sexta-feira, 25 de abril de 2014

Matrismo



"Acho que não vale a pena a mulher libertar-se para imitar os padrões patristas que nos têm regido até hoje.
Ou valerá a pena, no aspecto da realização pessoal, mas não é isso que vem modificar o mundo, que vem dar um novo rumo às sociedades, que vem revitalizar a vida.
A mulher deve seguir as suas próprias tendências culturais, que estão intimamente ligadas ao paradigma da Grande Mãe, que é a grande reserva, a eterna reserva da Natureza, precisamente para os impôr ao mundo ou pelo menos para os introduzir no ritmo das sociedades como uma saída indispensável para os graves problemas que temos e que foram criados pelas racionalidades masculinas.
É no paradigma da Grande Mãe que vejo a fonte cultural da mulher; por isso lhe chamo matrismo e não feminismo.
É aquilo a que eu chamo o cansaço do poder masculino que desemboca no impasse temível do tal equilíbrio nuclear que criou uma situação propícia a que os valores femininos possam emergir, transportando a sua mensagem. "

NATÁLIA CORREIA, in Diário de Notícias, 11-09-1983
(entrevista concedida a Antónia de Sousa)
Entrevistas a Natália Correia,
Parceria A.M.Pereira,
2004

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