Alexander Jansson
Há uma porta que é entrada e limite, fronteira e filtro, começo de um mistério tão grande que quem a passe se apaga para viver como parte da profundidade.
Ninguém a cruza vivo ou acordado justamente porque para lá da linha só existem coisas, valores, cores e aromas que não pertencem ao estar consciente.
Pode-se voar e voa-se.
A sensação inebriante de não ter peso, o avassalamento que é alguém sem asas gerir o voo e ir ao cume da montanha, ver mínimos os problemas, as lutas, as cidades, a maravilha de abrir os braços e descer, veloz e macio, do campanário da Igreja para um lugar onde nos era vedada a permanência.
Ama-se no sonho.
Dentro daquele negro fundo há a pessoa que nos cabe, certa, inteira, fabulosa como entidade perfeita. E somos então felizes e saciamo-nos de tudo o que nos negam, daquilo que, acordados não podemos, não sabemos ou não devemos viver.
O sonho é a justa medida, o tempo de ser completo, o gozo perfeito da harmonia que precisamos para superar a vida real onde tudo nos pode magoar, ofender, ferir.
No sonho o sangue é azul.
Edgardo Xavier
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