sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Creta


"A história da civilização cretense tem início por volta de 6000 AC, quando uma pequena colónia de imigrantes, provavelmente oriundos da Anatólia, alcançou pela primeira vez as costas da ilha. Estes trouxeram consigo a Deusa, a par de uma tecnologia agrária que classifica estes primeiros povoadores como neolíticos.
Ao longo dos 4000 anos seguintes, o progresso tecnológico foi lento e constante, na cerâmica, na tecelagem, na metalurgia, na gravura, na arquitectura e em outros ofícios, verificando-se ainda um comércio crescente e uma evolução gradual do estilo artístico, cheio de vida e alegre, tão característico de Creta.
Então, em aproximadamente 2000 AC, Creta entrou no período que os arqueólogos designam de Minóico Médio, ou do Palácio Antigo.
Por esta altura já ia avançada a Idade do Bronze, época em que no resto do mundo então civilizado a adoração da Deusa estava a ser progressivamente substituída pela adoração dos deuses masculinos belicosos.
Ela era ainda adorada - como Hathor e Ísis no Egípto, como Astarte ou Ishtar na Babilónia, ou como deusa secundária, descrita como consorte ou mãe de deuses masculinos mais poderosos.
Pois este era cada vez mais um mundo no qual o poder das mulheres se encontrava igualmente em declínio, um mundo no qual a dominação masculina e as guerras de conquista e reconquista estavam por toda a parte a tornar-se norma.
Na ilha de Creta, onde a Deusa era ainda suprema, não havia sinais de guerra.
Aí, a economia prosperava e as artes floresciam.
E mesmo no séc. XV AC, a ilha finalmente caíu sob domínio aqueu - quando os arqueólogos já não falam de uma cultura minóica mas sim minóico-micénica - a Deusa e o modo de pensar e de viver que ela simbolizava parecem ainda ter-se aguentado tenazmente."

in, O Cálice e a Espada
Riane Eisler

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