrará em Aquário, serão trazidos à superfície todo o género de corrupções, manipulações e abusos de poder, para que possamos desenvolver estruturas de organização mais eficientes, mais responsáveis e mais alinhadas com um propósito colectivo de prosperidade, assente na igualdade e na justiça.


Jorge Lancinha


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