sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Que tipo de relação queres para ti?





Olhando para trás,  sempre me questionei sobre isto...
Já lá vão mais de vinte anos.
E a minha posição sempre foi a favor do relacionamento FECHADO, porque para mim possibilitava uma relação mais profunda. Permitia criar uma intimidade maior, uma parceria melhor, uma energia de construção. Trazia um relaxamento, uma tranquilidade…
Mas isso não passava tudo de coisas que eu absorvi da educação que recebi em casa, na escola e na igreja católica...

Foram várias as vezes que essa questão veio à tona, com vários parceiros, e no meu trabalho eu defendia sempre o relacionamento fechado.
Mas para chegar a surgir uma história eu tinha muitos e muitos desvios.
Mas eu sempre acreditei no relacionamento fechado.

Lembro-me de um desses homens com quem me relacionei que, nunca tinha amado de verdade ninguém, não sabia o que queria, não estava bem comigo mas também não se queria afastar...e um dia ao almoço eu fiz-lhe uma proposta:
Termos um Relacionamento Aberto.
Porque senti que tinha chegado a hora de viver um relacionamento dessa forma.
Mas não, não era a pessoa certa.
A reacção dele foi:
Mas só para mim, ou para os dois?
Ahahahahah
Se fosse um relacionamento aberto só para ele, era ouro sobre azul, mas para os dois não.
E não aceitou.
Claro está que foi um relacionamento tóxico!

Hoje, em 2015, depois de fazer uma profunda revisão da minha vida com todos os relacionamentos que vivi, chego à conclusão que durante mais de vinte anos, a respeito disto eu fui uma CARETA!
Porque na realidade, esse “relacionamento fechado”, que traz profundidade, que traz parceria, cumplicidade, que traz relaxamento, na prática é pura mentira!
Traz é desconfiança, pouca energia, pouca satisfação.
A única tranquilidade que traz é infantil…
Como uma criança que tem a possibilidade de dormir com a mãe ou com o pai.

Na verdade, eu fui a favor do relacionamento fechado por medo da rejeição, medo de ser trocada, traída, ciúme, posse!
Mas mesmo assim, na minha vida aconteceu muito de tudo isso: rejeição, traição, ciúme, posse.
E sou grata por tudo isso ter acontecido porque senão eu estaria morta.
Então, a verdade mais profunda é que eu nunca pensei em função do amor, ou o que era melhor por amor. Sempre pensei em função das minhas limitações e dos meus medos.
Para justificá-los, distorci relações, que aos poucos se foram tornando perversas, para justificar o meu fechamento.

Nos últimos anos, ouve dias que me perguntei:
“Qual é a diferença entre a minha relação e um casamento cristão?”

Juro que a diferença estava só na teoria, a embalagem que eu punha nos meus relacionamentos era mais bonita.
Relacionamentos escondidos numa capa espiritualizada.
Nada mais do que isso.
Hoje sei que não quero ir por aí...pela espiritualidade cor-de rosa...a tal da Nova Era.

Depois de destruir alguns amores por me reprimir, eu adoptei para a minha vida a seguinte condição:
Se me bater forte, vou viver a história.
E fiz isso!
Sempre que me bateu fui viver a história.
Dure o que durar...um dia, um mês, um ano, 10 anos, uma vida.
Não foram muitas vezes, mas aconteceu.
E os meus parceiros idem.
Já era uma forma um pouco aberta…

E uma coisa vos posso dizer: Eu nunca me separei por ter ido viver uma outra história.
Sempre que me separei, precisei de viver uns tempos sozinha a seguir.
As separações deram-se sempre pela inanição causada por relacionamentos fechados.

Pensando cá com os meus botões, agora que as hormonas estão mais “calmas”, vejo que por pensar assim, devo ter-me desviado de muitas histórias interessantes.
Porque o estar fechada não permitia que muita gente se aproximasse de mim.
Eu sempre atraí homens pela metade!
E sempre me queixei disso!
Só mais tarde me apercebi que também eu era uma mulher pela metade!
Eu só estava a atrair homens que estavam na mesma vibração que eu.
Tanto sofrimento desnecessário!
Esta é a válvula de segurança do relacionamento fechado.
Devo ter perdido muitas histórias interessantes, deixei de viver muitos amores e perdi a possiblilidade de me tornar uma mulher inteira, completa.
Acho até que as minhas próprias histórias teriam sido muito mais interessantes do que foram.
A minha sorte foi que, mesmo tendo relações fechadas eu tinha uma vida muito dinâmica, estava sempre à procura de algo. Sempre fui uma Alma Inquieta. Amo o novo! Odeio a rotina!
E isto trouxe-me muitos riscos, mas também muitas aventuras.
Então, a minha perda foi pequena.

A verdade é que, agora que olho para os relacionamentos fechados, vejo que mais do que satisfação, eles trazem tristeza, muita frustração.
As pessoas acomodam-se e entram num tédio, ficam reaccionárias, chatas, manipuladoras e egoístas.
Sempre a fugir de tudo e de todos.
Sempre a querer programas a dois, a presença constante do outro.
E chega àquele ponto em que o momento principal do casal é o jantar.
Cometem as maiores burrices “em nome do amor”.
Regridem “em nome do amor”.
Tornam-se contra tudo o que é livre.
Tornam-se carentes e dependentes.
O poder pessoal, principalmente das mulheres, é totalmente destruído.
É muito lixo “em nome do amor”.
Ora, será que isso não deixou de ser amor há muito tempo?

Um dia, sentei-me num banco de jardim, numa Praça em Barcelona, só a olhar para as pessoas e não via nenhum brilho, nenhum amor.
E via-me a mim própria ali.
A principal palavra que rege essas relações é Comodidade.

Na verdade, na relação fechada, o nome correcto e justo é relação ESCRAVIZADA.
E o nome correcto para a relação aberta é relação LIVRE, porque TU és livre.
Tu estás ali com outra pessoa, por ESCOLHA e não por falta de opção, não por medo, não por necessidade nem por medo de estares sozinha,não por um contrato assinado, não por querer manter o nível
de vida conquistado a dois, não por medo do fracasso nem por medo do que os outros vão dizer, não por medo de seres marginalizada por seres divorciada.

E eu não estou a falar de uma relação aberta vazia.
A mulher que não consegue amar, que está com alguém e vai por aí a ter sexo com todos e acha que está numa relação aberta.
Aí é só sexo… o que para mim não me preenche nada!
Uma Relação Livre é quando tu amas de verdade, de uma forma intensa, com bastante entrega, com compromisso, e mesmo assim tens essa abertura.
É disso que eu estou a falar!

É deixar de desconfiar e passar a confiar.
É aceitar a possibilidade de aparecer uma terceira pessoa, e se isso acontecer, ser Livre de escolher a partir de si mesmo se quer viver essa nova história ou não.
Mas SEMPRE em consciência!
E não de uma forma libertina!
E isto só será possível acontecer se não tiver um parceiro a ameaçar, a impedir e a fazer chantagem psicológica.
E isto é confiar no amor, é confiar no meu taco.
Isto é muito mais liberdade, muito mais amor, do que andar sempre à procura de carne fresca!


Em termos de relacionamentos, 
podes ter diversidade ou profundidade, 
mas não podes ter as duas coisas juntas!!!!

Rotular como aberta ou fechada as relações, é não considerar os infinitos emaranhados que as envolvem.
Quem garante que não estamos a projectar algo num relacionamento dito “aberto”?
Onde aparentemente temos liberdade, podendo estar com quem quisermos, por justificarmos essa forma de sentir sem amor, só que justamente esse modelo pode esconder inconscientemente a FUGA DE LIBERTAR O AMOR, de vivê-lo na sua plenitude, de sair da zona de conforto.
Porque um relacionamento dito “fechado” pode ser às custas de um aprisionamento e comodismo, mas um dito “aberto” também!!!

A mera atracção sexual não deve ser, a meu ver, confundida com algo tão mais profundo e singular como o Amor.
O Amor não pode ser uma chuva molha tolos. Tem de ser uma tempestade!
Só se estivermos realmente abertos ao amor, poderemos viver uma relação que traz liberdade e satisfação!
Um relacionamento vivo!! 
Isso não significa estar numa relação “aberta” ou “fechada”...
A forma de se viver esse amor vai depender de cada um!
A meu ver, tanto as relações Fechadas como as Abertas aprisionam.
No meu caso, um Relacionamento LIVRE é o ideal para mim.

É claro que essas relações livres passam por conflitos.
Agora, se tu estás a querer a toda a hora caçar e ter outras histórias, acaba a tua relação porque ela morreu!

Ainda acredito que a maioria das pessoas que ouvem falar de “amor livre” não entendem a RESPONSABILIDADE que há na liberdade.

Como Osho dizia:
As pessoas não querem a liberdade, elas querem a irresponsabilidade!

Quando é AMOR,
Não pode ser só uma curte, uma chuvinha molha tolos.
Tem de ser uma tempestade de sentimentos e emoções.
Só assim se resiste a um Amor Livre!

O importante é que não seja uma competição.
É importante que, quando surgir uma história, que realmente tu a sintas, que a queiras viver.
Não é preciso estar sempre a falar nisso, muito menos queiras saber constantemente se o teu parceiro já conheceu outra mulher, porque isso não interessa, para criar a verdadeira liberdade.
Isto é profundidade.
Aqui é que se trabalha o ciúme de verdade!
É aceitares que o teu homem pode eventualmente, a uma dada altura, querer seguir o caminho dele com outra mulher.
Agora, fica tranquila, não vai ser uma inquietação a toda a hora.
Mas o facto de te sentires livre de decidir abertamente o que for, muda totalmente a relação.

Deixas de te sentir reprimida, deixas de evitar situações, deixas de ter medo de conhecer pessoas, de te dares a conhecer aos outros.
Andas livre, leve e solta!!!
E confias no teu Taco, e o teu Taco confia em ti!
Confiam no que sentem um pelo outro!

Muitos condenam o casamento cristão.
Eu já fui uma delas...
Todos os espiritualistas, sejam eles do Osho, Budistas, ou do cu fincado.
Mas a verdade é uma só: acabam por terem uma relação cristã porque a posse, o ciúme continuam ali.
Podem colocar sobrenomes lindos que vão desde profundidade, conexões da alma, vínculos de vida passada. Tudo é posse! Casamento cristão.
Porque, no dia-a-dia, a realidade é outra bem diferente!

O início da liberdade começa na relação livre.
Hoje em dia todas as relações são um problema.
Qualquer dia já nem se vão lembrar do que é ser Livre!!!
Livre...não libertino!
Porque o homem internamente está a culpar a mulher pela sua frustração.
E a mulher faz a mesma coisa com o homem.

Eu sei que não é fácil!!!
Mas cá dentro sinto que esse é o Caminho certo a seguir!
Sei que tem um preço a pagar, bem alto por sinal.
Mas prefiro assim, do que viver na Ilusão.
Quero sentir o sabor de uma sexualidade profunda!
Voar nas asas da liberdade.
Sentir emoções novas.
Amadurecer e crescer.

Mas agora digo:
Não quero viver uma Relação Aberta.
QUERO VIVER UMA RELAÇÃO LIVRE!!!!!!


(Texto adaptado, baseado nos textos de Milan)

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