quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Vazio


Algumas pessoas pensam, então, que esse vazio físico é uma comprovação de que as declarações de Buda a respeito da vacuidade das coisas estão certas.
Uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra.
Vacuidade no Budismo é o vazio de um “eu”.
As coisas são vazias de um “eu”, um “eu” inerente, alguma coisa própria e exclusiva de um fenómeno.

O que Buda tentou dizer com “vazio” é que todas as coisas são vazias de um “eu”, porque todas as coisas são interconectadas e interdependentes.

Mas nós também somos uma soma de agregados vazios de um “eu” inerente, não temos um “eu” que seja exclusivo nosso, também somos um fenómeno construído e que pode ser desfeito em cacos. Imediatamente esse eu, com que nós nos identificamos, desaparece. 
Quando desfazemos em cacos a casa e temos só material de demolição, não existe mais casa. 
Mas quando desfazemos o homem, com a morte por exemplo, não existe mais um “eu” ali. 
Toda essa análise foi feita para dizer que o “eu” que tanto queremos que seja permanente e para ele criamos a ideia de uma alma eterna, que, por exemplo, pode reencarnar e carregar aquele “eu” consigo, não é mais que mera ilusão imaginada e nós também somos vazios de um “eu”.

O “eu” que existe dentro de nós é o que cada um acredita, tem a mesma consistência que o “eu” da casa ou do copo. 
É só um conjunto de agregados funcionando. 
Todo o universo é vazio de um “eu” inerente. 
Todos os fenómenos funcionam interconectados e interdependentes.
Nós não existimos sem as plantas e sem o sol.
Basta tirarmos qualquer um dos elementos e em muito pouco tempo nós estaremos completamente acabados.
O problema da iluminação é, como é que eu acordo para o fato do meu “eu” ser uma ilusão e me reintegro, me reincorporo ao grande ser ao qual eu evidentemente pertenço, abdicando dessa ilusão de ser uma entidade separada, independente, com nome e que deseja permanecer para sempre. Como me livro disso?
Como retorno e me livro de mim?
Ao retornar ao grande ser, nascimento e morte desaparecem.
Nascimento e morte são fenómenos deste “eu”.
Esse “eu” nasceu, esse “eu” que morre.
Ao nos livrarmos da ilusão do “eu”, somos instantaneamente eternos e livres desse ciclo repetido. 
Perceber isso é livrar-se de todo o sofrimento e angústia existencial.

Monge Genshô


O conceito de "vazio" era um pouco confuso para mim.
Agora sim, entendi...e faz todo o sentido!

Sem comentários:

Enviar um comentário