sábado, 7 de setembro de 2013

Primo Levi


Para Primo Levi, está claro que para ser humano é preciso que haja a razão, a presença da luz divina na alma, a centelha de vida, a dignidade, algo que, paulatinamente, o nazismo tentou apagar em seus prisioneiros incessantemente. 

O sujeito como o suporte de si mesmo fora apagado pouco a pouco, restando tão somente um corpo como uma máquina: frio e inerte.
Não uma máquina em seu sentido capitalista, produtivo, mas uma carcaça do que tinha sido antes dos inúmeros flagelos a que fora submetido “desrazoadamente”.

Através da memória de Primo Levi, o quadro que se apresenta diante do leitor é um retrato de quase-morte; é a história de homens, mulheres e crianças, transformados em farrapos, destituídos de todos os seus direitos enquanto humanos.
Bichos, porque expostos aos mais terríveis maus-tratos e humilhações, é o termo que mais se aproxima de suas condições de existência naqueles tenebrosos dias do nazismo.

Basta um olhar, por desatento que seja, para se verificar que esse grupo de homens, que anda cabisbaixo e faminto, assemelha-se a um grupo de animais prisioneiros, porque submetido à horríveis privações de alimentos, de abrigo, de descanso, de calor humano, de linguagem; em resumo, do prazer da liberdade. 

No campo de concentração, os prisioneiros aprendem rapidamente “a responder Jawoh!, a não fazer nunca perguntas, a fingir ter compreendido sempre”.
Esse exercício repetitivo de submissão faz com que percam, pouco a pouco, a capacidade para reflectir sobre seu mundo e sobre si mesmos: exercício necessário para se atingir o esclarecimento.

A linguagem lhes havia sido podada.
Poucos compreendiam o jargão alemão utilizado nos Lager pelos Kapos e, assim, a comunicação entre os prisioneiros era rara.
O mais importante, descobriam, não era compreender a linguagem dos SS, mas manter-se vivo através da concentração no trabalho.

Como escreve Levi, “o [trabalho] era como exercício da mente, como a evasão do pensamento da morte, como modo de viver o dia-a-dia”. 
A frase “O trabalho enobrece”, disposta em vários lugares nos Lager, buscava incutir nos prisioneiros a crença na libertação através do trabalho árduo e não através do esclarecimento possibilitado pelo pensamento crítico.




Recorde-se também, 
os Campos igualmente terríveis:
Gulags russos, 
Os campos de reeducação chineses, norte-coreanos e cambojanos 
(há uma prisão onde entre centenas de milhares de presos, 
só saíram com vida menos de 100). 
Mais o Holodomor ucrâniano. 
Esses, são os esquecidos da História






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