segunda-feira, 7 de março de 2016
O nosso berço agora é outro
Da ternura e do afecto, do estado de felicidade que surge num momento de coisa nenhuma, do deixar que os braços balancem livres ao nosso lado, dos olhos que se sentem tão vivos ao decidirem quando dão corpo às emoções…destes estados de alma que só deixamos acontecer porque só isso faz sentido, mostramo-nos mais a nós próprios do que na acção e movimento pelo exterior.
Fazem-nos falta os momentos de silêncio interior, de quietas horas e sublimes partilhas do coração.
Fazem-nos cada vez mais falta as verdades nuas que aparecem para nos dar alento e encorajar.
Fazem-nos ainda mais falta o fechar de olhos a meio do dia, só para inspirarmos e sabermos que tudo está bem.
Não se escusem de embaraços os que ainda temem sentir e mostrar as cores da alma; nem se neguem mãos e dedos, braços e peito, no toque, no gesto sem imposição nem invasão.
Falta-nos muitas vezes a recordação das mãos humanas que nos lavaram no berço, e o nosso berço agora é outro…mas a necessidade é a mesma, pura, inocente e tão verdadeira.
Alexandre Viegas
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