domingo, 15 de dezembro de 2013

A mulher grávida



"O CORPO FEMININO É O LABIRINTO ONDE O HOMEM SE PERDE"


“É correcta a identificação mitológica entre a mulher e a natureza.
O contributo masculino para a procriação é fugaz e momentâneo.
A concepção resume-se a um ponto diminuto no tempo, apenas mais um dos nossos fálicos pico de acção, após o qual o macho, tornado inútil, se afasta.
A mulher grávida é demonicamente (diamon), diabolicamente completa.
Como entidade ontológica, ela não precisa de nada nem de ninguém.
Eu defendo que a mulher grávida, que vive durante nove meses absorta na sua própria criação, representa o modelo de todo o solipsismo, e que a atribuição do narcisismo às mulheres é outro mito verdadeiro.
A aliança masculina e o patriarcado foram os recursos a que o homem teve de deitar a mão a fim de lidar com o que sentia ser o terrível poder da mulher.
O corpo feminino é um labirinto no qual o homem se perde.
É um jardim murado, o hortus conclusus do pensamento medieval, no qual a natureza exerce a demónica feitiçaria.
A mulher é o construtor primordial, o verdadeiro Primeiro Motor.
Converte um jacto de matéria expelida na teia expansível de um ser sensível, que flutua unido ao serpentino cordão umbilical, essa trela com que ela prende o homem.”


in,"Personas sexualis"
Camile Paglia

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