Numa história Oriental:
“O discípulo pergunta ao Mestre;
– Mestre, como posso tratar os outros, principalmente os que ainda expressam violência e raiva?
O Mestre responde;
– Não há outros…”
Até ao momento em que despertamos para o nosso mundo interior, para a nossa história individual e começamos a assumir responsabilidade pela nossa energia e pela nossa contribuição ao mundo, vivemos ausentes de nós próprios, deslumbrados com a diversidade e complexidade do mundo.
Ainda inconscientes da nossa responsabilidade pessoal de sermos co-criadores dessa realidade e que ela faz parte do nosso desafio pessoal, tudo faremos para a controlar de maneira a criarmos o mundo perfeito, com as pessoas perfeitas que ansiamos viver.
Não sabemos ainda que a única maneira de mudar o mundo, é mudando a nossa energia interior, desactivando todas as frequências do medo e activando as energias do amor. Será apenas uma questão de tempo até que essas idealizações e fantasias de perfeição e controle rebentem, tal como bolas de sabão, para que possamos cumprir a proposta original da vida:
– Rendermo-nos à vida tal como ela é.
– Aprender a ver todos os movimentos como inteligentes e cheios de sinais para cada história individual.
– Estudar as Leis Universais de maneira a percebermos esses movimentos.
– Relembrar que talentos e dons trazemos dentro de nós para levar mais luz ao mundo.
– Aproveitarmos cada momento para expressarmos a mais elevada versão de nós próprios.
Até acedermos a essa maravilhosa sabedoria e visão superior, a ilusão de que a nossa felicidade, equilíbrio e segurança se encontra algures no mundo continua…
– “Vera eu vivo com uma pessoa muito difícil. É uma pessoa insensível, sem empatia nenhuma, um tanto bruta. Nunca senti esta pessoa como um parceiro pois faz a sua vida como se eu não existisse e quando está comigo não me valoriza ou respeita. Mas como a mãe dessa pessoa já era assim eu até entendo e desculpo. Se ele fizesse um esforço ou desse valor à minha paciência e dedicação tudo seria maravilhoso.”
Sempre que ouço alguém ainda preso neste discurso, eu pergunto:
-“Já percebeste porque atraíste essa pessoa e o que pretendes fazer com essa relação?”
E esta é a pergunta que a maior parte tenta evitar...
- Perceber esta pergunta implica aceitar a responsabilidade de ter co-criado uma relação sem qualidade. Implica que está na minha mão fazer o que é melhor para mim.
- Implica aceitar que o outro tem a liberdade de ser quem é.
- Implica que para fazer o que é melhor para mim terei que mudar a minha vida e ir em busca de uma nova realidade mais feliz para mim.
Infelizmente a maior parte das pessoas ainda está presa no jogo “eu mudo para ti e tu mudas para mim”, jogo esse que nos cria apegos e obsessões doentias pelo outro.
A maior parte das pessoas, se eu deixasse, seria capaz de estar a falar dos comportamentos dos outros por horas.
O que o outro fez ou disse ou devia ter feito.
O que o outro não fez ou fazia mas já não faz.
O que o outro podia ter feito
e mais as razões que explicam ou justificam os mais variados comportamentos.
De vez em quando, se eu não disser nada, ouço profundas análises dissecando de todas as maneiras, o outro.
Muitos são os que ainda não aprenderam a ver o outro como um meio de saberem mais sobre si mesmos.
Não percebem que o que estão a ver é apenas um espelho do que vive inconsciente dentro de si mesmos em frequências diferentes.
O outro é uma materialização de energias nossas que vêm à nossa vida para serem reconhecidas e actualizadas. A partir do momento em que as reconhecemos e saramos interiormente, mudando assim a nossa energia, a relação irá também consequentemente mudar. Ou o outro acompanha o nossa mudança vibratória ou a relação irá tornar-se impossível.
Ninguém nos ensinou que a nossa vida é uma continuação de uma história que já vem de trás.
Que esta vida é apenas mais um episódio de uma gigante novela que já não nos lembramos como começou e está longe de terminar.
Dentro ou fora das relações, o nosso trabalho pessoal interior irá ser feito.
Se queremos viver sob a lei do amor e integrar a espiritualidade na nossa vida,
é essencial aprendermos a olhar para os outros como extensões da nossa energia.
- Como espelhos do que em nós não vemos.
- Como espíritos companheiros que inconscientemente conspiram para o nosso equilíbrio interior.
- Como carteiros cósmicos que de maneiras mais amorosas ou violentas, não desistem de entregar o seu correio.
- Como testes desafiantes que nos convidam a escolher.
O outro é um meio para nos conhecermos e não um fim em si.
O outro é apenas um visitante na nossa história que nos vem dar a oportunidade de a reconhecermos e de nos empoderarmos.
Assim
não interessa então
o que o outro fez ou disse ou é
mas sim,
o que NÓS escolhemos fazer
com o que o outro fez ou disse ou é.
Sem comentários:
Enviar um comentário