sábado, 18 de junho de 2016

..................caminhou no mundo, mas não era do mundo



Ela fez uma arte do seu disfarce.

Com o seu maior desejo de ser reconhecida e aceite, ela caminhou no mundo, mas não era do mundo. Ela participou e contribuiu, mas não pertencia. Ela trabalhou e riu e cumpriu os seus deveres tão perfeitamente que aqueles no seu círculo aceitaram a miragem - a ilusão dela que desapareceria se alguém verdadeiramente a tocasse.

Mas ninguém tentou.

E ela permaneceu escondida, por trás do reflexo que permitia que aqueles ao seu redor vissem aquilo que estavam confortáveis em ver, em vez da sua verdade. Mas o seu coração trovejava no seu peito, e os seus olhos baixos escondiam os relâmpagos que precederam cada estrondo da tempestade iminente no seu ser...

... e não acalmava.

E percebeu que a tempestade não poderia ser contida por muito mais tempo sem causar danos irreparáveis. Ela sabia que a sua verdade, o seu ser, necessitava do vento nos seus cabelos, as mãos na terra, o fogo no seu coração e da chuva que caía dos seus olhos, limpando a sua alma. Ela sabia que, sem eles, desapareceria.
Então, ela deixou a tempestade chegar. Exigiu de si própria a coragem de deixar cair as suas defesas e deixar a sua verdade ser a sua vida. Fez uma oração aos ventos da mudança, ao carinho da terra, ao fogo da transformação, e à chuva dos mistérios da vida para que a ajudassem.

Tudo o que não era a sua verdade, caiu.

Houve muitos que lhe viraram as costas, rindo enquanto ela retirava as máscaras e os disfarces. Embora triste, ela deixou-os ficar no seu conforto, e continuou a chamar aqueles com corações cheios de fé, espíritos selvagens e almas de fogo.

Consegue ouvi-la?

~ Shelly Aspenson


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