sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
a minha vida-tecido
moldei-me, uma vida, a determinadas coisas da vida.
descobri, já depois de grande,
que afinal ela – a vida – pode ser entendida como uma substância infinda de formas, cores, feitos, estratos, medos, texturas, sons, contendas, paradigmas.
descobri, já depois de grande,
que quero entendê-la como tecido:
palpá-la, cortá-la, cosê-la de maneira diferente
virá-la do avesso, remendá-la, aumentá-la
e – se preciso for – cortar dela o que é exíguo.
quero fazer da vida uma fatiota impecável, não só de domingo como diziam os antigos.
quero fazer da minha vida a roupa que me fizer (mais) sentir.
Laura Avelar Ferreira
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