O "escapismo" espiritual
é uma sombra muito persistente na espiritualidade
e que se pode manifestar de muitas formas,
muitas vezes sem ser reconhecida.
~ R. Augusto
As pessoas tendem a associar a espiritualidade com estados transcendentais, que são, invariavelmente, associados a sentimentos de felicidade, alegria, paz interior profunda e contentamento.
Enquanto tudo isso é verdadeiro e maravilhoso, existem muitas pessoas que se intoxicam, distraem e enredam nesses conceitos e imagens altamente atraentes de espiritualidade, evitando os lados mais escuros, dolorosos e desgastantes do caminho.
Na sua essência, o "escapismo" espiritual é como qualquer outra forma de fuga, que nos transmite uma falsa sensação de segurança e felicidade, enquanto nos distrai do nosso mais profundo caminho de auto-crescimento e transformação.
Eis a minha definição simplificada de "escapismo" espiritual:
O escapismo espiritual é utilizar a espiritualidade para evitar, reprimir ou fugir das questões desconfortáveis e dolorosas da vida tais como o terminar de um relacionamento, problemas familiares, abuso na infância, solidão, baixa auto-estima, problemas de saúde, etc.
Para muitas pessoas, a espiritualidade torna-se uma espécie de muleta, utilizada como uma forma de se "erguer" em face aos desafios da vida - e às vezes isso é necessário, todos nós precisamos de apoio em algum momento ou outro das nossas vidas - mas, o problema surge quando a espiritualidade é usada como uma droga da qual nos tornamos dependentes, a fim de contornar os elementos mais escuros das nossas vidas, a parte mais sombria da personalidade e os desafios mais dolorosos.
Quando a espiritualidade é utilizada como um mecanismo de defesa torna-se, na verdade, o nosso maior obstáculo, e impede-nos de desenvolver a verdadeira coragem, autenticidade e integridade; qualidades que refinam as nossas almas.
O uso da espiritualidade mental e ilusória pode encurralar-nos numa prisão cor-de-rosa, onde tudo é perfeito e feliz. Ou seja, é uma prisão de ilusões.
A realidade, é que a prática da espiritualidade
não é sempre bonita e cor-de-rosa.
Na verdade, muitas vezes é a experiência mais tumultuosa
e desafiante que percorremos na vida.
Todos os grandes Mestres passaram por essas provas.
Pelo que eu tenho aprendido, pode ser absolutamente aterrorizante expormo-nos a este processo de purificação e permanecermos vulneráveis mas, lentamente, ao libertarmo-nos de todas as ilusões e falsidades, percebemos que a vida é muito mais clara, muito mais profundamente gratificante e indiscritivelmente mais feliz e pacífica.
É assim que derrubamos todos os muros
que nos afastam do nosso verdadeiro Eu,
da nossa verdadeira identidade Divina,
da nossa verdadeira consciência;
é assim que evoluímos
e praticamos a verdadeira espiritualidade,
aquela que nos leva de volta para Casa.
Aletheia Luna
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