quarta-feira, 2 de abril de 2014

o futuro...e a tecnologia


Da forma que vivemos estamos sempre insatisfeitos, somos estimulados ao consumo sempre de novos e mais modernos produtos. 
A essência como o senhor falou, é a satisfação, mas isso não nos levará a um comodismo?

Monge Genshô – Não, não levará. Nós estamos subestimando o que vai acontecer connosco. As pessoas que querem regredir e voltar para uma vida do machado, não sabem como era nessa época. Nenhum índio que conheça a civilização deseja voltar a sua vida tribal. As pessoas morrem com vinte e poucos anos em média e mais da metade das crianças morre antes de completar um ano. Fome e frio são situações frequentes. Nós tivemos conquistas maravilhosas com a civilização. A libertação feminina é uma destas conquistas que veio com a revolução industrial. Antes disso, rachar lenha era trabalho para homem. Antes da medicina desse século tínhamos mais homens que mulheres, pois a mortalidade de mulheres no parto era enorme. Vivemos hoje quase o dobro do que vivíamos na década de quarenta. A solução para a humanidade não é menos tecnologia, o problema é que a tecnologia que empregamos é pobre e muitas vezes burra e destruidora, mas é perfeitamente possível ter casas auto-suficientes energéticamente, não precisamos produzir tanto lixo, não precisamos lançar os dejectos no mar, não precisamos matar para comer pois, com a tecnologia disponível hoje, muitas coisas não seriam necessárias.

Com mais tecnologia podemos consumir de forma diferente, mas precisamos de educação e conhecimento, porém, a humanidade está à beira de passar por uma situação que é a extinção do trabalho. Mais algumas décadas e a maior parte do trabalho será feito por máquinas com inteligência artificial e muitas das profissões que conhecemos terão se extinguido. Nesse momento, os homens terão que olhar para si mesmos e perguntar qual o sentido da vida. Já vivemos situação parecida na época dos escravos na qual uma pequena parcela da população, cerca de 10%, era cidadão, isso aconteceu em Atenas. Cada cidadão ateniense tinha nove escravos e ele não precisava fazer nada. Como resultado, a Grécia produziu filosofia.

Teremos que descobrir novas coisas para fazer, pois toda nossa educação irá mudar totalmente. As religiões sofrerão enorme crise, pois iremos perguntar se um cérebro eletrónico que é capaz de pensar e atinge auto consciência, tem alma ou não, está vivo ou morto e quem ele é. O budismo tem a resposta para isso, mas as religiões com almas não. As pessoas estão sendo invadidas por tecnologias cada vez mais sofisticadas sem que elas mesmas decidam como será seu mundo. Outras pessoas estão decidindo por elas, algumas poucas pessoas estão decidindo por todas as outras. Não vejo como isso poderá mudar, pois se você pergunta para uma pessoa ela olha para o passado, como na idade do ouro, mas estão enganadas sobre isso. A humanidade sempre olhou para o passado pensando ver uma idade dourada, isso sempre aconteceu, em todas as eras. Talvez esse seja o momento de olhar para o futuro e o budismo está preparado para isso, pois ele não busca ilusões e sim lucidez e clareza. Não desejamos santos ou pessoas iludidas, queremos homens e mulheres despertos, lúcidos e com clareza mental. Isso pode mudar o mundo.

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