domingo, 23 de abril de 2017

........................... só se dá o que se tem




“ O narcisista desconhece sobretudo quem ele é”

Cristina Fabião  
in, "Narcisismo, Defesas Primitivas e Separação" 




Exibicionistas com manias de grandezas ou tímidos e inibidos, mas igualmente insatisfeitos, que sempre querem o melhor e dificilmente se contentam, intransigentes e reivindicativos acerca do comportamento dos outros, irónica e paradoxalmente, não sabem quem são.
Uma lição de vida para as suas vítimas que tentam desesperadamente lhes agradar.

A perspectiva deve ser então, a inversa.
Não são os outros que não são suficientemente capazes e bons, as personalidades narcísicas por não terem consciência de si, não possuírem um conceito integrado do eu (confusão entre pensamentos e sentimentos, entre outras alterações), não reconhecem adequadamente as emoções e sentimentos dos outros, pelo que, não lhes dão a devida importância.
Assim sendo, os narcísicos não podem ter capacidades adequadas de empatia pelas pessoas (no mínimo, imaginar o seu mundo), fazer delas uma avaliação apropriada e investir emocionalmente nas relações. Porém, é através do efeito que causam (ou julgam causar) nos outros, que adquirem a noção de quem são. 
Essas impressões, tanto servem para alimentar o ego grandioso como, ao não lhes parecerem favoráveis, podem contribuir para a baixa auto-estima e para o desânimo. Por isto, o narcísico está dependente deste jogo de espelhos, e sem ele, sente-se vazio e nada.

Só se reconhece e se dá valor, ao que a estrutura de personalidade permite, ou seja, só se dá  o que se tem, como dizia Oscar Wilde: 

"Cada um dá o que tem no coração, 
e cada um recebe com o coração que tem."




Cristina Simões
in, Incalculável Imperfeição




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