sábado, 24 de outubro de 2015

Canção de Mim Mesmo 21




Sou o poeta do Corpo e sou o poeta da Alma,
Os prazeres do céu estão comigo e as dores do inferno estão comigo,
O primeiro eu transplanto e amplio sobre mim e o segundo traduzo em uma nova língua.

Eu sou o poeta da mulher tanto quanto o do homem,
E digo que é tão grandioso ser uma mulher como ser um homem,
E digo que não há nada maior do que ser a mãe dos homens.

Canto o canto da expansão ou do orgulho,
Já tivemos fuga e censura o suficiente,
Revelo que o tamanho é apenas o desenvolvimento.

Ultrapassaste os demais? És o Presidente?
Isso é ninharia, eles irão além desse teu feito.

Eu sou aquele que caminha com a noite que cresce brandamente,
Clamo à terra e ao mar, em parte abraçados pela noite.

Estampa-te em mim, noite de seio nu — estampa-te em mim, noite magnética e nutritiva!
Noite do vento sul — noite de estrelas grandes e escassas!
Noite imóvel e ondulante — noite de verão louca e desnuda.

Sorri, ó voluptuosa terra de hálito fresco!
Terra das árvores sonolentas e líquidas!
Terra do crepúsculo finado — terra das montanhas dos topos de neblina!
Terra da vertente vítrea da lua cheia, subtilmente tingida de azul!
Terra do brilho e da escuridão que mosqueiam a maré do rio!
Terra do cinza límpido, das nuvens que são mais brilhantes e mais claras em meu nome!
Terra angulada dos grandes precipícios — terra rica em flores de macieira!
Sorria, teu amante está chegando.

Pródiga, tu me deste amor — assim sendo eu também te dou amor!
Ó amor apaixonado e indizível.


in, Song of Myself
Walt Whitman

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