“Às vezes, temos dificuldade em entender algumas pessoas.
Dir-se-ia que falam uma linguagem diferente da nossa ou, então, que entendem apenas aquilo que não lhes dizemos.
Não nos querem mal, nem tão pouco bem.
Também não são melhores, nem mesmo piores.
Parecem, no entanto, não querer nada de ninguém ou dar seja o que for a seja quem for.
Vivem num mundo feito à sua medida e recusam sair dele, mesmo que se lhes fale todos os dias de um mundo diferente.
Têm ao longo da sua vida inúmeras oportunidades, mas queixam-se sempre da ausência das mesmas. Afirmam que ninguém lhes dá atenção, mas comportam-se como se o mundo não existisse.
Inventam mentiras sobre si mesmas, mas negam verdades que outros lhes querem dar a conhecer.
Não ousam escolher, mas não percebem que não escolher é também uma escolha.
São pessoas que não se dão a conhecer, mas que culpam tudo e todos pelo afastamento a que se sentem sujeitas.
Devemos entender que existem pessoas que não querem mudar, nem tão-pouco pensar sobre tal hipótese.
Também não devemos criticá-las ou julgá-las.
Devemos antes aceitá-las, ainda que tal não signifique entendê-las.
O entendimento passa por algo mais complexo.
O entendimento passa por conseguirmos colocar-nos na sua pele.”
José Micard Teixeira
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