E, todavia, eu não quisera amar-te.
Mas ter-te, sim, de todas as maneiras.
Quem és e como és, de quem te abeiras,
que dizes ou não dizes, pouco importa.
E muito menos hoje me conforta.
Neste sorriso que te dou tranquilo,
eu ponho num remorso tudo aquilo
que em fundo amor eu te pudera dar-te,
Se alguma vez te amasse de amor fundo,
senta-te à luz do mar, à luz do mundo,
como na vez primeira em que te vi,
tão jovem, que era crime o contemplar-te.
E despe-te outra vez, pois vêm olhar-te
quantos te buscam de saber-te aqui.
Sendo um de tantos, nunca te perdi.
Jorge de Sena
in, "Peregrinatio Ad Loca Infecta
(Sete Sonetos da Visão Perpétua - VI)"
(Sete Sonetos da Visão Perpétua - VI)"
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