quinta-feira, 24 de julho de 2014
Considerações
"(...) é de facto um mestre aquele de quem os outros se riem, aquele de quem troçam todos os prudentes e todos os bem estabelecidos;
pertence-lhe ser extravagante, defender os ideais absurdos, acreditar num futuro de generosidade e de justiça, despojar-se ele próprio de comodidades e de bens, viver incerta vida, ser junto dos irmãos homens e da irmã Natureza inteligência e piedade;
a ninguém terá rancor, saberá compreender todas as cóleras e todos os desprezos, pagará o mal com o bem, num esforço obstinado para que o ódio desapareça do mundo;
não verá no aluno um inimigo natural, mas o mais belo dom que lhe poderiam conceder;
perante ele e os outros nenhum desejo de domínio;
o mestre é o homem que não manda;
aconselha e canaliza, apazigua e abranda;
não é a palavra que incendeia, é a palavra que faz renascer o canto alegre do pastor depois da tempestade;
não o interessa vencer, nem ficar em boa posição;
tornar alguém melhor — eis todo o seu programa;
para si mesmo, a dádiva contínua, a humildade e o amor do próximo."
Agostinho da Silva
in, Considerações
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