quarta-feira, 11 de maio de 2016
Nunca Ninguém Amou Completamente
Vou deitar-te na eternidade, que é esse o teu lugar, é esse, é esse.
E agora só tenho que te amar tudo de ti, não deixar nada de fora.
Porque, sabê-lo-ás?
Nunca ninguém amou completamente, houve sempre uma forma de amar fragmentária, parcial. Amou-se sempre em função de uma fracção do amor como se usou um vestuário segundo a moda, desde o calção ou o penante de plumas.
Vou-te amar como Deus.
Não, não. Deus não sente prazer nem movimento progressivo até ao prazer, coitado, é tão infeliz. Vou-te amar como um homem desde que os há, desde o tempo das cavernas até hoje e com um pequeno suplemento que é só meu.
Vergílio Ferreira
in, Em Nome da Terra
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