sábado, 27 de fevereiro de 2016
A Metáfora Religiosa
A metade das pessoas do mundo pensa que as metáforas de suas tradições religiosas, por exemplo, são factos. E a outra metade sustenta que não são, de modo algum, factos.
O resultado é que temos pessoas que se consideram crentes porque aceitam metáforas como factos, e temos outros indivíduos que se classificam como ateus porque acham que as metáforas religiosas são mentiras.
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Há um perigo real quando as instituições sociais inculcam nas pessoas estruturas mitológicas que não combinam mais com a sua experiência humana. Por exemplo, quando se insiste em certas interpretações religiosas ou políticas da vida humana, pode ocorrer uma dissociação mítica. Pela dissociação mítica, as pessoas rejeitam ou são apartadas de efectivas noções explicativas a respeito da ordem de suas vidas.
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Como, no período contemporâneo, podemos evocar o imaginário que comunique o mais profundo e mais ricamente desenvolvido sentido de experiência de vida?
Essas imagens devem apontar além de si mesmas para aquela verdade definitiva que é imperioso exprimir: que a vida não possui nenhum significado absolutamente fixo.
Essas imagens têm de apontar para além de todos os significados dados, além de todas as definições e relações, para aquele mistério realmente inefável que é justamente a existência, o ser de nós mesmos e do nosso mundo.
Se atribuímos a esse mistério um significado exacto, reduzimos a experiência da sua real profundidade. Mas quando um poeta transporta a mente para um contexto de significados e a arremessa adiante deles, conhece-se o maravilhoso arrebatamento que advém de ir além de todas as categorias de definição.
Joseph Campbell
in, Isto és Tu
Cap. Metáfora e Mistério Religioso
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