quinta-feira, 31 de março de 2016

Aqui





Aqui, deposta enfim a minha imagem, 
Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem, 
No interior das coisas canto nua.

Aqui livre sou eu — eco da lua 
E dos jardins, os gestos recebidos 
E o tumulto dos gestos pressentidos, 
Aqui sou eu em tudo quanto amei.

Não por aquilo que só atravessei, 
Não pelo meu rumor que só perdi, 
Não pelos incertos actos que vivi,

Mas por tudo de quanto ressoei 
E em cujo amor de amor me eternizei.


Sophia de Mello Breyner Andresen
in, Dia do Mar


O Valor da Mulher




A cultura patriarcal tem medo das mulheres solteiras. Se um homem não se casa, é apelidado de celibatário. Se uma mulher não se casa é apelidada de solteirona ou então diz-se que ficou para tia. Porque é que uma mulher solteira é uma ameaça à sociedade patriarcal?

O problema principal é que uma mulher solteira não é propriedade de ninguém. Nem os nossos filhos, nem nós dependemos de ninguém. Ninguém nos diz o que podemos ou não podemos fazer."
(...)

"O poder das mulheres transcende aquilo que normalmente é nominado "questão feminina". O poder da mulher tem a ver com a sua participação activa nas conversas seja em público, seja à mesa de jantar - e com a conquista do espaço emocional que lhe permita adoptar essa atitude.

Significa deixar de ter medo de sofrer qualquer tipo de condenação. Significa ter uma participação activa e ser apoiada nas atitudes que assume."
(...)

"Só seremos livres quando podermos expôr as nossas ideias com a cabeça e com o coração, sem termos de nos preocupar com os olhares de condenação dos homens, das mulheres, da imprensa ou com a vergonha que os nossos filhos possam sentir."

Em muitos relacionamentos, o homem se sente ameaçado pela magnificência da mulher, e descobre uma infinidade de meios para fazê-la questionar sua própria beleza e força. Um homem seguro não se sente ameaçado pelo poder intelectual ou emocional de uma mulher, mas celebra a oportunidade que essa feliz parceria lhe oferece.


Marianne Williamson 
in, "O Valor da Mulher"


Pessoas que somam, e não subtraem




"Existem pessoas que aparecem nas nossas vidas como trazidas por um desígnio casual no momento mais adequado.
São um sopro de ar fresco que reconforta a mente e a alma, encaixam-se nos nossos valores e instalam-se nos nossos corações quase sem pedir licença.
Pessoas significativas que enriquecem, que somam e não subtraem.
As pessoas que tocam as nossas almas escrevem nelas com um fio dourado que nos sustenta e nos protege.
Essa união sela um compromisso indestrutível.
Essa amizade, esse carinho, não se mede pela quantidade de vezes que nos vemos na semana.
Nem pelos favores que fizermos, nem pelas confissões, nem pelos cafés compartilhados.
É medido pela qualidade e pela cumplicidade desses instantes vividos."


quarta-feira, 30 de março de 2016

.............................o melhor lugar




"A vida não é um quem-chega-primeiro. 
Mas um 
quem-se-consegue-preparar-para-chegar-em-último. 
E saber que, muitas vezes, 
é em último que encontras o melhor lugar."


O objectivo do "karma"




O objetivo do "karma" não é fazer-nos sofrer, mas fazer-nos crescer.
O sofrimento surge apenas quando resistimos a esse crescimento.
À medida que a nossa consciência cresce, percebemos que a nossa resistência ao que a vida nos oferece é que é o verdadeiro problema.
Começamos a reconhecer os nossos desafios como uma finalidade da nossa própria alma.
Estamos cientes de que experiências difíceis não acontecem para nos causar sofrimento mas sim, para nos tornar conscientes de quem nós realmente somos.


~ Gerrit Gielen


Canção de Mim Mesmo 46




Sei que tenho o melhor do tempo e do espaço, que nunca foi e nunca será medido.

Percorro uma jornada perpétua (vinde todos ouvir!)
Meus sinais são um casaco à prova de chuva, bons sapatos e um cajado de madeira da floresta,
Nenhum amigo meu descansa em minha cadeira,
Não tenho cadeira, não tenho igreja, nem filosofia,
Não levo homem algum para o jantar, para a biblioteca, para a bolsa de valores,
Mas cada homem e cada mulher entre vós eu conduzo ao cimo de um outeiro,
Minha mão esquerda abraça-os pela cintura,
Minha mão direita aponta para as paisagens de continentes e estradas públicas.

Não eu, ninguém mais pode viajar aquela estrada em teu lugar,
Deves viajá-la com teus próprios passos.

Ela não é distante, ela está dentro do alcance,
Talvez estejas nela desde o teu nascimento e não saibas,
Talvez ela esteja em toda parte pela água e pela terra.

Põe tua mochila em teus ombros, filho amado, e eu farei o mesmo, e vamos apressar nossa jornada,
Cidades maravilhosas e nações livres tomaremos no caminho.

Se te cansares, entrega-me ambos os fardos e descansa o fôlego de tua mão em meus quadris,
E quando a hora chegar, tu hás de fazer o mesmo por mim,
Pois quando tivermos partido não repousaremos mais.

Hoje, antes do nascimento do sol, subi ao cimo de uma montanha e observei o céu povoado,
E disse para o meu espírito: Quando nos tornarmos os guardiões desses orbes e de todo o prazer e do conhecimento que neles há, estaremos, então, plenos e satisfeitos?
E meu espírito respondeu: Não, superaremos essa etapa apenas para passar adiante e ir mais além.

Estás, também, fazendo-me perguntas e eu posso ouvir-te,
Respondo que não posso responder, pois que encontres a resposta por ti mesmo.

Senta-te por um instante, filho amado,
Aqui estão alguns biscoitos para comeres e aqui algum leite para beberes,
Mas assim que dormires e te vestires com roupas limpas, eu te darei um beijo de despedida e abrirei o portão para que saias daqui.

Por tempo suficiente tens sonhado sonhos desprezíveis,
Agora, limpo a remela de teus olhos,
Deves habituar-te ao fascínio da luz e de todos os momentos de tua vida.

Por muito tempo, tu te agarraste timidamente a uma prancha na praia,
Agora quero que sejas um nadador ousado,
Para que mergulhes em alto mar, te ergas novamente, acenes para mim, grites e,
sorrindo, agites teus cabelos.


in, Song of Myself
Walt Whitman


terça-feira, 29 de março de 2016

Carta de Bert Hellinger ao pai





Querido pai,

Por muito tempo eu não soube o que me faltava mais intimamente.
Por muito tempo, querido pai, você foi expulso do meu coração.
Por muito tempo você foi um companheiro de caminho para quem eu não olhava, porque fixava o meu olhar em algo maior, como me imaginava.
De repente, você voltou a mim, como de muito longe, porque a minha mulher Sophie o invocou.
Ela viu você, e você me falou por meio dela.
Quando penso o quanto me coloquei muitas vezes acima de você, quanto medo também eu tinha de você porque muitas vezes você me batia e me causava dores, e quão longe eu o expulsei de meu coração e tive de expulsá-lo, porque a minha mãe se colocava entre nós; somente agora percebo como fiquei vazio e solitário, e como que separado da vida plena.
Porém, agora você voltou, como que de muito longe, para a minha vida, de modo amoroso e com distanciamento, sem interferir na minha vida.
Agora começo a entender que foi por você que, dia a dia, nossa sobrevivência era assegurada sem que percebêssemos no nosso íntimo quanto amor você derramava sobre nós, sempre igual, sempre visando o nosso bem-estar e, não obstante, como que excluído dos nossos corações.
Algumas vezes lhe dissemos como você foi um pai fantástico para nós?
Você foi cercado de solidão e, não obstante, permaneceu solícito e amoroso ao serviço da nossa vida e do nosso futuro.
Nós víamos isso como algo natural, sem jamais honrar o que isso exigia de você.
Agora me vêm lágrimas, querido pai.
Eu me inclino diante da sua grandeza e recebo você no meu coração.
Tanto tempo você esteve como que excluído do meu coração.
Tão vazio ele estava sem você.
Também agora você permanece amigavelmente a uma certa distância de mim, sem esperar de mim algo que tire algo de sua grandeza e dignidade.
Você permanece grande como meu pai, e abraço você e tudo que recebi de você, como seu filho querido.
Querido pai,
Seu Toni (assim eu era chamado em casa).


Bert Hellinger
in,  As Igrejas e o Seu Deus


Não se Ama uma Pedra




Amar é reconhecer nos outros um ser misterioso, e não um objecto - tu eras uma vibração à tua volta, não a estreita presença de um corpo.
Aqueles que não amamos nem odiamos são nítidos como uma pedra.
Sentir neles uma pessoa é começar a amar ou a odiá-los.
Só amamos ou odiamos quem é vivo para nós.

Vergílio Ferreira
in, Estrela Polar


Ansiedade




TRÊS PASSOS PARA DAR ADEUS À ANSIEDADE 


O primeiro passo para se livrar da ansiedade é assumir-se como alguém que tem ansiedade.
De nada adianta ficar de costas para esse sentimento. Ignorá-lo equivale a varrer o problema para baixo do tapete, ou fingir que ele não existe.

O segundo passo é deixar de considerar a ansiedade um problema!

O terceiro e último passo é começar a olhar para si mesmo como alguém cuja tranquilidade e felicidade não dependem do resultado das acções e que, portanto, de nada adianta se preocupar antecipadamente com elas, assim como de nada serve se lamuriar quando os frutos delas ficam aquém dos nossos desejos.



Krishna diz para Arjuna, naquele diálogo imortal que é a Bhagavad Gita, que os problemas que tanto sofrimento lhe causam são, em verdade, insignificantes. Porém, a situação de Arjuna é grave, por onde olharmos para ela: ele se vê na contingência de guerrear contra a própria família.

A enigmática e contundente resposta de Krishna ao desespero do príncipe é:
“Estás-te lamentando por quem não deves lamentar-te, embora tuas palavras sejam sábias. O homem realmente sábio não tem lágrimas, nem para os vivos, nem para os mortos”.


O grande professor Hermógenes já disse o mesmo, com outras palavras:
“Não se preocupe com ninharias. Tudo é ninharia!”


Seja qual for o caso, cabe lembrarmos que há coisas que, inevitavelmente, estão fora da nossa alçada, que não poderemos mudar, transformar ou melhorar, por maior que seja o esforço que façamos. Como diz aquele ditado português, "aquilo que não tem remédio, remediado está".

Por outro lado, algumas acções que realizamos no intuito de transformar ou melhorar alguma situação, nem sempre produzem os resultados esperados. Como diz aquele outro ditado, "não adianta chorar sobre o leite derramado".

Se o resultado ficou aquém das expectativas, pois relaxamos, respiramos fundo, viramos a página e começamos de novo.


Pedro Kupfer



segunda-feira, 28 de março de 2016

Guarda-Chuva




Creio que o guarda-chuva é uma excelente invenção.
Repare: não é um objecto que acabe com a chuva, é sim algo que evita a chuva individualmente.
Não gosto dela, mas não acabo com ela, não a destruo.
O guarda-chuva é uma filosofia que usamos no quotidiano.
A água continua a cair nos campos, apenas evito que me estrague o penteado.
É um objecto bondoso, que não magoa ninguém.
Não há muitas coisas assim.

Afonso Cruz
in, Flores


Mitakuye Oyasin




Ao dizermos Mitakuye Oyasin, ou Por Todas as Nossas Relações, ao adentrarmos dentro da Temazcal, devemos ter em mente que estamos a honrar todas as nossas relações, com familiares, amigos, irmãos, mas principalmente a honrar a nossa relação com a Mãe Terra e com os nossos ancestrais do Caminho Vermelho que nos ofertaram essa Medicina.

A Temazcal representa o útero da Mãe Terra, onde todas as nossas preces são atendidas e elevadas ao Grande Espírito...

Nossas amadas Abuelitas Pedras nos oferecem os registos de tantos povos e nos liga à nossa ancestralidade.
fogo presente que aquece as pedras, vem mostrar-nos que nós podemos aquecer a nossa vida quando transmutamos as nossas dores.

A fumaça é por onde os nossos pedidos chegam ao coração do Grande Espírito...

Ao sentirmos o calor, não como um incomodo mas sim como o útero da grande mãe que nos gera para um novo ciclo da nossa vida, sentimos o bem - estar e o acolhimento materno.

Na Temazcal nos purificamos e permitimos em nossa escuridão interior podar as nossas raízes que não nos dão mais frutos, e assim plantar novas sementes de sabedoria , humildade e paz.

Devemos lembrar que a Mulher Búfalo Branco nos deixou grandes medicinas que nos trazem a cura e o bem-estar e para sentir os benefícios dessas medicinas, precisamos encarar os nossos medos frente a frente, para que possamos renascer para aquilo que de verdade somos.

Que possamos caminhar sempre em beleza com a humildade e o amor necessário...
Que as nossas raízes sejam firmadas com as raízes da Mãe Terra.

Por Todas nossas Relações.


Carol Shanti

Data de Expiração




Deeks: Escuta, tens algum conselho Gurkha para mim?
Porque a Kay-Kay está a discutir comigo desde que acordamos.

Thapa: A discutir desde que acordaram? Espera aí­...
Da última vez, ainda estavas a tentar entender os sentimentos dela.
Há quanto tempo?

Deeks: Desde o Natal.

Thapa: E já moram juntos?

Deeks: Não.
Quer dizer, passamos a maioria das noites juntos, e obviamente os dias também.

Thapa: Estás louco?

Deeks: Talvez.

Thapa: Quem é que vai tão depressa?
Da última vez, disse-te, sê paciente.

Deeks: Achas que vamos demasiado depressa?

Thapa: A maioria dos casais novos vão.
A passar todos os momentos juntos.
A juntar fotografias para mostrar a felicidade,
A apresentá-los à famí­lia e amigos.
Parece real antes de...Tornar-se real.

...

Thapa: Tenho andado no caminho do guerreiro por tanto tempo, que lar já não é um lugar.
É um sentimento.

Deeks: Como assim?
Como assim, um sentimento?

Thapa: É o sorriso da minha esposa.
Os risos dos meus filhos.
A amizade que nunca esperei.
Construí o meu lar nesses sentimentos, assim nunca preciso de partir.

Deeks: Então o Lar não está no Coração...

Thapa: O Lar é o coração!
Um dia, já não serei um Gurkha.
Vou ser um sentimento.
Agora saberás onde encontrar-me.

Há mais uma coisa que um guerreiro leva no coração, sahib.
Uma data de expiração.

Deeks: Não há nada que possamos fazer sobre isso, pois não?

Thapa: E ainda assim, passamos as nossas vidas a tentar fazer tantas coisas sobre isso, quando tudo
o que realmente precisamos é de estarmos prontos.

...

Sam: O Thapa levou um tiro.

Deeks: O quê? Não.

Thapa: Ainda não é a tua data de expiração,Sam.

Deeks: Vamos tratar de ti e levar-te para casa.

Thapa:  Já estou em casa.
Toma, Deeks.
Procura-me nos sorrisos, sahib.
Vais ver-me a acenar de volta para ti.

Deeks: Thapa.
Ele morreu.

...

Kensi: Como é que estás?

Deeks: Já estive melhor.

Kensi: Na tua casa ou na minha?

Deeks: Estava a pensar, e talvez devêssemos...
Não sei. Talvez devêssemos não nos ver algumas vezes.

Kensi: Ainda bem que disseste isso.

Deeks: A sério?
Então, porque é que não disseste antes?

Kensi: Estás bem?

Deeks: Estava a pensar sobre o que o Thapa disse dos sorrisos.

Kensi: Telefona se precisares de conversar.
O que foi?

Deeks: O teu sorriso é tão perfeito.

Kensi: Boa noite.
Devias ir para casa.

Deeks: Já estou em casa.



domingo, 27 de março de 2016

Momento energético tão forte chamado Páscoa




Não sou muito de escrever sobre os meus processos interiores, mas senti que todos nós precisamos de fazer esse processo de perdão e como nada é por acaso, fiz esse processo neste momento energético tão forte chamado Páscoa.
Ontem à tarde na televisão deu um filme que mexeu bastante com as minhas memórias ancestrais,  " A tenda Vermelha ", praticamente do inicio ao fim chorei bastante como se tivesse a sentir que todo aquele processo daquelas mulheres fosse meu...no final do filme recolhi e fui-me deitar e reunir com as memórias que o meu útero tinha, trabalho que já faço com ele alguns meses, mas nada tão forte como o que despoletou ontem à tarde...e o que sinto que todos nós, homens e mulheres, temos que fazer é o Perdão com toda a dor que recolhemos dentro de nós, toda a magoa e toda a revolta com aqueles momentos.

Nós Mulheres temos um útero e é lá que essas memórias estão, e os homens também têm um útero, mas não físico, e sim energético, e quando nos permitimos ver essas emoções, esses sentimentos que estão no nosso útero e entregá-los à Mãe Terra, algo de novo nasce em Nós, uma gratidão, uma dádiva e uma grande Cura acontece.

E ai sim estamos ao serviço da Cura de nós mesmos e dos outros, algo que todos ou alguns sabem, mas talvez ainda não o tenham sentido realmente.

Permitam-se sentir!


Maria Cordovil


Vem, sem medo




e tu sussurras:
- não, não afastes a boca da minha orelha.
derrama dentro dela aquilo que não consegues dizer em voz alta.
e eu digo:
- as tuas mãos queimam-me a fala.
tu sorris, dizes:
- vem , sem medo, pela aridez do meu corpo.
no fundo de mim existe um poço onde guardo a tua imagem. 
é tempo de ta devolver. 
é tempo de te reconheceres nela.


Al Berto


Flamboyants




A manhã estava linda: céu azul, ventinho fresco. Infelizmente, muitas obrigações me aguardavam. Coisas que eu tinha de fazer. Aí, lembrei-me do menino-filósofo chamado Nietzsche que dizia que ficar em casa estudando, quando tudo é lindo lá fora, é uma evidência de estupidez. Mandei as obrigações às favas e fui caminhar na lagoa do Taquaral.

Bem, não fui mesmo caminhar. Meu desejo não era médico, caminhar para combater o colesterol. Caminhar, para mim, é uma desculpa para ver, para cheirar, para ouvir… Caminho para levar meus sentidos a dar um passeio. Tanta coisa: os patos, os gansos, os eucaliptos, as libélulas, a brisa acarinhando a pele — os pensamentos esquecidos dos deveres. Sem pensar, porque, como disse Caeiro, “pensar é estar doente dos olhos”. Aí, quando já me preparava para ir embora, já no carro, vejo um amigo. Paramos. Papeamos. Ele, com uma máquina fotográfica. Andava por lá, fotografando. Não tenho autorização para dizer o nome dele. Vou chamá-lo de Romeu, aquele que amava a Julieta. Me confidenciou: “Vou fazer uma surpresa para a Julieta. Ela adora os flamboyants. E eles estão maravilhosos. Vou fazer um álbum de fotografias de flamboyants para ela… Você não quer vir até a nossa casa para tomar um cafezinho?”

Fui. Mas ele me advertiu: “Não diga nada para ela. É surpresa…” Esta história tem sua continuação um pouco abaixo. Recomeço em outro lugar.

As crianças da 3ª série do Parthenon, escola linda, me convidaram para uma visita. Elas tinham estado fazendo um trabalho sobre um livrinho que escrevi, O Gambá Que Não Sabia Sorrir. Queriam me mostrar. Foi uma gostosura. É uma felicidade sentir-se amado pelas crianças. Eu me senti feliz. Aí aconteceu uma coisa que não estava no programa. Uma menininha, na hora das perguntas, disse que ela havia lido a minha crônica Se Eu Tiver Apenas Um Ano a Mais de Vida…

Espantei-me ao saber que uma menina de nove anos lia minhas crônicas. Lia e gostava. Lia e entendia. Aí ela acrescentou: “Recortei a crônica e trouxe para a professora…” Confirmou-se aquilo de que eu sempre suspeitara: as crianças são mais sábias que os adultos. Porque o fato é que muitos adultos ficaram espantados e não quiseram brincar de fazer de contas que eles tinham apenas um ano a mais para viver. Ficaram com medo. Acharam mórbido.

As crianças, inconscientemente, sabem que a vida é coisa muito frágil, feito uma bolha de sabão. Minha filha Raquel tinha apenas três anos. Eram seis horas da manhã. Eu estava dormindo. Ela saiu da caminha dela e veio me acordar. Veio me acordar porque ela estava lutando com uma idéia que a fazia sofrer. Sacudiu-me, eu acordei, sorri para ela, e ela me disse: “Papai, quando você morrer você vai sentir saudades?” Eu fiquei pasmo, sem saber o que dizer. Mas aí ela me salvou: “Não chore porque eu vou abraçar você…”

As crianças sabem que a vida é marcada por perdas. As pessoas morrem, partem. Partindo, devem sentir saudades — porque a vida é tão boa! Por isso, o que nos resta fazer é abraçar o que amamos enquanto a bolha não estoura.

Os adultos não sabem disso porque foram educados. Um dos objetivos da educação é fazer-nos esquecer da morte. Você conhece alguma escola em que se fale sobre a morte com os alunos? É preciso esquecer da morte para levar a sério os deveres. Esquecidos da morte, a bolha de sabão vira esfera de aço. Inconscientes da morte aceitamos como naturais as cargas de repressão, sofrimento e frustração que a realidade social nos impõe. Quem sabe que a vida é bolha de sabão passa a desconfiar dos deveres… E, como disse Walt Whitmann, “quem anda duzentos metros sem vontade, anda seguindo o próprio funeral, vestindo a própria mortalha”.

O pessoal da poesia está levando a sério a brincadeira. Eu mesmo já fiz vários cortes drásticos em compromissos que assumi. Eram esferas de aço. Transformei-os em bolhas de sabão e os estourei. Pois o pessoal da poesia decidiu que, no programa de um ano de vida apenas, num dos nossos encontros não haveria leitura de poesia: haveria brinquedos e brincadeiras. Cada um trataria de desenterrar os brinquedos que os deveres haviam enterrado.

Obedeci. Abri o meu baú de brinquedos. Piões, corrupios, bilboquês, iô-iôs e uma infinidade de outros brinquedos que não têm nome. Seria indigno que eu levasse piões e não soubesse rodá-los. Peguei um pião e uma fieira e fui praticar. Estava rodando o pião no meu jardim quando um cliente chegou. Olhou-me espantado. Ele não imaginava que psicanalistas rodassem piões. Psicanalista é pessoa séria, ser do dever. Pião é coisa de criança, ser do prazer.

Acho que meus colegas psicanalistas concordariam com meu paciente. A teoria diz que um cliente nada deve saber da vida do psicanalista. O psicanalista deve ser apenas um espaço vazio, tela onde o paciente projeta suas identificações. Mas a minha vocação é a heresia. Ando na direção contrária. “Você sabe rodar piões?”, eu perguntei. Ele não sabia. Acho que ficou com inveja. A sessão de terapia foi sobre isso. E ele me disse que um dos seus maiores problemas era o medo do ridículo. Crianças são ridículas. Adultos não são ridículos. Aí conversamos sobre uma coisa sobre a qual eu nunca havia pensado: que, talvez, uma das funções da terapia seja fazer com que as pessoas não tenham medo das coisas que os “outros” definem como ridículo. Quem não tem medo do ridículo está livre do olhar dos outros.

Preparei o encontro de poesia de um jeito diferente. Nada de sopas sofisticadas. Fui procurar macarrão de letrinha, coisa de criança. Não encontrei. Encontrei estrelinhas. Fiz sopa de estrelinhas. E toda festa de criança tem de ter cachorro-quente. Fiz molho de cachorro-quente. E nada de vinho. Criança não gosta de vinho. Gosta é de guaraná.

Foi uma alegria, todo mundo brincando: iô-iôs, piões, corrupios, bilboquês, quebra-cabeças, pererecas (aquelas bolas coloridas na ponta de um elástico)… Rimos a mais não poder. Todo mundo ficou leve. Aí tive uma idéia que muito me divertiu: que na sala de visitas das casas houvesse um baú de brinquedos. Quando a conversa fica chata, a gente abre o baú de brinquedos e faz o convite: “Não gostaria de brincar com corrupio?” E a gente começa a brincar com o corrupio e a rir. A visita fica pasma. Não entende. “Quem sabe, ao invés do corrupio, um bilboquê?” E a gente brinca com o bilboquê. Aí a gente estende o brinquedo para a visita e diz: “Por favor, nada de acanhamentos! Experimente. Você vai gostar…” São duas as possibilidades. Primeira: a visita brinca e gosta e dá risadas. Segunda: ela acha que somos ridículos e trata de se despedir para nunca mais voltar…

Pois a Julieta — aquela do Romeu — me trouxe uma pipa de presente. Vou empinar a pipa em algum gramado da Unicamp. E aí ela nos contou da surpresa que lhe fizera o Romeu. Fotografias de flamboyants vermelhos — que coisa mais romântica! Árvores em chamas, incendiadas! Cada apaixonado é um flamboyant vermelho! E nos contou das coisas que o Romeu tivera que fazer para que ela não descobrisse o que ele estava preparando.

Mas o mais bonito foi o que ele lhe disse, na entrega do presente. Não sei se foi isso mesmo que ele disse. Sei que foi mais ou menos assim: “Sabe, Julieta, aquela história de ter um ano apenas a mais para viver… Pensei que você gostava de flamboyants e que você ficaria feliz com um álbum de flamboyants. E concluí que, se eu tiver um ano apenas a mais para viver, o que quero é fazer as coisas que farão você feliz…”

Um ano apenas a mais para viver: aí os sentimentos se tornam puros. As palavras que devem ser ditas, devem ser ditas agora. Os atos que devem ser feitos, devem ser feitos agora. Quem acha que vai viver muito tempo fica deixando tudo para depois. A vida ainda não começou. Vai começar depois da construção da casa, depois da educação dos filhos, depois da segurança financeira, depois da aposentadoria…

As flores dos flamboyants, dentro de poucos dias, terão caído. Assim é a vida. É preciso viver enquanto a chama do amor está queimando…


Rubem Alves


Os Três Tesouros da Vida e os Dantians


San Bao



"Conhecidos simplesmente como “os três tesouros”, San Bao,  eles se referem a três conceitos de energia da medicina tradicional chinesa que são essenciais para o desenvolvimento da vida: 
jing, qi (chi ou ki), e shen.

Jing, escrito com mesmo kanji “sei” de Yousei, é a essência, a energia primordial única de cada pessoa, com a qual ela nasce, e que é passada pelos pais através da concepção. É a energia vital essencial no sistema reprodutor que permite a procriação da espécie humana. Ela está intimamente relacionada ao conceito de DNA, e governa o processo de crescimento e de desenvolvimento do corpo.

Qi, também conhecido como chi ou ki, é a energia vital do corpo. Ela resulta da interação das energias yin e yang no corpo humano e seu fluxo constante proporciona um corpo saudável. Bloqueios no fluxo de qi geram doenças, que podem ser curadas atráves da acupuntura ou do reiki, ou de ervas medicinais.

Shen, escrito com o mesmo kanji de “kami”, significa “mente” ou “espírito”, e relaciona-se com os processos mentais que ocorrem nos planos superiores. Não se restringe apenas ao sistema nervoso do corpo humano, mas também ao aspecto espiritual do indivíduo. Enfraquecida, a energia Shen se manifesta como ansiedade, depressão leve ou inquietação crônica. Quando muito fraca, é um indício de problemas psicológicos. A energia Shen pode ser fortalecida através da meditação e de exercícios físicos como o Tai Chi e o Chi Kung.

Cada uma dessas energias está relacionada a  três centros de energia do corpo humano chamados de Dantian: 
Jing está localizado do Dantian Inferior; 
Qi, no Dantian do Meio; 
Shen, no Dantian Superior. 
O equilíbrio e a circulação da energia qi  em cada um dos três Dantians proporciona uma vida longa e saudável."


Aoi Kuwan






Jing, qi e shen são três das principais noções compartilhadas pelo taoismo e pela cultura chinesas.
As ideias e práticas associadas com cada termo, e com os três termos como um todo, são complexos e variam consideravelmente em diferentes contextos e períodos históricos.

Os três tesouros, Sānbǎo em chinês, originalmente se referia aos "três tesouros" taoistas (do Tao Te Ching, cap. 67, "piedade", "frugalidade" e "recusa em ser mais importante de todas as coisas debaixo do céu") e, posteriormente, traduziu para o chinês os três tesouros budistas (Buddha, Dharma e Sangha).




Os "três tesouros" são as energias essenciais à manutenção da vida humana:

Jing (精): "essência nutritiva, essência; refinado, aperfeiçoado, extracto; espírito, demónio; esperma, semente".
Qi (气): "energia, vitalidade, força, ar, vapor, respiração, espírito, vigor, atitude".
Shen (神): "espírito; mente, alma, deus, divindade; ser sobrenatural".

A forma do corpo (xing) é a residência da vida, o qi enche esta vida enquanto o shen a controla.
Se qualquer um deles perder a sua posição correcta, todos eles virão a prejudicar.

O texto taoista Gaoshang Yuhuang Xinyin Jing, "Escritura Mente Selada", é uma fonte valiosa sobre o início de Três Tesouros.
Provavelmente datado da dinastia Song do Sul (1127-1279), este texto anónimo apresenta uma discussão simples e concisa da alquimia interna (neidan; 内丹). 
Em particular, enfatiza os chamados três tesouros (Sanbao 三宝), ou seja, a essência vital (jing; 精) a respiração subtil (qi; 气) e o espírito (shen; 神).

O breve ensaio de Frederic H. Balfour,  contém a mais antiga referência conhecida do Ocidente para os três tesouros: "Existem três graus de elixir supremo - o espírito, a respiração, e o vigor essencial".

"Conheço bem esta fórmula secreta maravilhosa e verdadeira: 
Economizadora e curadora das forças vitais, isso e nada mais. 
Todo o poder reside no sémen (jing), na respiração (qi), e no espírito (shen); 
guardai-os com cuidado, de forma segura, para que não haja um vazamento. 
Para que não haja um vazamento! 
Mantenha-os dentro do corpo!"





Dantian, é um termo da arte marcial chinesa e japonesa, que refere-se como um ponto focal importante para técnicas internas de meditação.
É um termo de origem chinesa relacionado às práticas de meditação, exercícios, como o Chi kung, medicina tradicional e artes marciais orientais, como o Tai chi chuan.
No Hinduísmo e no Budismo chamam-se de Chakras. O conceito é o mesmo mas, com sete pontos energéticos.

Dan Tian quer dizer "Campo do Elixir".
Os três Dan Tian são os centros mais importantes do sistema energético humano, que apesar de serem independentes, são interligados entre si.

Pode ser traduzido literalmente como "campo de cinábrio": o sentido desta expressão é relacionado à alquimia chinesa, na alquimia o termo cinábrio se relaciona aos processos de transmutação dos elementos, para os taoístas designa uma área dentro do corpo que tem um papel fundamental nas transformações espirituais que procuram.

O conceito de Dantian é um princípio teórico básico nas diversas linhagens de meditação e de artes marciais orientais especialmente nas artes marciais chinesas internas e no Aikido japonês.

É também considerado muito importante na medicina tradicional chinesa. O fortalecimento da saúde através da revitalização desta região fundamenta as práticas de Qi Gong, Nei Gong, Tao Yin, e os treinamentos da respiração.

Encontramos no livro "O Segredo da Flor de Ouro" ilustrações que podem ser tomadas como metáforas das diversas etapas da realização no Tao Yin.
Uma destas representações apresenta o meditante a gerar um feto imortal dentro de si, concebendo um novo corpo de energia no seu Dantien.




Alguns textos aprofundam a explicação deste conceito de Dan Tian, definindo três áreas distintas de cultivo da energia vital:

Dan Tian inferior (Xia) - na região da Pélvis, dois dedos abaixo do umbigo, que é chamado também de "campo de cinábrio", onde o processo de desenvolvimento do elixir pelo refinamento e purificação da essência (jing) em vitalidade (qi) começa. É associado à energia física e à vitalidade.
Dan Tian médio (Zhong) - na região do Coração, relacionado à respiração e à saúde dos órgãos internos. É nessa região onde a vitalidade ou o Qi é refinado em espírito ou Shen.
Dan Tian superior (Shang) - (na altura do Terceiro olho), no crânio, associado com a glândula pineal. Esta região é onde o espírito ou Shen é refinado em vazio ou Wu wei ligado à consciência e à mente. Em textos antigos taoistas, afirma-se que há um ponto chamado XUÁN PIN, que é a residência do Espírito, onde se reúnem os três tesouros, e onde se concebe o Embrião Sagrado que leva à Iluminação Espiritual.   



sábado, 26 de março de 2016

THIS LOVE WE SEEK IS NOT REAL




There will  be times when we
feel like we are meant to be
alone, like this love we seek
is not real and we created it
to make sense of our emptiness.

And because of that, sometimes
some of us become bitter with
the idea that love is only the
anticipation of finding someone
we will never live to meet.

So we live our lives looking for
something to fill us and give us
meaning. Only to discover that
in the end, love was never meant
to be received by one person
but rather all the people who
made us feel at home.

| R.M. Drake |


Gostar não chega




Gostar não chega, nunca chegou, nunca foi suficiente.
É preciso muito mais.
No fundo, é por isso que as coisas correm mal, porque se acha que só isso chega.
Gostar dá muito trabalho, ocupa muito de nós, necessita de tempo e dedicação.
Não devia ser permitido gostar, quando não há mais nada para dar.
Gostar apenas não chega, e por si só vai deixando um rasto de mágoa e lágrimas pelo caminho, enquanto achamos que a solução é gostar cada vez mais.
Por nós, pelos outros, por todos.
E gostar é fácil mas não basta, é apenas um bom começo...

Suspiro

TÓTEM - PANTERA NEGRA




De todas las panteras, la pantera negra es la que  tiene el mayor misticismo asociado. 
La pantera negra es  un símbolo de la madre, la luna oscura y la energía de la noche.
La pantera negra nos invita a comprender los poderes de la sombra disponible para todos nosotros, para reconocer y dominar  estos poderes y eliminar los temores de la oscuridad.

Cuando  tótem pantera negra  aparece en su vida, es también un símbolo de la liberación de sus pasiones, y le invita a  comenzar una nueva etapa de su vida. Una nueva  fase en la que se están descubriendo sus deseos, y vivir sus sueños.


El tótem animal pantera nos hace estas preguntas:

¿Qué está tratando de decirme mi lado más oculto? 
¿Tal vez las pasiones están entorpeciéndome  la vida? 
¿He perdido el camino espiritual? 
¿Me estoy abandonando a mí mismo? 
¿Estoy a la defensiva, y de quien me estoy protegiendo?


Cuando el animal totémico pantera viene a nosotros (ya sea en forma de imágenes o visiones reales) debemos comenzar prestando atención a la fuerza de nuestro ser interno – nuestra fortaleza interna, y la condición de nuestra fuerza espiritual y valor. 
Las panteras también nos llaman a considerar nuestro lado más oscuro – analizar este aspecto de nosotros mismos y determinar su motivación.

La pantera, leopardo, puma y jaguar son capaces de neutralizar el lado oscuro, son un poderoso tótem para guiarnos en nuestro ser interior. 
Y sobre todo es un tótem con mucha fuerza, espiritual física y energética.

Tener a la pantera como  tótem, ya sea tótem jaguar, puma o leopardo  da valentía y fortaleza  extra en momentos de caos y crisis, o para que éstos  no se presenten pues la pantera tótem  es capaz de neutralizar las fuerzas negativas que nos acechan y protegernos de ellas.


in, Totem Animal

sexta-feira, 25 de março de 2016

I will remember...




I will remember your small room, 
the feel of you, 
the light in the window, 
your records, your books, 
our morning coffee, 
our noons, our nights, 
our bodies spilled together, 
sleeping, 
the tiny flowing currents, 
immediate and forever.
Your leg, my leg, your arm, my arm, 
your smile and the warmth of you 
who made me laugh again.

Charles Bukowski


...............fundamento da condição guerreira




Temos medo de enfrentar-nos a nós próprios.
Esse é o obstáculo.
Enfrentar o núcleo mais sombrio da nossa existência é muito embaraçoso para muita gente.
A maior parte das pessoas volta-se para algo ou alguém com a esperança que os possa libertar sem terem de se enfrentar. Isso é impossível. Não pode nem vai acontecer.
Temos de ser honestos connosco.
Temos de confrontar-nos com a nossa sombra, as nossas mentiras, as nossas facetas mais indesejáveis.
Temos que encara-las.
Esse é o fundamento da condição guerreira.
O que quer que lá esteja, temos de encarar, enfrentar, aprender e transcender.


Chögyam Trungpa Rinpoche


..........................mérito ou fracasso





Aquilo que não é consequência de uma escolha não pode ser considerado como mérito ou fracasso. Diante de uma condição que nos é imposta, é preciso encontrar a atitude certa.
(...)
Era justamente o fraco que deveria saber ser forte e partir.


Milan Kundera 
in, "A Insustentável Leveza do Ser"



quinta-feira, 24 de março de 2016

WE ARE MOMENTS




We are magic.
we are moments.
we are dreams and
we are memories.
we are everything.
and in the depths
we swim deeper to
discover that we
are not born whole
so we cannot be
broken. we are born
searching, searching
for the other piece
that other person
to guide us home.

| R.M. Drake |


O sábio se entrega



O sábio se entrega 
para tudo que o momento traz. 
Ele sabe que irá morrer
e não possui mais nada a que se agarrar:
não há ilusões em sua mente.
nem resistência em seu corpo.
Ele não pensa sobre suas acções;
elas fluem do âmago do seu ser.
Ele não se prende a nada que conquistou na vida;
por isso ele está pronto para a morte,
como um homem está pronto para dormir.

Anónimo




Não há morte...
É apenas uma mudança de estado!


Ishtar




Em muitos idiomas, como o português, o nome Páscoa deriva-se do hebraico “Pesach” que significa “Passagem” ou “Passover” no inglês, mas as nações de língua inglesa chamam a Páscoa de “Easter”, palavra derivada do nome da deusa teutônica “Ostra” (em escandinavo) ou “Ostern” e “Eastre” (para os nórdicos), que tem sua origem na mitologia desses povos, cuja essência principal era a da fertilidade na primavera. 
“Ester” do Antigo Testamento é uma repetição da deusa Ishtar.


Ishtar é a deusa dos acádios, 
herança dos seus antecessores sumérios, 
cognata da deusa Astarte dos filisteus, 
de Isis dos egípcios, 
Inanna dos sumérios e 
da Afrodite, dos Gregos.


Astarte, Astoreth ou Isis, de quem vem Páscoa (“Easter”), cujo reino e significado longínquo pouco é dito ou reconhecido pela nossa actual sociedade, era representada pelo planeta Vénus.

Inanna-Ishtar leva-nos de volta a um tempo onde o Feminino era activo, dinâmico, poderoso, com os dons da paixão, do riso, e da graça envolvente. Os sumérios viam Inana como uma metáfora para o Divino na Matéria, e eu vou mais longe, para afirmar que Inana/Ishtar é alegria, conexão, paixão, entusiasmo e força; a guerreira que mantém sua posição com integridade, como não-vítima.


Ela representa a força e o encantamento 
da existência sob a forma feminina, 
e para tanto é autocentrada, 
auto definida e independente.


Inana/Ishtar é o arquétipo mesopotâmico do Feminino Dinâmico e Não Maternal. O arquétipo da Grande Mãe nos alimenta a partir do útero e dá-nos sustento ao longo de toda infância e anos subsequentes do ponto de vista da protecção e aceitação total. Por outro lado, as deusas dinâmicas e não maternais aparecem quando estamos no limiar do portal que nos levará à maturidade e plenitude, quando nos sentimos aptos para tomar as rédeas de nossas vidas com nossas próprias mãos.

Uma pessoa madura e bem integrada não precisa de uma mãe para lhe dizer o que fazer. O que uma pessoa madura precisa é a inspiração de uma guia e musa para ultrapassar barreiras interiores e exteriores em todos os mundos. Isto é o que a Deusa Inana/Ishtar é e faz como a Deusa Dinâmica e Não Materna, e Senhora do Amor e da Guerra.

Na Antiguidade era comum o culto aos deuses através de rituais e Ishtar tinha alguns rituais de carácter sexual, uma vez que era a deusa da fertilidade.

Um ritual importante ocorria no equinócio da primavera, onde os participantes pintavam e decoravam ovos (símbolo da fertilidade) e os escondiam e enterravam em tocas nos campos.

O Equinócio da Primavera marcava, para os antigos, o início do Ano e princípio do ciclo sazonal das Estações. O momento de fertilizar a terra e renovar sua força e vitalidade que seria transformada no inicio do Verão em Abundância e Fartura.


A Páscoa, portanto, simboliza a capacidade 
que o ser humano possui de renascer e de renovar-se 
a cada ciclo do tempo. 
Esta capacidade está associada à condição de 
libertar-se de tudo o que é velho 
e abrir-se para o novo.


Na simbologia cósmica, significa o renascimento da Terra em sua força de fertilidade (primavera) após um período de morte (inverno).

O Ovo em muitas culturas representa o símbolo da imortalidade, da ressurreição e da abundância da vida que se manifesta na Primavera. É o símbolo representativo da Criação entre os Chineses, os Egípcios, os Gregos, os Romanos, os Persas e outros povos.

A Lebre está, aqui, associada à Lua que é também o planeta regente da Reprodução, da Fertilidade e da Maternidade. A Lebre, pela sua grande fertilidade e facilidade reprodutiva, tem sido objecto dos mais variados mitos populares. A Lebre chega a ter 42 crias por ano e associa-se também a ideia de Longevidade e de Imortalidade.

Nesta data, as vibrações estão centradas na comemoração da “Páscoa – Passagem” e as energias geradas nestas celebrações estão voltadas para os processos de libertação, comunhão com o Sagrado e o renascimento.

Aproveite este momento fazendo uma imersão. Vibre nestas energias, libertando-se do que não tem mais sentido e preparando-se para renascer para uma vida melhor.


Dani Rossi


quarta-feira, 23 de março de 2016

Bhutan is carbon Negative


Bhutan is carbon Negative
Amazing speech by HE Prime Minister of Bhutan, Tshering Tobgay
Publicado por GNH Films Production ( Bhutan) em Sexta-feira, 18 de Março de 2016

Física Quântica - A experiência da fenda dupla e a consciência




Clássica experiência da física quântica chamada "Experiência da Fenda Dupla", onde demonstra o carácter dual da "matéria" que pode comportar-se ora como partícula, ora como onda.
A animação é com o personagem Dr. Quantum do filme "Quem Somos Nós? Uma Evolução."

A experiência da fenda dupla de Thomas Young tem confundido as pessoas por um longo tempo.
O que essa experiência demonstrou foi que a nossa consciência afecta a nossa realidade.


Ausência




Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.


Carlos Drummond de Andrade


.....................um EU que não conhecíamos




As ondas são tão subtis e redondinhas que não batem na proa, apenas acariciam a barca que se faz lenta pelo mar adentro em tranquilidade, quando possível.

Entrámos num novo tempo…mais um.

Enquanto nos valemos nas coisas do dia-a-dia, planeadas de acordo com a nossa parte mais física, vamos encontrando pequenos tesouros pelo caminho. Descortinamos um “eu” que não conhecíamos bem e à medida que nos vamos despindo do personagem, arquejamos ainda quando nos apanhamos sozinhos com esse “eu”….um pouco desconfortáveis, por vezes, por verificarmos que não temos de usar as velhas técnicas, nem podemos porque elas não colam.

De um momento para o outro, foge-nos esse novo “eu” e ficamos agora inquietos no antigo lugar…já não é a mesma coisa, não nos traz a esperada paz do lugar seguro; aquilo que foi a nossa zona de conforto já em nada nos conforta.

E vamos oscilando assim, ora experimentando a velha “ordem” e não nos sentindo bem, ora experimentando a nova “ordem”…..e também não nos sentindo muito à vontade.
É assim mesmo! Vamo-nos adaptando aos poucos e, para sermos honestos, preferíamos ficar já com o novo “eu” e irmo-nos ajeitando até estarmos à vontade, mas acontece que ainda há programas para descartar no velho “eu”, associações de toda a espécie para largar e o trabalho é esse.

Quanto mais nos debruçarmos no que consistia o antigo “eu”, o que o formou, em que bases se ergueu, com que crenças cresceu, mais depressa encaixamos a vibração do novo “eu”.
Até lá, vamos passando por estes períodos de tristeza súbita, uma saudade de sabe-se lá o quê e com certeza que muitos juntam a isto alguns problemas abdominais, ansiedade, nervosismo que aparece e desaparece sem saber de onde veio e para onde foi….claro que podemos adicionar aqueles dias em que temos comichões por todo o lado, dores de cabeça que dão a impressão de termos anõezinhos dentro do crânio a empurrar as paredes do mesmo como que para ganhar espaço…e vamos tendo paciência para tudo isto, ou melhor, vamos fazendo os possíveis para ter paciência para tudo isto.

Há uma faixa grande de pessoas que vão observando com desconfiança toda esta verdadeira convulsão, negando que estejam a passar pelo mesmo. Não há qualquer problema com isso, uma vez que todos estamos sujeitos à mesma energia que vai chegando ao planeta, tal como a luz do sol que brilha para os que vêm e para os que não a vêm….mas sentem!

Amanhã temos uma Lua Cheia para nos abrir caminho para aquilo a que muitos celebram como a Páscoa.

Entrámos num novo tempo….mais um, e este tempo de Páscoa, tirando os coelhos que põem ovos, será excepcionalmente rica em energia. Não é uma energia nova, é algo que já conhecemos mas vem em maior dose e mais força.

O que quer que consigamos a nível individual e colectivo, será bem-vindo, porque nunca nos aventurámos tão longe…tudo isto é novo e não há manuais, mapas, marcos ou referências…as nossa pegadas são as únicas!

Ninguém nos vai poder dar indicações porque desta vez estamos por nossa conta….por isso muitos se recusam e resistem.
Mas os grupos serão cada vez maiores e, juntos, faremos mais e melhores milagres!


Alexandre Viegas