“...pobre Adão, que não suportou a sua divina solidão e adquiriu uma “má companhia”, porque a seus olhos ele perdeu a sua alma imortal e perfeita…
Ele decidiu nunca mais perdoar esta história da “maçã”, recusando-se a tomar consciência do presente que teve – obrigado e colocado na sua mão por Iavé – que Isha, a sua consciência revelada, lhe faz oferecendo-lhe a sua morte.
Da serpente de vida e da morte, macho e fêmea, ao andrógino perfeito passando pela bissexualidade e o hermafroditismo, o pensamento humano – asseguram-nos disso – progrediu, evolui e apurou-se. Nesta evolução – seguramente nobre e espiritual – visando a magnitude da alma e a transcender o corpo e a sexualidade, alguma coisa se perdeu, uma outra dimensão, de do ser vivo e carnal, e “inocente” porque ela estava bem longe de qualquer noção do pecado e portanto de perversão.
E precisamente esta perda de inocência, esta perda sobretudo do sentido do sagrado, introduziu no nosso universo as piores perversões.
O que é que há de mais “culpado”:
praticar a omofagia, quer dizer, devorar carne crua – por vezes é verdade, como os tigres que sacodem na boca um animal vivo – ou prostituir crianças nas ruas de Manilha por dinheiro ou utilizá-los com o mesmo fim, em filmes pornográficos que incluem por vezes a morte real dos actores involuntários?”
Joelle de Gravelaine
in, Deusas Selvagens
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