Na semana passada, estive a ver umas entrevistas a uma curandeira anciã Maya, a Abuela Margarita, e numa das entrevistas ela fala sobre a morte.
Ela conta que os Mayas escolhem o dia da sua partida e a forma como o irão fazer.
Podem ler e ouvir aqui
Estes últimos dias tenho andado a pensar nisto, coisas ainda da última Lua Nova...
E fez-me pensar em duas coisas:
1 - Eutanásia
2 - Testamento Vital
Sempre pensei muito como gostaria que fosse a minha velhice e a minha morte, desde muito nova...coisas de Capricórnio...nasce-se velha e morre-se nova...
E sempre disse que gostaria de escolher como morrer em caso de doença terminal, doar os meus orgãos após a minha morte, ser cremada e que as minhas cinzas fossem entregues à Mãe Terra numa urna ecológica com uma semente da árvore Ginkgo Biloba.
A Ginkgo é uma árvore de origem chinesa, é considerada um fóssil vivo, pois existia já no tempo dos dinossauros, há mais de 150 milhões de anos. É símbolo de paz e longevidade por ter sobrevivido às explosões atómicas no Japão. A planta tinha sobrevivido à radiação em Hiroshima, e brotou de novo no solo da cidade completamente devastada.
Para além disso, tomo extracto de Ginkgo Biloba em forma de suplemento, como terapia alternativa.
Identifico-me bastante com esta árvore, por várias razões, e o meu Mapa Natal também.
Também já fiz o meu Testamento Vital, para que numa situação de acidente ou que eu perca a minha capacidade de decisão, os médicos tenham conhecimento da forma como eu quero morrer.
Considero que tenho o direito a ter escolha da forma como quero deixar o meu corpo físico, e que deve ser dada a liberdade à minha Alma de escolher ficar ou partir.
Manter o meu corpo físico vivo artificialmente, para mim é uma prisão.
E eu sou a favor da liberdade, mesmo na hora da morte.
Deve ser dada à minha Alma a liberdade de partir ou ficar.
Ela sabe quando é a hora.
Penso que o Grande Espírito me deu a vida, porém também me deu algo mais importante: o sentido de responsabilidade e a liberdade de escolher!
Quanto à Eutanásia, é um assunto bastante complexo.
Ela é legal na Holanda, na Bélgica, no Luxemburgo ...e na Suíça é permitia a assistência ao suicídio em doentes terminais.
E, na minha opinião, é feita de uma forma um pouco descontrolada nos três primeiros.
Mais, acho que é usada pelas políticas desses países para se livrarem dos idosos, que só dão despesa ao Estado, controlarem custos com a Saúde, e as clínicas que o fazem, como é o caso da Associação Dignitas na Suíça, fazem-no como um negócio a gerar lucro (cobra até 4 mil francos suíços pela assistência ao suicídio).
No entanto, apesar de todos os aspectos negativos que a legalização possa trazer, sou sempre a favor da liberdade de escolha em relação à VIDA.
Sim, porque é da VIDA que se trata!
Da LIBERDADE DE ESCOLHA em consciência, de uma forma lúcida e não deprimida.
TODOS temos o direito de partir com DIGNIDADE!
No caso da Suíça, a eutanásia NÃO é legal!
Não é crime a assistência ao suicídio de um Doente que deseje pôr fim à vida e cumpra uma série de requisitos estritos, enquanto a eutanásia continua a ser punida por lei.
Na Europa, países como a Holanda e a Bélgica é legal a Eutanásia Activa com controle médico.
A Eutanásia Passiva é quando o médico usa substâncias químicas para aliviar a dor ao doente, e sabe que o doente não vai conseguir sobreviver à acção do fármaco, provocando uma insuficiência respiratória, falência dos orgãos vitais, etc...
É feita nalguns casos para reduzirem os custos com os Cuidados Paleativos, incluindo doentes com doenças neurológicas, com paralesias, etc...Ou seja, não se destina apenas a doentes terminais.
O que gera algum descontrole e um certo abuso no que diz respeito ao Direito à Vida.
Vi alguns idosos na Holanda que usam uma pulseira a dizer que não querem a eutanásia, para evitarem que em estado de perda de lucidez lhes tirem a vida contra sua vontade.
Já no caso da Suíça, é feito com muito mais restrições, com muito mais rigor e com regras apertadas. O pedido de assistência tem de ser demorado e repetido por várias vezes, para assegurar que o doente não está a decidir em desespero, ou por não querer sentir dor.
Tem de ter uma doença incurável, com morte previsível.
Que essa doença provoque no paciente sofrimentos psíquicos e físicos que tornem a sua existência insuportável.
Tem de ter capacidade de discernimento. Não estar a decidir num estado depressivo.
Na Suíça existem duas associações de assistência ao suicídio: EXIT e Dignitas.
Digntas aceita assistir cidadãos estrangeiros e tem um custo económico para o paciente até 4 mil francos suíços.
Não é o caso de EXIT que só atendem pedidos de cidadãos suíços ou estrangeiros que sejam residentes permanentes na Suíça e não cobram pela assistência.
Existe um período "de graça" entre o pedido de suicídio assistido e o momento de colocá-lo em prática. Concede-se um tempo para que o paciente possa acertar as contas com a vida e despedir-se dos familiares e amigos. Quando é fixada uma data definitiva, pede-se uma confirmação ao paciente de que essa é, efectivamente, a sua vontade.
Se for de sua vontade, proporciona-se uma solução com 10 gramas de pentabarbital de sódio misturada com um sumo que o paciente deve, necessariamente, ser capaz de ingerir com as suas próprias forças. Se não fosse assim, se trataria de uma eutanásia e não de suicídio assistido.
87% dos cidadãos suíços concordam com a possibilidade de assistência ao suicídio.
Neste último caso, só o paciente pode dar o último passo para cumprir sua própria vontade.
Eu sou a favor do Suicídio Assistido regularizado e aceite social e politicamente.
E sou a favor da Eutanásia Activa para casos excepcionais devidamente regulamentados.
A sociedade não tem nada a temer, já que ninguém obrigará ninguém a fazer o que não quer.
Isso criaria um espaço de liberdade que permitiria partir com dignidade a quem assim necessita. Perder o medo será uma imensa vitória.
Todos nós vamos ganhar com isso.
Partilho aqui um filme que já vi várias vezes, e que me fez pensar a sério sobre o assunto da eutanásia.
É um filme espanhol que se chama Mar Adentro:
Mar Adentro, um filme de Alejandro Amenábar de 2005, sobre o direito legal à eutanásia.
Ramón Sampedro, interpretado por Javier Bardem, é um homem nascido numa pequena vila de pescadores da Galicia, que luta para ter o direito de pôr fim à sua própria vida.
Na juventude ele sofreu um acidente, que o deixou tetraplégico e preso a uma cama por 28 anos. Lúcido e extremamente inteligente, Ramón decide lutar na justiça pelo direito de decidir sobre a sua própria vida, o que lhe gera problemas com a justiça, a igreja e até mesmo com os seus familiares.
A chegada de duas mulheres alterará o seu mundo: Julia (Belén Rueda), a advogada que quer apoiar a sua luta e Rosa (Lola Dueñas), uma vizinha do povoado que tentará convencer-lhe de que viver vale a pena. Ele sabe que só a pessoa que o ama de verdade será aquela que o vai ajudar a realizar essa última viagem.
Após 28 anos deitado e a depender de todos à sua volta para tudo, ele chama uma advogada para tentar conseguir legalmente o direito de cometer eutanásia.
Filme de tese em defesa da eutanásia.
De certo modo, Mar adentro é uma visão da morte a partir da vida.
Enfim, a vida não é um valor absoluto.
Por outro lado, o filme mostra-nos diferentes maneiras de conceber o amor.
Por exemplo, vemos a história de Ramón através das diferentes mulheres que rodeiam a sua cama. Primeiro, o amor protector que se estabelece com Rosa, porque ela e outras mulheres vinham-lhe contar os seus problemas.
Depois, com Julia, percebemos uma conexão intelectual; compartilham preocupações similares e concepções totalmente distintas da vida e da morte.
Outro é a relação pai-filho que estabelece com seu sobrinho.
Também é muito importante a relação de amor e desentendimento fraternal que Ramón e José mantêm.
E a relação com a sua cunhada, de absoluta cumplicidade, maternal, onde as palavras são quase desnecessárias porque se entendem com um olhar.
Além disso, Mar Adentro é um dos versos de um poema de Ramón.
Há um momento no filme onde Ramón diz que o mar lhe deu a vida e o mar a tirou, porque foi onde ocorreu o acidente. O mar é, também, a sensação de escape.
É essa linha do horizonte que nunca se acaba, que representa o infinito.
O homem parece ser o único animal capaz de justificar a morte a partir da vida.
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