domingo, 5 de junho de 2016

O Amor não se faz...




Sentia uma vontade violenta de me desmoronar em ti.
Não, não era fazer amor. Fazer amor não existe, porra, o amor não se faz.
O amor desaba sobre nós, já feito, não o controlamos - por isso o sistema se cansa tanto a substituí-lo pelo sexo, coisa gráfica, aparentemente moldável.
Também não era foder, fornicar, copular - essas palavras violentas com que tentamos rebentar o amor.
Como se fosse possível.
Como se o amor não fosse exactamente essa fornicação metafísica que não nos diz respeito - sofremos-lhe apenas os estilhaços, que nos roubam vida e vontade.
Eu queria oferecer-te o meu corpo para que o absorvesses no teu.
Para que me fizesses desaparecer nos teus ossos.


Inês Pedrosa


Sem comentários:

Enviar um comentário