sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Gatos


Zora Milutinovic


Gatos não morrem de verdade:
eles apenas se reintegram
no ronronar da eternidade.

Gatos jamais morrem de facto:
suas almas saem de fininho
atrás de alguma alma de rato.

Gatos não morrem: sua fictícia
morte não passa de uma forma
mais refinada de preguiça.

Gatos não morrem: rumo a um nível
mais alto é que eles, galho a galho,
sobem numa árvore invisível.

Gatos não morrem: mais preciso
- se somem - é dizer que foram
rasgar sofás no paraíso

e dormirão lá, depois do ónus
de sete bem vividas vidas,
seus sete merecidos sonos.

Nelson Ascher


Sem comentários:

Enviar um comentário