terça-feira, 15 de abril de 2014

Isso que tu queres...nunca vou ser!


Gastamos muitos perdigotos e neurónios a tentar persuadir os outros a serem o que nós queríamos que eles fossem.

Apesar das nossas motivações – caprichosas ou altruístas – acabamos por ficar derrotados perante a nossa miserável capacidade de mudar os outros para o que queremos.

Quantos cabelos brancos ganhos para que os outros fossem diferentes! Pais, filhos, namorados, namoradas, patrões e empregados, tudo a querer mudar os outros.
Os filhos nunca têm exactamente os pais que querem. Os empregados nunca têm os patrões que querem. As namoradas não têm os namorados que querem, e os maridos  as mulheres que querem. Todos querem alguém ligeiramente diferente. Mais simpático, responsável, atento, paciente, interessado, interessante…

Contudo esta abordagem levanta alguns problemas:
1. Começa pelo que o outro tem que mudar.
Temos listas infindáveis de exigências – desde a roupa que usam até ao interesse em literatura russa – que os outros deviam ter, e todas começam pelo que o outro devia mudar. E não pelo que eu posso mudar.

2. Saber o que o outro realmente precisa.
Já somos estupendamente desastrados a perceber o que realmente precisamos, quanto mais o que os outros precisam. Que prepotência achar que sabemos o que o outro precisa! Apesar de toda a nossa boa vontade, muitas vezes o que nós queremos não podia estar mais longe daquilo que o outro realmente precisa.

3. Ser tudo para todos é nada para ninguém.
Se alguém quisesse ser o que toda a gente quer, não conseguia ser nada para ninguém. Como cada pessoa tem uma ideia própria sobre o que cada um devia ser, se alguém tentasse ser essa pessoa, rebentava (em muitos bocadinhos diferentes).

4. Mudar para agradar aos outros sai para o torto.
Por vezes agradamos aos outros para que gostem de nós. Mas uma pessoa que muda apenas para agradar, não muda no longo prazo. E torna-se cansativa passados 15 minutos.

5. Nunca ninguém é exactamente como queremos.
Quer a diva mais perfeita ou o namorado mais principesco têm aquela mania irritante. A imagem perfeita que criámos só existe na nossa cabeça. Na realidade, nem por isso.

Pouparíamos muita energia e tinta para os cabelos brancos, se aceitássemos o que os outros são.

Mas será que por isso devemos deixar de tentar de mudar os outros para melhor? 
Claro que não!
Mas isto de querer que o outro seja melhor não vai lá mudando alguém, mas gostando de alguém.
O que muda os outros não são as nossas estratégias, os nossos argumentos ou as nossas palavras. 
É o nosso amor.
Por isso não se trata de mudar, trata-se de amar. Se queremos demasiado que o outro seja diferente é porque não estamos a amar o suficiente.

Talvez o melhor que hoje podemos ouvir é… nunca vou ser o que tu queres.


Inesperado

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