sábado, 12 de março de 2016

48h non-stop on a board World Record!

                                     

MINI Kitesurf Odyssey 2015
Data de estreia: 2 Fev 2016
Data da Odisseia: Julho 2015
Ano: 2015
Realização: Francisco Lufinha
Produção: Rocky Studio
Género: Documentário, Adventura, Desporto
Tempo: 51 minutos

Francisco Lufinha é um jovem velejador que tem o objectivo de ligar todo o território Português de Kitesurf, batendo records mundiais, enquanto promove o país e fomenta a ligação das pessoas ao Mar. O documentário transporta o espectador para o seu último record mundial onde se aventurou entre Lisboa e a Madeira.
Imagens inéditas captadas no meio do oceano Atlântico, durante as 48 horas em que o atleta esteve sem parar em cima da prancha, assim como vários flashbacks para momentos da preparação.

Novo recorde do Mundo – 874 KM em 47h37 horas!

Uma história inspiradora, em torno de uma conquista e determinação enormes em Mar Português.




O Infante 

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. 
Deus quis que a terra fosse toda uma, 
Que o mar unisse, já não separasse. 
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma, 

E a orla branca foi de ilha em continente, 
Clareou, correndo, até ao fim do mundo, 
E viu-se a terra inteira, de repente, 
Surgir, redonda, do azul profundo. 

Quem te sagrou criou-te português. 
Do mar e nós em ti nos deu sinal. 
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. 
Senhor, falta cumprir-se Portugal! 


Fernando Pessoa


O mostrengo 

O mostrengo que está no fim do mar 
Na noite de breu ergueu-se a voar; 
À roda da nau voou três vezes, 
Voou três vezes a chiar, 
E disse, “Quem é que ousou entrar 
Nas minhas cavernas que não desvendo, 
Meus tectos negros do fim do mundo?” 
E o homem do leme disse, tremendo: 
«El-Rei D. João Segundo!» 

“De quem são as velas onde me roço? 
De quem as quilhas que vejo e ouço?” 
Disse o mostrengo, e rodou três vezes, 
Três vezes rodou imundo e grosso. 
«Quem vem poder o que só eu posso, 
Que moro onde nunca ninguém me visse 
E escorro os medos do mar sem fundo?» 
E o homem do leme tremeu, e disse: 
«El-Rei D. João Segundo!» 

Três vezes do leme as mãos ergueu, 
Três vezes ao leme as reprendeu, 
E disse no fim de tremer três vezes: 
«Aqui ao leme sou mais do que eu: 
Sou um povo que quer o mar que é teu; 
E mais que o mostrengo, que me a alma teme 
E roda nas trevas do fim do mundo, 
Manda a vontade, que me ata ao leme, 
De El-Rei D. João Segundo!» 


Fernando Pessoa



Mar Português 

Ó mar salgado, quanto do teu sal 
São lágrimas de Portugal! 
Por te cruzarmos, quantas mães choraram, 
Quantos filhos em vão rezaram! 
Quantas noivas ficaram por casar 
Para que fosses nosso, ó mar! 

Valeu a pena? Tudo vale a pena 
Se a alma não é pequena. 
Quem quer passar além do Bojador 
Tem que passar além da dor. 
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, 
Mas nele é que espelhou o céu. 


Fernando Pessoa


Prece 

Senhor, a noite veio e a alma é vil. 
Tanta foi a tormenta e a vontade! 
Restam-nos hoje, no silêncio hostil, 
O mar universal e a saudade. 

Mas a chama, que a vida em nós criou, 
Se ainda há vida ainda não é finda. 
O frio morto em cinzas a ocultou: 
A mão do vento pode erguê-la ainda. 

Dá o sopro, a aragem — ou desgraça ou ânsia — 
Com que a chama do esforço se remoça, 
E outra vez conquistaremos a Distância — 
Do mar ou outra, mas que seja nossa! 


Fernando Pessoa


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