terça-feira, 31 de março de 2015

..........a ver se nos entendemos



As pessoas entendem o que eu digo da forma que mais lhes convém!

Acusam-me de falta de coerência quando defendo os animais, e ao mesmo tempo, não sou vegetariana ou vegan.
Que como cadáveres, abortos de pintos, etc...o que lhes vem à cabeça para parecer pior do que na realidade é.
Conversa de vegetariano e de vegan...
Já começo a ficar pelos cabelos com essa conversa mas, aqui deixo mais um esclarecimento da minha posição em relação ao assunto.

Estão a confundir maus tratos a animais, com uma necessidade básica de todos os animais omnívoros e carnívoros (como nós).
Sim, sou contra a criação de animais de forma miserável para nosso alimento.
Mas sim, a carne fica lindamente num bom assado, ou num bom ensopado. E uma massada de peixe é de lamber o beiço...
Tal como um antílope deve ser um mimo para um leão.
Respeito os vegetarianos, mas não aqueles que agem como se os outros é que estão errados, e fossem uns insensíveis ao sofrimento animal.
Como se, defender os animais tivesse obrigatoriamente ligado a ser vegetariano ou vegan.

Sou contra a criação de animais de forma miserável 
para nosso alimento.
Sou a favor do Sistema de Montado em Permacultura.

Montado – ou la dehesa, como se diz do lado de lá da fronteira...
Há que perceber os ciclos e padrões presentes na Natureza, a um calibrar constante das acções humanas com as adaptações da Natureza.
É uma abordagem prudente, pois considera que todos os elementos deverão ser multifuncionais, e deverão estar em rotação.
Esta diversidade de utilizações permitirá maior eficiência, ou seja uma utilização mais eficaz dos recursos.

A minha postura na vida leva-me sempre a olhar para o mundo como um todo com interacções.
Integrando a presença do Homem, necessário à manutenção dos vários elementos mas sem se sobrepor aos elementos naturais presentes (animais, árvores, arbustos…), o montado teve no passado uma sustentação sem um impacto nocivo.
O retomar do montado, num contexto de permacultura, faz todo o sentido para mim, respeitando-se o meio natural, adaptando-o quando necessário, usando tecnologias modernas sem impor uma utilização intensiva ou excessiva de um dado recurso.

É preciso não confundir maus tratos e indiferença por um lado, com as nossas necessidades no outro lado.

Porque têm de pressupor que todas as pessoas 'deviam' adoptar uma dieta vegetariana ou vegan por essas opções serem moralmente mais correctas?
Primeiro, eu não papo grupos, nem essa treta de "devias"...
Depois, moralismos e éticas sociais não são para mim...sou anarquista liberal, lembram-se?

Ser indiferente aos maus tratos dos animais nas fábricas alimentares e acrescento, só porque ficam bem num assado, ou num ensopado, o ênfase está no "só porque", ou seja, precisamente para distinguir entre essas duas coisas.
Uma sendo as nossas necessidades nutritivas, que poderão passar, ou não, por uma alimentação que inclua alimentos de origem animal (a questão das necessidades nutritivas humanas tem sido discutida e estudada cientificamente desde que existe a ciência, e apesar das opiniões fortes dos vegans e dos defensores da 'dieta paleolítica', ainda não há consenso).
E a segunda, sendo uma escolha inconsciente de alimentação com produtos de origem animal, sem consideração pela origem e a história por detrás dessa carne, peixe, ovos, leite, etc.

O facto é que existe 'veganismo' fundamentalista e também existe 'carnivorismo' ou 'omnivorismo' fundamentalista, e também existe uma tendência a simplesmente sermos desleixados acerca das nossas escolhas alimentares, comendo o que é 'conveniente'.

Só chamo a atenção a isso, e não julgo quem acredita que produtos de origem animal são benéficos para a saúde, assim como não julgo aqueles que vivem o vegetarianismo e o veganismo de uma forma fundamentalista, em que separam nós os bonzinhos, dos outros acéfalos e desumanos que comem carne e peixe.
Já o contrário não acontece.
Quem é vegetariano ou vegan, passa a vida a julgar e a condenar quem não é!
Então onde está a liberdade de escolha???
Essa escolha tem é de ser feita em consciência!!
Seja lá ela qual for!

Eu não sou vegetariana.
Já o assumi aqui por várias vezes.
Já fui durante 3 anos...e depois voltei a uma alimentação equilibrada, que inclui cruvidurismo, vegetarianismo, macrobiótica e omnívora.
Como de tudo de uma forma equilibrada!
Como ovos quase todos os dias, mas só compro ovos de galinhas 'do campo', criadas ao ar livre.
Como peixe 2 a 3 vezes por semana, de águas geladas de mar de águas profundas e nada de aquacultura. Dou preferência a peixe que seja de pesca sustentável e artesanal, e evito os peixes das pescas de arrasto que levam à morte de imensos peixes/mariscos que são depois simplesmente descartados para o mar.
Como carne de vaca e de porco só no social, porque a agropecuária, de produção intensiva, está a prejudicar gravemente o planeta.
Como carne de aves e de animais de porte pequeno, 2 a 3 vezes por semana, e procuro que seja de montado, criada ao ar livre, e do pequeno produtor.
Abomino as produções intensivas, seja lá do que for, incluindo produções intensivas de produtos agrícolas, de aquacultura, etc...cheias de químicos, hormonas de crescimento, antibióticos, etc...

Eu sei que não temos todos acesso aos produtos que para nós seriam os produtos ideais, cultivados ou caçados de acordo com a nossa ética, seja ela qual for.
E por vezes, em viagem, não nos é possível levar à risca o que escolhemos para nós.

Mas, se nos questionarmos acerca das escolhas que temos feito inconscientemente, e nos tornarmos consumidores mais conscientes, o mercado passará a reflectir cada vez mais a nossa ética pessoal, que no fundo não é tão diferente de uma pessoa para outra.

Poucos humanos não escolheriam uma refeição sustentável com o mínimo de impacto ambiental e livre de sofrimento desnecessário, se lhes fosse dada essa opção.
E não me refiro a posturas radicais e fundamentalistas, como é o caso do veganismo e do vegetarianismo.

A minha questão é que essa opção tem que ser escolhida activamente, se queremos um mundo mais digno, porque se não escolhermos conscientemente, as indústrias continuarão a fazer o que sai mais barato, reflectindo a nossa indiferença.


Espero ter conseguido esclarecer a minha postura em relação a este assunto, de uma forma clara e objectiva...

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