quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Mulher do Ano 2016 da Billboard - Madonna




Madonna ganhou o título de Mulher do Ano.
O prémio foi-lhe atribuído pela revista de música norte-americana Billboard.

58 anos, 33 de carreira, como cantora, actriz, produtora, escritora, realizadora, e... rainha da pop, resumindo. Mãe de quatro filhos, Madonna não se conteve e, na cerimónia de entrega do prémio, fez um discurso emotivo em Nova Iorque, no qual abordou os desafios da maternidade, num ano em que a filha mais velha, Lourdes, saiu de casa para ir para a universidade, e que se envolveu numa batalha pela custódia do filho Rocco, com o ex-marido, o realizador britânico Guy Ritchie.

"A maior conquista deste ano foi conseguir terminar a minha digressão, fazer os meus espectáculos todas as noites e lidar com os desafios de ser mãe. Esse será sempre o principal desafio para mim: conseguir ser boa mãe e boa artista", descreveu Madonna.

De recordar que a cantora é a mulher que mais lucrou com digressões na história da música.

Nunca gostei da música da Madonna.
Assim como também não me identifico com ela em muitas coisas.
Por exemplo, quando ela fala no seu discurso sobre o direito das mulheres a envelhecer...uma coisa é o que se diz, outra bem diferente é o que se faz...a meu ver, a sua forma de envelhecer revela que, apesar do que diz, não se deu o direito de envelhecer como fala no seu discurso, com tantas plásticas e exercício físico levado ao extremo, para "agradar" ao predador que tanto critica no seu discurso.

Mas, não deixa de dizer umas verdades.
E por isso, publico o discurso que fez, ao receber o prémio de Mulher do Ano 2016 da Billboard.
Cada um que o interiorize da forma que lhe for mais positiva.

Segue abaixo na integra o seu discurso:

“Estou aqui em frente a vocês como um capacho. Quer dizer, como uma artista feminina. Obrigada por reconhecerem minha habilidade de dar continuidade à minha carreira por 34 anos diante do sexismo e da misoginia gritante, e do bullying e abuso constante.

As pessoas estavam a morrer de AIDS em todos os lugares. Não era seguro ser gay, não era bom ser associada à comunidade gay. Era 1979 e Nova York era um lugar muito assustador. No meu primeiro ano [na cidade] eu fiquei sob a mira de uma arma de fogo, fui estuprada num terraço com uma faca na minha garganta e tive meu apartamento invadido e roubado tantas vezes que parei de trancar as portas. Com o passar do tempo, perdi para a AIDS, ou para as drogas, ou para as armas, quase todos os amigos que tinha. Como vocês podem imaginar, todos esses acontecimentos inesperados não apenas me ajudaram a me tornar a mulher ousada que está aqui, mas também me lembraram que sou vulnerável, e que na vida não há segurança verdadeira excepto a sua autoconfiança.

Eu me inspirei, é claro, em Debbie Harry e Chrissie Hynde e Aretha Franklin, mas a minha verdadeira musa era David Bowie. Ele personificava o espírito masculino e feminino e isso me agradava. Ele me fez pensar que não havia regras. Mas eu estava errada. Não há regras se fores um homem. Há regras se fores uma mulher. Se fores mulher, tens que jogar o jogo. Você tem permissão para ser bonita, fofa e sexy. Mas não para ser inteligente. Não aja como você tivesse uma opinião que vá contra o status quo. Você pode ser objectificada pelos homens e pode se vestir como uma prostituta, mas não assuma e se orgulhe da vadia em você. E não, eu repito, não compartilhe suas próprias fantasias sexuais com o mundo. Seja o que os homens querem que você seja, e mais importante, seja alguém com quem as mulheres se sintam confortáveis quando você estiver perto de outros homens. E por fim, não envelheça. Porque envelhecer é um pecado. Você vai ser criticada e humilhada e definitivamente não tocará nas rádios.

Eventualmente fui deixada em paz porque me casei com Sean Penn e estava fora do mercado. Por um tempo eu não fui considerada uma ameaça. Anos depois, divorciada e solteira, fiz meu álbum ‘Erotica’ e meu livro ‘Sex’ foi lançado. Eu me lembro de ser a manchete de cada jornal e revista. Tudo que lia sobre mim era mau. Eu era chamada de vagabunda e de bruxa. Uma das manchetes me comparava ao diabo. Eu disse ‘Espera aí, o Prince não anda a correr por aí em meia-calça, salto alto, batom e a mostrar o rabo?’ Sim, ele estava. Mas ele era um homem. Essa foi a primeira vez que eu realmente entendi que as mulheres não têm a mesma liberdade que os homens.

Eu me lembro de desejar ter uma mulher para me apoiar. Camille Paglia, a famosa escritora feminista, disse que eu fiz as mulheres retrocederem ao me objectificar sexualmente. Então eu pensei, ‘Se você é uma feminista, você não tem sexualidade, você a nega’. E eu disse ‘Dane-se. Eu sou um tipo diferente de feminista. Sou uma feminista má’.

Eu acho que a coisa mais controversa que eu já fiz foi ficar aqui. Michael se foi. Tupac se foi. Prince se foi. Whitney se foi. Amy Winehouse se foi. David Bowie se foi. Mas eu continuo aqui. Eu sou uma das sortudas e todo dia eu agradeço por isso.

O que eu gostaria de dizer para todas as mulheres que estão aqui hoje é: Mulheres têm sido oprimidas por tanto tempo que elas acreditam no que os homens falam sobre elas. Elas acreditam que elas precisam apoiar um homem. E há alguns homens bons e dignos de serem apoiados, mas não por serem homens, mas porque eles valem a pena. Como mulheres, nós temos que começar a apreciar nosso próprio mérito. Procurem mulheres fortes para que sejam amigas, para que sejam aliadas, para aprender com elas, para que se inspirem, apoiem e instruam.

Estou aqui porque quero agradecer, mais do que para receber este prémio.
Agradecer não apenas a todas as mulheres que me amaram e me apoiaram ao longo do caminho; vocês não têm ideia de quanto o vosso apoio significa.
Mas para aqueles que duvidam, e para todos os que me disseram que eu não poderia, que eu não iria e que eu não deveria, a vossa resistência me fez mais forte, me fez insistir ainda mais, me fez a lutadora que sou hoje. Me fez a mulher que sou hoje.
Então, obrigada.”



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