Causou-me um verdadeiro VÓMITO a Marcha pela República que esta tarde decorreu em Paris.
Porque me deixou uma mistura de sentimentos estranhos.
Foi impressionante ver quase dois milhões de pessoas a desfilar pela liberdade, e em defesa do modelo de vida ocidental.
Mas quando se vê Angela Merkel e outros líderes que tais na fila da frente - ainda que por breves minutos - compreendemos a forma como o poder encena a sua representação e avança com todo o oportunismo sobre a indignação colectiva dos cidadãos comuns, que têm sido vítimas das troikas e das políticas monetárias e financeiras restritivas e antipopulares.
Eles estão se cagando para o povinho.
Aquilo foi quase como o Grupo de Bildeberg a liderar uma Manif da Frente Popular.
Uma cena patética que me custou a digerir.
Nem na desgraça esta liderança europeia, maléfica e corrupta, aperta com os fortes e deixa de ser impiedosa com os fracos, que se alimenta das desigualdades sociais, e não dá tréguas aos povos da Europa.
Se eu fosse Charlie, teria considerado isto a minha segunda morte.
E as vítimas não mereciam isto.
QUE CARICATURA FARIA O CHARLIE
DESTE APROVEITAMENTO MUNDIAL DA SUA MORTE?
...QUANDO A EUROPA JÁ FOI ASSASSINADA POR ELES...
OS LOBOS, DISFARÇADOS DE CORDEIROS...?
Sim, quando os dois lados, ou os três lados da grande mentira religiosa e política, que governa o mundo e que está por detrás desta maquinação, os países que se matam entre si, os lideres que destroem os seus próprios países...os que matam e mentem e reduzem os povos à escravidão em nome da Ideologia, da Economia, da Finança, etc...
Nós não somos senão marionetas deste jogo ignóbil...
E mesmo que se vá para a rua aos milhões...eles iludem-nos...
Nós somos os cordeiros dados ao sacrifício dos seus "Deuses"!
Sim, seja Cristo, Jeová, Alá ou Maomé...ou o DINHEIRO!
E enquanto o Charlie atrai todas as atenções,
por ser francês...
Na Nigéria esta semana morrem 2 mil pessoas!!!
Os atiradores têm como objectivo recuperar o controle de Baga, na fronteira com o Chade, onde os insurgentes tomaram uma base militar no dia 3 de Janeiro de 2015.
As acções do grupo radical já dura há cinco anos, e matou mais de 10 mil pessoas apenas em 2014.
Mais de um milhão de pessoas estão deslocadas, dentro da Nigéria, e centenas de milhares fugiram pelas fronteiras com Chade e Camarões.
Somos todos Baga?
Não me parece...nem se fala no assunto...
Na Nigéria e sobretudo nos territórios tomados ou ameaçados pelos Boko Haram não há pingo de liberdade. De expressão, nem de informação. Não há liberdade de educação, de religião, de circulação. Não há segurança. Não há justiça. Não há Estado. Não há líderes políticos que vão para a rua dizer 'não' ao terro e ao medo. Chega-se ao ponto de o Presidente da Nigéria ter condenado os ataques em Paris, mas não se saber se disse alguma coisa sobre os mais recentes massacres no seu próprio país.
Não há jornalistas. Nem daqueles 'malucos dos freelancers'. Não há acesso livre à Internet. E não há equipas médicas, nem voluntários de uma qualquer ONG, que tantas vezes lançam à distância um grito de alerta. E nem sequer há missionários, geralmente os últimos a sair ou a tombar, permanecendo até ao limite junto daqueles que sofrem, seja qual for a sua raça ou credo.
Só há mal, destruição.
Não há liberdade de nada, por isso fiquem por lá esquecidos, afinal fica lá bem longe não vale a pena lutar por esses países. Mas países como Iraque, Afeganistão, Líbia...UI, esses sim vale a pena lutar pela democracia e liberdade de expressão, será que a Nigéria no que toca ao petróleo é ...livre ?
Se calhar sim, e portanto os "grandes" do ocidente têm o que pretendem, querem lá saber se há liberdade ou não... eles que se matem todos, o petróleo da Nigéria circula, tá tudo bem...
As meninas que estudavam na Nigéria e foram raptadas em Abril, também estavam a pedi-las?
E as crianças que andavam na escola em Peshawar e os pais delas, que insistiam em investir na sua educação, também se puseram a jeito?
Todos eles também desafiavam interditos, também desafiavam os limites impostos por outros à sua liberdade.
Não se pode relativizar o que se passou em França, tal como não se pode relativizar o que se passa na Nigéria. E não relativizar também é não pôr em relação as 17 mortes de Paris com as dezenas, centenas ou milhares de Baga.
Cada uma destas vidas, cada uma, merece a nossa indignação.
Reconhecê-lo é importante para perceber o que é o mal, e que é o mesmo mal que mata em Paris, na Nigéria ou em Peshawar.
Ainda hoje...
Massacre no Paquistão:
mais de 140 crianças são mortas
em ataque terrorista numa escola...
Seremos todos paquistaneses?
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