quinta-feira, 30 de abril de 2015

...as nossas bruxinhas da Idade Média podem considerar-se vingadas!



"Agora, mais de dois séculos após o término da caça às bruxas, é que podemos ter uma noção das suas dimensões.
Neste final de século e de milénio, o que se nos apresenta como avaliação da sociedade industrial?
Dois terços da humanidade passam fome para o terço restante superalimentar-se; além disto há a possibilidade concreta da destruição instantânea do planeta pelo arsenal nuclear já colocado e, principalmente, a destruição lenta mas contínua do meio ambiente, já chegando ao ponto do não-retorno. A aceleração tecnológica mostra-se, portanto, muito mais louca que a dos inquisidores.
Ainda neste fim de século outro fenómeno está a acontecer: na mesma jovem rompem-se dois tabus que causaram a morte das feiticeiras: a inserção no mundo público e a procura do prazer sem repressão.
A mulher jovem hoje liberta-se porque o controle da sexualidade e a reclusão ao domínio privado formam também os dois pilares da opressão feminina.

Assim, hoje as bruxas são legião no século XX. 
E são bruxas que não podem ser queimadas vivas, pois são elas que estão a trazer pela primeira vez na história do patriarcado, para o mundo masculino, os valores femininos. 
Esta reinserção do feminino na história, resgatando o prazer, a solidariedade, a não-competição, a união com a natureza, talvez seja a única hipótese que a nossa espécie tenha de continuar viva.
Creio que com isso as nossas bruxinhas da Idade Média podem considerar-se vingadas!"


ROSE MARIE MURARO



Um alvo a abater...chamaram-nas de bruxas e queimaram-nas nas fogueiras!

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