sábado, 11 de junho de 2016

Ama-se um Corpo como Instrumento de Amar




Ama-se um corpo como instrumento de amar, como forma de onanismo de que o trabalho é dele.
Ou como êxtase de um terror paralítico.
Ou como orientação ao impossível que não está lá.
Com raiva desespero de quem já não pode mais e não sabe o quê.
Como avidez insuportável não de o ter tido na mão, porque o podemos ter nela, sofregamente, boca seios o volume quente harmonioso da anca e tudo esmagar até à fúria, ter o que aí se procura e que é o que lá está, mas não o que está atrás disso e é justamente o que se procura e se não sabe o que é nem jamais poderemos atingir.


Vergílio Ferreira
in, Em Nome da Terra


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