A Tipi,
habitação típica das nações Lakota-Sioux,
feita com hastes de madeira
e couro de búfalo
tinha um significado sagrado e especial
para aqueles povos.
Este post pretende divulgar e honrar
esses valiosos saberes ancestrais.
Os SIOUX
Os Sioux viviam nas pradarias centrais do actual território dos Estados Unidos.
Era um povo nómada e guerreiro. Sua morada tradicional era o Tipi, uma espécie de loja de campanha feita com paus de madeira e peles. A perseguição dos búfalos selvagens, que abundavam na região, era uma actividade muito importante. Deste animal extraíam a maior parte dos recursos para a vida: a carne para se alimentarem, a pele para se vestirem e fazer as suas Tipis, ossos para a confecção de diversos instrumentos, além dos cascos, a partir dos quais se produzia uma substância adesiva usada como cola. As famílias formavam clãs governados por um chefe eleito entre os guerreiros mais valentes. Caçavam o búfalo de um modo muito particular: disfarçavam-se com peles de raposas para poder aproximarem-se e lançar-lhe setas. Uma das tradições Sioux que mais assombraram os Europeus que entraram em contacto com eles era o rito do calumet ou cachimbo da paz. Quem fumava este cachimbo eram os varões adultos e geralmente faziam-no ao redor de um fogo. A cerimónia praticava-se em ocasiões especiais, por exemplo quando deviam tomar decisões a respeito da guerra, celebrar tratados com outros povos, ou receber algum visitante importante. As Danças tinham um grande valor para o povo Sioux. Estavam presentes em todas as ocasiões transcendentes da vida, tais como o nascimento, o casamento ou a morte de um membro da comunidade, ou a declaração de guerra a outra tribo. Ao cumprir os 6 anos, os meninos eram iniciados nos segredos da dança por um feiticeiro. Para comunicar à distância, os Sioux utilizavam um particular sistema de signos. Tinham um código para o dia, com colunas de fumo, e para a noite, com setas acendidas. De acordo com a quantidade e a frequência, estas expressavam distintas mensagens.
Estrutura tribal
Segundo os colonos Franceses, tinham ao redor de 25,000 membros dos Sioux no século XVII, pelo qual era uma das tribos Índias maiores. Uma tribo tão grande não podia sobreviver como um só grupo, pelo qual se dividiam em sete tribos secundárias. Destas sete tribos dentro dos Sioux, a maior e mais poderosa era os Teton-wan. Os Teton-wan estavam divididos em sete sub-tribos. Estas sub-tribos estavam divididas em grupos de caça ou famílias. As sete tribos secundárias dos Sioux nunca lutavam entre eles, mas não se levavam todos bem, e em algumas batalhas não se coordenavam para derrotar aos inimigos juntos. As sete tribos que compunham então o grosso da nação Sioux, estavam unificadas pelo chamado "Conselho Dos Sete Fogos”.
As sete tribos eram:
Mdewkanton-wan (A gente do Lago Spirit)
Wahpekute (Os que disparam entre as folhas)
Sisseton-wan (Os do peixe que veio à terra)
Wahpeton-wan (os que vivem entre as folhas)
Ihanktonwana (depois Yanktonai)
Ihanktonwan (depois Yankton)
Teton-wan (depois Sioux de Teton. Os que vivem nas Planícies)
Com o tempo, algumas tribos emigraram em direcção a oeste e sul, adaptando a sua forma de vida às novas circunstâncias, recolhendo influências de outras tribos das pradarias e mudando em parte a sua língua e a sua forma de vestir. A evolução da sua língua Soux deu origem a três dialetos: Dakota, Nakota e Lakota, diferenciados entre si pela fonética das consoantes iniciais de algumas palavras.
O Dakota e o Lakota ainda são utilizados, mas o Nakota é praticamente inexistente.
A Governação dos Teton-wan
Cada família ou grupo de caça, tinha um chefe, que era o mais respeitado. O chefe era responsável por todos os membros da sua tribo, que estivessem bem alimentados e a salvo do perigo. Cada sub-tribo dos Teton-wan também tinha um chefe. As decisões não eram tarefa dos dó dos líderes; cada tribo tinha um conselho formado por homens que se reuniam, discutiam e tomavam decisões acerca da guerra, a caça e o translado do acampamento. As suas opiniões eram muito importantes.
A função do chefe
Qualquer homem jovem que ambicionasse chegar a ser chefe tinha que trabalhar muito duro a desenvolver as suas qualidades pessoais. As qualidades mais valorizadas eram a valentia, a força, a generosidade e a compaixão. Um bom chefe reuniria todas as qualidades mencionadas e provavelmente seria de uma família rica; precisaria riquezas para demonstrar sua generosidade. Quando fosse elegido como chefe, motivaria aos mais jovens para que desenvolvessem as mesmas qualidades. O chefe recebia um cachimbo especial, e uma camisa colorida costurada com o cabelo dos membros da sua tribo.
Quem deu informação sobre os Sioux?
Muitas pessoas foram testemunhas do estilo de vida dos Sioux, sobretudo no séc XIX. Estas pessoas podem ser divididas em duas; os Sioux e os visitantes brancos.
Ambos deixaram uma grande variedade de informação.
1. Informação dos Sioux
Os artefactos criados pelos Sioux dão-nos um montão de informação. Um cachimbo Sioux dá-nos muita informação; diz-nos que os Sioux tinham qualidades de carpintaria e de talhar com pedra. No séc. XIX muitos escritos, contos e canções foram traduzidas, o nos deu a oportunidade de os conhecer melhor.
2. Informação dos homens brancos
As planícies centrais eram ainda um grande mistério para os americanos brancos no séc. XVIII. Rumores de criaturas estranhas e paisagens maravilhosas eram abundantes. Os únicos que viam os Sioux eram alguns comerciantes de peles. No séc. XIX alguns americanos brancos e europeus exploraram as terras índias. Alguns dos visitantes eram comerciantes, outros soldados armados, outros eram pessoas normais à procura de um local novo para viver. Em 1832, George Catlin (um artista de Philadelphia), decidiu copiar os desenhos… dos índios. George Catlin foi o primeiro a ensiná-los a desenhar.
3. Informação dos historiadores
Os historiadores modernos podem dizer-nos muito sobre a vida dos Sioux. investiram muito tempo em estudar minuciosamente os artefactos Sioux… Cada historiador tem a sua própria visão da história Sioux.
Os Sioux e a natureza
Os Sioux achavam que todas as coisas da natureza tinham um espírito. Também achavam que todos estes espíritos eram controlados pelo “Grande espírito”. Os Sioux estavam muito unidos à natureza e faziam rituais e danças em honra dos seus espíritos. Respeitavam tudo de maneira igualitária. Segundo os chefes Sioux é necessário saber apreciar para entender todos os aspectos da cultura Sioux.
Toda a vida dos índios dependia da natureza, já que o sol lhes dava vida às plantas, o céu dava a chuva necessária, os animais lhes davam comida e couro para fazer artefactos, e os rios lhes davam água e peixes. Todos estes elementos eram vitais e necessários para os Sioux. Os Sioux respeitavam a natureza estritamente; a natureza era sagrada para eles.
Os Sioux não conheciam a ciência para explicar a natureza, a única explicação que lhe encontravam eram os espíritos. Quando havia tormenta, pensavam que os espíritos estavam enfadados. O Grande Espírito chamava-se Wakan Tanka. Todas as coisas da natureza eram filhas da mãe natureza (a terra).
Os Sioux só matavam animais para a sua sobrevivência, nunca como entretenimento, os animais eram sagrados para eles.
Lutar, caçar, querer bem à família e a sobrevivência da tribo eram os seus principais lemas.
Os Sioux realizavam cerimónias e rituais para agradecer aos espíritos e pedir-lhes ajuda.
Danças rituais eram diárias. Sabe-se isto graças a Ohiyesa, um Sioux que se destacou por sua lealdade aos espíritos. Ele achava necessário que um dia da semana fosse dedicado exclusivamente para rezar aos deuses, o que demonstra a espiritualidade dos Sioux.
Um exemplo de uma cerimónia Índia é o da “Dança do Sol”, isto costumava implicar muita dor. Dançavam com setas fincadas nas costas. Expunham-se ao sol, e o que mais aguentasse era o mais fiel aos espíritos. Quando a cerimónia acabava caía-lhes a pele das costas. A dor significava a purificação das suas almas. Este ritual era o maior sacrifício.
Tanto as mulheres como os homens dedicavam-se ao contacto com os deuses, embora fosse mais difícil para as mulheres. As mulheres não aprendiam a controlar “os espíritos” tão cedo como os homens.
O homem da medicina era a pessoa da tribo que se achava especialmente qualificada em manter contacto com os espíritos e se sentia muito unida à natureza. O homem da medicina era o segundo homem mais importante da tribo. As funções deste homem incluíam: predizer o futuro, dar conselho aos membros da tribo, fazer feitiços de amor, e dar poderes mágicos em tempos de guerra. O homem da medicina encarregava-se de todas as cerimónias, tinha muito conhecimento de plantas medicinais. Hoje em dia, 170 dos métodos medicinais Sioux foram reconhecidos pela associação farmacêutica americana. Como as plantas da natureza salvavam vidas, os Sioux achavam-nas sagradas.
As mulheres nos Sioux
Os Sioux eram nómadas e mudavam o seu acampamento várias vezes ao ano. As mulheres eram essenciais na tribo já que realizavam uma grande variedade de trabalhos úteis e necessários para a tribo. A tribo dependia de ambos; os homens e as mulheres. É importante saber que as mulheres eram vitais para os Sioux. As mulheres eram tão importantes como os homens.
Os chefes sempre eram homens, e estes tinham as suas próprias tarefas, tais como decidir quando o acampamento da tribo deveria ser mudado para outro local. Se a tribo não mudava o acampamento, os seus membros morreriam de fome. Os homens tinham vital importância na tribo, realizavam os trabalhos que requeriam um grande esforço físico. Toda a comida era cozinhada pelas mulheres. Um prato típìco era “pemmican”, cerejas com carne seca e salgada. As mulheres também apanhavam raízes selvagens que eram curativas. As mulheres encarregavam-se de secar a carne para que tivessem suficientes reservas de comida no duro inverno. As mulheres eram responsáveis de que os homens tivessem uma dieta sã e equilibrada.
Uma das tarefas essenciais das mulheres era montar os tipis, já que isto tinha de se fazer bem e rápido. Tanto cozinhar, como dormir se realizava dentro dos tipis. As mulheres faziam roupa, sapatos e teias com a pele do buffalo. Os vestidos usavam-se nas batalhas.
A batalha de Little Bighorn
A 6 de Novembro de 1868, Nuvem Vermelha, assina o tratado de Fort Laramie (um tratado de paz “” com os americanos). Vencedor da campanha do Powder, o abandono por parte do Exército de Fort Smith e Fort Phil Kearny, incita o Chefe Oglala a tentar uma nova aproximação ao homem branco. Por outra parte, Nuvem Vermelha, tinha intuido já que a derrota total perante os brancos “casacos azuis” era só uma questão de tempo e com a aceitação do tratado, tentava conseguir negociar uma relativa posição de força, depois das suas últimas vitórias, o melhor para seu povo.
Entre suas reivindicações, figuravam principalmente as montanhas, local sagrado para os índios e que acolhia um bom número de acampamentos em época de caça.
Apesar de ter sido reconhecida esta soberania, a descoberta de ouro em 1874, atraiu para as Paha Sapa um grande contingente de mineiros e buscadores de ouro, provocando a inquietude dos índios que viam convertidos em nada os acordos de Fort Laramie. Em 1875, Nuvem Vermelha, recusou uma oferta dos americanos, que pretendia a compra das montanhas por seis milhões de dólares. A agitação entre os índios ia crescendo.
O Governo, enviou o General George Armstrong Custer, um personagem tirano, com ambições políticas, para resolver o “problema índio”, o qual significava, de forma encoberta, ocupar legalmente as terras atribuídas aos índios.
Um acampamento entre 2.500 e 3.000 índios, principalmente Sioux e Cheyennes, instalados junto ao rio Bighorn (Montana), foi a presa escolhida pelos militares para infligir um duro castigo aos índios.
No entanto, uma série de circunstâncias, e a impaciência e arrogância de Custer, ao ignorar as advertências em relação à enorme superioridade numérica dos índios e o não querer aguardar os reforços da 2º cavalaria, que avançava também para o Bighorn, fizeram a 25 de Junho de 1876, com que os 675 homens da 7º de cavalaria sob o comando de Custer, Reno e Benteen, sofressem uma humilhante derrota nas mãos das tropas índias, que lutaram contra o invasor liderados por Cavalo Louco, Duas Luas e Touro Sentado. Este último, mais activo no campo político e espiritual que no militar, tinha tido antes uma visão que se contemplava “uma grande vitória sobre o homem branco”.
O cadáver de Custer, (ao que os índios chamavam Hi-É-Tzie, que quer dizer cabelos longos), foi encontrado, junto de alguns dos seus homens, numa pequena elevação do terreno, de onde fizeram os seus últimos disparos. As feridas que apresentava o corpo do general, fazem pensar que foi ferido noutro momento da batalha. O seu corpo repousa na Academia Militar de West Point (New York). Little Bighorn, foi a última grande vitória das nações índias sobre o exército, antes de iniciar um inexorável declive, que finalizaria com o massacre de Wounded Knee.
Catorze anos após a derrota de Custer, em Little Big Horn, a situação dos índios piorava notavelmente. O alcoolismo, a varíula (que chegou às reservas nos cobertores infectados, fornecidas pelo Exército) e a falta de alimentos, causavam inúmeras baixas entre a população índia.
Touro Sentado foi assassinado o 15 de Dezembro de 1890, na sua cabana da Reserva de Standing Rock (Dakota do Sul), pelas mãos da mesma polícia índia. Cavalo Louco, era também assassinado em 5 de Setembro de 1877, em Fort Robinson (Nebraska), em circunstâncias nada claras e Gerónimo, o lendário Apache Chiricaua, que se tinha convertido em atracção de feira, morria uma noite, anos mais tarde, ao cair do seu cavalo, ao que parece, alcoolizado.
Depois da morte de Touro Sentado, Grande Pié, um dos líderes Lakota, idoso e doente de pneumonía, partia de Cherry Creek, em Dakota do Sul, conduzindo uma partida de 350 membros, principalmente mulheres e meninos, com a intenção de se dirigir, atravessando o inóspito território das Badlands, à Reserva de Pine Ridge, para pedir ajuda ao chefe Nuvem Vermelha.
Cerca de Porcupine Creek, encontraram tropas da 7º e 8º Cavalaria, que ajudaram o grupo e inclusive Grande Pié, recebeu cuidados por parte do médico do regimento.
Acampados perto de Wounded Knee, ao amanhecer do dia 29 de Dezembro de 1890, os índios foram capturados, tiraram-lhes as poucas armas que tinham, com ordens para os levarem para uma prisão, em Omaha.
Ninguém sabe exactamente de onde partiu o primeiro tiro, mas, num instante, os soldados começaram a disparar sobre os índios, devido ao grande rancor que guardavam de Little Bighorn.
Depois, os canhões destroçaram o que ficava do acampamento índio.
Três dias mais tarde, os 300 cadáveres, entre os que se encontrava o de Grande Pié, foram enterrados, congelados por causa das baixíssimas temperaturas, numa vala comum. Os 50 sobreviventes foram conduzidos para a Missão de Pine Ridge, onde, num sítio de destaque penduravam o rótulo “Paz na terra a todos os homens de boa vontade”. O massacre do ribeiro de Wounded Knee, conhecido pelos índios como Cankpe Opi Wakpala, concluía a guerra entre os índios e o governo americano.
Hoje em dia, ainda protestam para que se retirem as medalhas concedidas aos 20 oficiais que dirigiram a suposta “batalha”.
As reservas
Depois da derrota índia de Wounded Knee, os americanos brancos impunham o seu poder sobre as diferentes tribos. Todo o território em que os índios habitavam (férteis terras bem conservadas com muitos minerais) foi-lhes tirado. Os índios foram enviados para as “reservas”. Estas reservas eram sítios limitados de terra para que eles vivessem.
Os Sioux foram levados para seis sítios diferentes até lhes atribuirem uma terra para eles. A terra que lhes deixavam aos índios era a que os americanos brancos não queriam; terras inférteis. As reservas foram-se tornando mais e mais pequenas. Os americanos brancos esperavam que os índios subsistissem através da agricultura (apesar da infertilidade das terras). O governo americano ensinou-lhes técnicas de agricultura e dava-lhes o material necessário. Logicamente isto supunha uma mudança tremenda em relação às tradições índias. Os Sioux subsistiam a caçar, apesar das mulheres cultivarem algumas terras. A glória que os homens atingiam mediante a luta e a caça desaparecia. Como as terras eram muito inférteis, as colheitas eram muito más. Muitos índios viam isto como um sinal dos deuses (já que eles explicavam a natureza mediante os espíritos e deuses). Pensavam que o “Grande Espírito” não queria que eles se dedicassem à agricultura. Cultivar a terra daquela maneira ia contra a sua ideologia. Devido ao pouco conhecimento dos índios de como cultivar, e a infertilidade das terras, muitas famílias passavam fome. Sem os búfalos, os índios eram incapazes de fazer a roupa e as ferramentas. Eles dependiam totalmente nas rações que lhe forneciam o governo. As tribos já não eram independentes, dependiam totalmente dos americanos brancos. Muitos índios morreram de doença e fome. A população índia diminuiu drasticamente nas duas últimas décadas do séc. XIX.
Nas reservas, os índios faziam os seus rituais de uma maneira muito diferente, tinham construções de cimento e os turistas brancos visitavam as reservas como se de animais se tratasse.
Actualmente, na América do Norte o território da Lakota, Dakota e Nação Nakota abrange cerca de 200.000 km2 no estado actual da Dakota do Sul e estados vizinhos. Os Lakota, Dakota e Nakota Nation (também conhecida como a Grande Nação Sioux) descende dos habitantes originais da América do Norte e pode ser dividido em três grandes grupos linguísticos e geográficos:
Lakota (Teton, Rio de Dakota), Nakota (Yankton, Central Dakota) e Dakota (Santee, Dakota do Leste). O número total de nativos norte-americanos é de aproximadamente 1,5 milhões de euros, dos quais cerca de 100.000 são Lakota. Eles residem perto da Sagrada Black Hills de Dakota do Sul.
TIPIS
Tipi, Teepee ou Tepee, que quer dizer "Lugar para Viver" ( Ti, Viver; Pi , Lugar) é uma tenda cónica feita de peles de animais como o Búfalo e de paus de madeira, e que se distingue de todas as outras pelo facto de ter uma abertura para a saída de fumo no topo. Eram usadas pelos índios das pradarias do Norte da América, e eram facilmente montadas e desmontadas pelas mulheres, fundamental para o seu estilo de vida nómada, frescos no verão e confortáveis no inverno.
A Tipi devia sempre ser montada virada para Este onde nasce o sol.
Todas as partes e elementos da Tipi tinham uma simbologia mística:
o solo da Tipi representava a Mãe Terra, Criadora da Vida; a pele que cobre a tipi representava o Pai Céu; cada pau representava o Caminho entre o Homem e o Grande Espírito, entre a Terra e o Mundo Espiritual; o espaço exterior da Tipi representava o domínio do Criador; a sua orientação a Este era para ser despertado pelo Sol ao amanhecer, mas também por uma razão mais mística, para oferecer ao sol ao amanhecer uma oração aos "quatro anciãos"(quatro elementos e às quatro direcções).
Uma fogueira era acesa no centro, por baixo da chaminé por onde saía o fumo, usada para aquecer e para cozinhar.
Conduta na Tipi:
- Se a porta estivesse aberta, todos eram convidados a entrar; se estivesse fechada, era obrigatório chamar e esperar por autorização para entrar.
- Quando dois paus cruzavam a entrada era sinal para não incomodar.
- Quando alguém entrava na Tipi, tinham que esperar que o homem lhes indicasse o lugar para se sentar.
- As mulheres sentavam-se à esquerda para poderem tratar do fogo e servir comida, e o homem ajudava nas tarefas mais pesadas. Depois sentava-se ao fundo ao centro, visto que era o lugar mais quente da Tipi e convidava os hospedes a sentarem-se à sua esquerda. Devia-se ser sempre hospitaleiro, por isso se dava o melhor lugar às visitas.
- As mulheres não podiam sentar-se com as pernas cruzadas no chão como os homens. Ou com as pernas para um dos lados, ou de joelhos.
- Assumia-se sempre que as visitas estavam cansadas, com frio e com fome.
- Devia-se caminhar sempre por detrás das pessoas sentadas, e se fosse necessário cruzar entre o fogo e alguma pessoa deveria pedir-se desculpa ao passar. Nunca se podia passar entre o fogo e o anfitrião da Tipi ou do Homem Medicina.
- Dentro da Tipi todos tinham um determinado lugar, estabelecido pela sua posição na estrutura familiar, posicionando-se na direcção dos ponteiros do relógio.
- Devia-se proteger as visitas como se fossem da família.
- Não incomodar as visitas com muitas perguntas sobre elas próprias. Elas dirão o que elas querem que saibas.
- Na tipi dos outros, segue as normas dos outros e não as tuas.
- Retribuir sempre uma cortesia.
- Quando visitar uma tipi, levar sempre um presente e entregar antes de ir embora; será visto como uma cortesia.
- Agradecer sempre, por mais pequena que seja a cortesia.
- Não passar entre pessoas que estão a conversar e nunca interromper quem está a falar.
- Agradecer ao Grande Espírito por cada refeição.
As Tipis maioritariamente não eram pintadas, eram brancas, que com o tempo e o fumo se tornavam brancas e castanhas no topo. No entanto, no final dos seus tempos áureos, começaram a fazer pinturas nas tipis: pinturas de guerra, pinturas que distinguiam cada tribo, relatavam sonhos, visões, mitos, referências culturais, distinguiam tribos e regiões...
A chegada do Cavalo Appaloosa veio a ter uma influência muito grande no tamanho e disposição das Tipis. Até aí só tinham os cães como animais nos acampamentos. Com os cavalos passaram a poder transportar tendas maiores e mais pesadas, e assim surgiram as Tipis.
"Para o povo Sioux cada Casa, a Tipi - é uma imagem do mundo, o fogo que arde no centro representa ou melhor é Wakan Tanka, o Grande Mistério. Para sublinhar o carácter ritual deste fogo central, assinalaremos que, na época em que os Sioux eram ainda nómadas, um homem designado como "Guardião do Fogo" levantava habitualmente a sua Tipi no centro do acampamento circular. Quando o acampamento se mudava para outro lugar, o Guardião do Fogo levava aquele fogo num pequeno tronco de árvore, e quando o acampamento era estabelecido novamente, todas as Tipis acendiam o seu Fogo neste lugar central. Este fogo não se apagava, e nem se trocava por outro, sempre de uma maneira ritual, a não ser que houvesse uma grande calamidade, ou quando todo o acampamento tinha necessidade de uma purificação completa."
Joseph Epes Brown
in, The Sacred Pipe: Black Elk's Account of the Seven Rites of the Oglala Sioux.
TIPI - Espaço de partilha do Fogo Sagrado,
chama do Amor Incondicional do Grande Espírito
que acende e aquece os corações.
"Dentro do meu espaço sagrado, contemplo o Glorioso Sol e o seu reflexo dança gracioso no oceano insondável da minha alma. Honremos o Sol que acende a chama da vida em todos os corações!
Olho para dentro do meu espaço sagrado de ser. A chama do coração ilumina-me por completo! A essência subtil do silêncio chega suavemente no coração, instala a serenidade na alma e exala amorosamente pelo olhar feito fragrâncias perfumadas de luz.
Feixes de Luz partem do coração da Terra e convergem para o Centro do Universo, aonde mora o Sol Central! O manto do céu reveste de beleza a Tipi, que iluminada pelo Sol Nascente revela a sua natureza de ser - Tenda de Luz, lugar de amor, de integração da família!"
Wanbli Gleshka
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