troco-me de sítio entre dentes
entre telas entre paredes
faço-o à noite em silêncio
com dedos de especiarias
e sons minúsculos que me saem das pontas dos pés.
faço-o meia nua meia tonta meia eu:
viro-me para dentro e encontro-me no avesso
ponho a cabeça nos pés e o coração nas omoplatas
faço da saliva cabelos e da nuca inspiração.
preciso disso para me saber viva:
do caos, da trasladação.
só assim me sei viva
e me faço, inteira, em pedaços.
Laura Avelar Ferreira
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