Tenho reparado que as respostas não só são variáveis como chegam a ser contraditórias.
Por exemplo, acreditamos que Deus é amor e luz mas depois temos medo do inferno.
Fomos acostumados a ligar o conceito de fé a Deus sem antes fazer uma mais detalhada análise tanto interior e intuitiva como exterior e histórica do que é afinal Deus e o que é o conceito de fé.
Deus é a energia em que vivemos mas também a de que somos feitos.
É um pouco como a água onde o peixe nada que lhe é essencial mas que lhe é invisível.
Tal como a água tem a sua composição química, matemática e biologicamente calculada, também a energia em que vivemos é inteligente, é regida por leis e sabedoria própria baseada no amor.
Amor esse que se expressa pela infinita quantidade de individualizações manifestadas na matéria. Seja cada ser humano, cada animal, cada representação da natureza não só na terra mas em todo o Cosmos como por exemplo nos planetas e nas estrelas, é uma peça do imenso puzzle que é Deus.
É também uma energia magneticamente inteligente que traz a cada um de nós as experiências e eventos que nos irão permitir sentir num Micro nível, o poder,
o amor e o equilíbrio do Macro.
Antes pelo contrario.
É uma energia humanitária que age pelo bem e pelo amor próprio tanto do ser individual como pelo constante equilíbrio global e desse ponto de vista tanto os sucessos como as perdas são apenas propostas de equilíbrio e a que todos estamos sujeitos de maneira exactamente igual.
Deus não é um ser manipulador e muito menos manipulável que nos exige seja o que for ou que se vende por favores, preces ou sacrifícios. Pessoalmente acredito que Deus, como uma energia que é, está para além de tudo isso.
É uma onda energética e magnética que comunica por frequências vibratórias, das mais leves às mais densas, e que nos faz atrair as frequências opostas às nossas
para que o equilíbrio aconteça.
Já diziam os Mestres Taoistas que o Universo se divide nas energias Yin e Yang, e que Deus é a harmonia das mesmas.
Em tempos remotos, antes das chamadas religiões organizadas, Deus era reconhecido e experienciado na natureza, nas plantas, nos astros e em cada ser humano.
A religião colocou-o nos altares das igrejas e “lá em cima” criando-nos esta ilusão de separação e consequente submissão a um ser aparentemente “superior”.
Passámos assim a acreditar que não só não estamos ligados a Deus, temos que obedecer a certos parâmetros como pior ainda anulámos quase por completo a noção de que somos afinal Micro deuses através dos quais o Todo, o Macro se experimenta e evolui.
Baseada então na Filosofia Taoista e na crença de que vivemos num Universo regido por Leis Universais, repito aqui a minha noção de fé que deixei num dos capítulos do referido livro:
Fé é viver o dia a dia numa permanente reverência e humildade perante um Universo inteligente, sábio e amoroso, regidos pelas leis universais do equilíbrio, da atracção, dos opostos entre outras.
Fé é saber e confiar que essa energia Sábia está a levar a cada um a proposta de equilíbrio kármicamente prevista para aquele momento.
É confiar que o que vem ou é atraído traz uma mensagem e proposta de transformação.
Fé é ter a humildade de reconhecer a nossa impotência em manipular ou controlar seja o que for, a não ser a minha resposta à realidade e confiar que a nossa realidade presente é o palco perfeito para nos reconhecermos e transformarmos.
Tenho perfeita noção de que é um assunto delicado e que haverá com certeza 7 biliões de definições correctas para este tema e estes conceitos.
No entanto tenho observado em algumas respostas à dita pergunta; -O que é a fé ou Deus para ti? alguma confusão entre os conceitos de fé, de esperança e até de manipulação.
Analisando cada resposta podemos perceber isso melhor, ou seja:
Quando dizemos que fé é acreditar em Deus, eu chamaria a isso uma crença.
Quando dizemos que não acreditamos em Deus eu chamaria a isso resistência.
Quando dizemos que Deus vai-me proteger SE eu fizer algo em troca eu chamaria isso de negócio ou manipulação.
Quando dizemos que Deus é bom, é Luz, é Amor, então onde ficam os conceitos de mau, de escuridão e de medo? Eu chamaria a essa relação de desequilibrada.
Quando fé é seguir cegamente os ensinamentos de alguém eu chamaria isso de obediência.
Quando acreditamos que Deus se rege por conceitos humanos, que julgamento e condenação eu não chamaria a isso fé mas sim ignorância.
Quando sentimos Deus como uma energia inteligente e magnética, regida por leis universais, que leva a cada um os opostos das energias dominantes a cada momento, ganhamos humildade, responsabilizamo-nos pela nossa energia, respeitamos a nossa origem energética e tornamo-nos tolerantes e respeitosos para com cada individualização de energia seja animal, natural ou humana.
No entanto a revelação ou redescoberta de Deus ou dos conceitos de Deus é um processo pessoal, interior, profundo que jamais poderá estar apoiado por uma fonte externa.
É ao contrário.
É depois de descoberto dentro de nós é que iremos escolher qual o templo exterior ou filosofia de vida que partilha da minha descoberta e onde não só me vou sentir confortável como me irá proporcionar o acompanhamento perfeito para a minha ligação.
O encontro com Deus não é mais do que, e em sincronia, o processo de libertação de todas as identificações e amarras que o ego criou em nós ao mesmo tempo que resgatamos a luz que essas identificações tapavam.
É como a viagem da lâmpada ao entrar no quarto escuro: a intensidade da luz é proporcional ao desaparecimento do escuro assim como vice-versa.
Poderíamos ir ainda mais longe e perceber como Deus se revela e experimenta através do 12 arquétipos que por sua vez nos revelam e confirmam a teoria Taoista da sombra e da luz de cada um. Cada mapa astrológico poderá então assinalar os arquétipos que estamos a trabalhar no presente, os que temos maior responsabilidade de superar e tomar consciência se os estamos a viver nas suas vertentes mais positivas ou negativas.
As crenças têm essa infeliz característica de serem absorvidas sem antes serem devidamente analisadas. E como maior parte são-nos legadas na infância, acabamos por viver com elas uma vida inteira, na maior parte das vezes desfasadas da nossa realidade pois não foram conscientemente actualizadas condicionando-nos das piores maneiras.
Deixo assim o convite a cada um de RE-analisar os seus valores e as suas crenças mais profundas, não só a vossa noção de fé como a reforçarem a relação com o vosso Deus interno.
Qual afinal a tua relação com o divino
tanto a nível interior como exterior
nos eventos do dia a dia?
Aquela que te proporciona sentir a paz, a gratidão e o amor em cada célula do teu corpo.
Aquela que te permite olhar para todos os desafios como oportunidades disfarçadas mas amorosas de descobrires quem realmente és.
Aquela que te torna humilde perante a grandeza e inteligência cósmica e que te permite relaxar, sorrir, fluir e confiar que “algo ou alguém” sabe muito bem o que está a fazer e que tem a tua felicidade e liberdade em constante consideração.
E naqueles momentos em que perdemos o sinal, esquecemos por um momento toda a magia que nos rodeia, olhemos para o céu numa noite estrelada e de lua cheia, e depois olhemos para nós e para o planeta onde vivemos e relembremos que nós somos responsáveis pela maneira como agimos sobre a vida e os outros, e o que quer que tenha criado toda a beleza à nossa volta fará o resto...
Vera Luz
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