sábado, 28 de dezembro de 2013

Casamento


Um famoso professor se encontrou com um grupo de jovens que falava contra o casamento. Argumentavam que o que mantém um casal é o romantismo e que é preferível acabar com a relação quando este se apaga, em vez de se submeter a triste monotonia do matrimónio.

O mestre disse que respeitava sua opinião, mas lhes contou a seguinte história:
“Meus pais viveram 55 anos casados.
Numa manhã, minha mãe descia as escadas para preparar o café e sofreu um enfarte.
Meu pai correu até ela, levantou-a como pôde e, quase se arrastando, a levou até ao carro.
Dirigiu a toda velocidade até ao hospital, mas quando chegou, infelizmente ela já estava morta. Durante o velório, meu pai não falou.
Ficava o tempo todo olhando para o nada.
Quase não chorou!

Eu e meus irmãos tentamos, em vão, quebrar a nostalgia recordando momentos engraçados.
Na hora do sepultamento, papai, já mais calmo, passou a mão sobre o caixão e falou com sentida emoção:
- Meus filhos, foram 55 bons anos… 
Ninguém pode falar do amor verdadeiro, se não tem ideia do que é compartilhar a vida com alguém por tanto tempo.

Ele fez uma pausa, enxugou as lágrimas e continuou:
- Ela e eu estivemos juntos em muitas crises.
Mudei de emprego, renovamos toda a mobília quando vendemos a casa e mudamos de cidade. Compartilhamos a alegria de ver nossos filhos concluírem a faculdade, choramos um ao lado do outro quando entes queridos partiam.
Oramos juntos na sala de espera de alguns hospitais, nos apoiamos na hora da dor, e perdoamos nossos erros…
Filhos, agora ela se foi e estou contente. 
E vocês sabem por quê? 
Porque ela se foi antes de mim, e não teve que viver a agonia e a dor de me enterrar, de ficar só depois da minha partida. 
Sou eu que vou passar por essa situação, e agradeço a Deus por isso.
Eu a amo tanto, que não gostaria que sofresse assim.

Quando meu pai terminou de falar, meus irmãos e eu estávamos com os rostos cobertos de lágrimas. Nós o abraçamos e ele nos consolava, dizendo:
“Está tudo bem, meus filhos, podemos ir para casa.”

E por fim, o professor concluiu:
“Naquele dia, entendi o que é o verdadeiro amor. 
Está muito além do romantismo, e não tem muito a ver com o erotismo, mas se vincula ao trabalho e ao cuidado a que se professam duas pessoas realmente comprometidas.”

Quando o mestre terminou de falar, os jovens universitários não puderam argumentar, pois esse tipo de amor era algo que não conheciam. O verdadeiro amor se revela nos pequenos gestos, no dia-a-dia e por todos os dias. O verdadeiro amor não é egoísta, não é presunçoso, nem alimenta o desejo de posse sobre a pessoa amada.

“Quem caminha sozinho, pode até chegar mais rápido.
Mas aquele que vai acompanhado, com certeza, chegará mais longe, e terá a indescritível alegria de compartilhar alegria… alegria esta, que a solidão nega a todos que a possuem”.

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