sexta-feira, 27 de maio de 2016
Ártemis
A chaga de Ártemis envolve a solidão de ser relegada, psicológica e às vezes literalmente, às margens da sociedade.
Seu amor ardente pela liberdade e a sua atitude mental independente tendem a tornar particularmente difícil os estilos de mãe, esposa ou profissional, que pertencem a Deméter, a Hera e a Atena.
Na realidade, ela muitas vezes sentirá desprezo por valores e formas da sociedade convencional.
E se sentirá magoada pelo facto de o patriarcado nunca ter conseguido conter a ferocidade de seu espírito ou reconhecer plenamente os seus dotes de mulher.
in, A DEUSA INTERIOR
Jennifer Barker Woolger e Roger J. Woolger
(este livro, "A Deusa interior", é um guia sobre as qualidades das deusas que vivem dentro de cada um. É um exemplo de como aplicar essa abordagem à vida, enriquecer o auto-conhecimento, libertar-se de expectativas limitantes e orquestrar os pontos de mutação na vida ao compreender que tipo de deusa está mais predominante.)
Na Grécia, Ártemis era a deusa ligada à vida selvagem e à caça.
Durante os períodos Arcaico e Clássico, era considerada filha de Zeus e Leto, uma ninfa. Ártemis é irmã gémea de Apolo. Do mesmo modo como Apolo foi associado ao deus Hélios e tornou-se também o Deus do Sol, Ártemis foi associada a Deusa Selene e passou a ser vista como a Deusa da Lua.
Em Roma, Ártemis passou a ser vista como Diana.
Ártemis é uma deusa virgem, que rejeita contacto sexual, está sempre ligada a conceitos de pureza e virgindade.
O mito de Ártemis começa logo em seu nascimento, pois quando Leto engravida de Zeus, a deusa Hera fica enfurecida e ordena que a serpente Píton a persiga. A ninfa foi perseguida e não havia modo de conseguir parir em paz os seus filhos, até que na ilha de Delos, com ajuda de Ilítia, deusa dos partos, Leto consegue dar a luz. Ártemis é a primeira a nascer e após seu nascimento ela mesmo ajuda no parto de seu irmão, Apolo.
Outra lenda nos conta que, apesar do seu voto de castidade, tendo ela apaixonou-se perdidamente pelo jovem Órion, e o seu enciumado irmão Apolo impediu o enlace mediante uma grande perfídia: estava numa praia, em sua companhia, desafiou-a a atingir, com a sua flecha, um ponto negro que indicava a tona da água, e que mal se distinguia, devido à grande distância. Ártemis, toda vaidosa, prontamente retesou o arco e atingiu o alvo, que logo desapareceu no abismo no mar, e ficou apenas espuma ensanguentada. Era Orion que ali nadava, fugindo de um imenso escorpião criado por Apolo para persegui-lo. Ao saber do desastre, Ártemis, cheia de desespero, conseguiu, do pai, que a vítima e o escorpião fossem transformados em constelação. Quando a de Órion se põe, a de escorpião nasce, sempre o perseguindo, mas sem nunca alcançar.
Ártemis, como deusa da pureza e virgindade, foi fonte inesgotável para poetas e artistas.
Seus símbolos são a lira, o arco e a flecha de prata que foram presentes de seu pai.
Apolo recebeu os mesmo presentes, só que os seus eram de ouro.
Zeus deu a Ártemis ainda uma corte de ninfas e fe-la rainha dos bosques.
Como a luz prateada da lua, ela percorre todos os recantos dos prados, montes e vales, sendo representada como uma infatigável caçadora.
É representada, como caçadora que é, vestida de túnica, um arco na mão e um cão ao seu lado. Outras vezes vêmo-la acompanhada das suas ninfas, com a fronte ornada com um crescente. Representam-na ainda: ora no banho, ora em atitude de repouso, recostada a um veado, acompanhada de dois cães; ou num carro puxado por corças, sempre com o seu arco e flechas.
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