sábado, 16 de janeiro de 2016

.........................baloiçando de um pólo para o outro





Nunca conseguimos aceitar e integrar a verdade sobre a condição super afortunada que temos.
Entrou de tal forma no nosso sistema que só com muito trabalho se consegue qualquer coisa que nem sequer concedemos uns minutos a pensar no contrário.

Dos textos milenares recordamos o facto de ter de labutar para sobreviver….caberá nalgum conceito justo que uma raça de voluntários, como nós somos, dotados de poderes inacreditáveis, tenham que ser escravos a partir de um conceito?
Escapou o texto do éden, talvez porque a preocupação maior fosse contar sobre a expulsão, mas nem ela nem ele trabalhavam para sobreviver. Essa primazia só foi dada aos “deuses”, que segundo parece faziam o que bem queriam e lhes apetecia, tendo todo o tempo do mundo….ah, e o maná, esse alimento caído do céu.

Vivemos milhares de anos aprisionados pelo mundo das coisas, fazendo coisas, usando coisas, numa pseudo-brincadeira para nos entretermos, fazendo-nos crer que é para isso que cá estamos.

Quantos de nós não se sentem vazios quando se vêem afastados do “trabalho”, por não perceberem o que é suposto fazer com o tempo. A sensação de inutilidade está muito ligada à pertença, ao grupo e sentimos vergonha quando não colaboramos com esforço, sofrimento e suor.
Mas porque foi isso que quiseram de nós…manter-nos longe do nosso tempo interior.

Tudo o que fazemos por nós estamos a fazer por todos, e essa é a nossa verdadeira contribuição.
Sermos felizes com o que fazemos é o maior bem que pode servir toda a humanidade. 
Gera-se uma onda que se propaga, não só aos que nos rodeiam, mas em círculos maiores que multiplicam a sua intensidade ao encontrar outras ondas de igual frequência.

A coisa física e palpável que nos distrai, a tecnologia das massas, continuará a existir até que nos cansemos. Precisamos de experimentar tudo no seu extremo para entendermos o seu vazio.

Desde que o pensamento é concebido até à sua concretização damos demasiados passos intermédios, do desenho ao planeamento, da engenharia da forma à sua matéria-prima…e mais cálculos e mais dosagens, até ao produto acabado.

Em nós está o poder de materializar o que quer que seja...mas ainda não sabemos lidar com isso...temos tempo.

Entretanto, vamos baloiçando de um pólo para o outro, num eterno movimento de tudo ou de nada...um dia paramos mesmo a meio!


Alexandre Viegas


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