É bom celebrar os que morrem vivos,
e os que morrem vivos
são aqueles que nunca esquecemos e que,
por isso, não morrem nunca.
Os que morrem vivos são os que nos permitem continuar a sentir a sua presença, mas que ao mesmo tempo nos pedem que em troca lhes demos, a pouco e pouco, a liberdade do desapego.
Os que morrem vivos são os que vivem para sempre nas nossas memórias, os que acompanham tudo aquilo que fazemos, pensamos, sentimos e, por isso, é muito bom quando somos finalmente capazes de não pensar neles com desespero ou tristeza, é muito bom quando sentimos que estão mesmo ali, do outro lado do véu, e que não se privam de nada para vir acudir às nossas saudades e aos nossos ataques de choro.
Os que morrem vivos são todos aqueles que nos garantem que nada tem fim e que o amor que a todos nos une é infinito e eterno.
Os que morrem vivos são aqueles que não merecem ver-nos em lágrimas, por puro egoísmo, mas a rir, a rir muito alto por sabermos que estão tão felizes agora.
Os que morrem vivos são os que só nos fazem falta quando caímos nessa ilusão de que nos deixaram sozinhos.
Os que morrem vivos são os que todos os dias se manifestam nas coisas mais simples, os que nos tocam a alma, os que nos pedem que os deixemos viver longe da nossa vista e tranquilamente se instalam cá dentro, no coração, os que já não precisam dos nossos abraços porque são eles próprios o céu, de braços abertos, à nossa volta.
Inês de Barros Baptista
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