"De quanto tempo precisamos para nos libertar do corpo de dor?".
No entanto, não é o corpo de dor, e sim a identificação com ele que causa o sofrimento que infligimos a nós mesmos e aos outros. É essa identificação que nos leva a reviver o passado vezes sem conta e nos mantém no estado de inconsciência.
Assim, uma pergunta mais importante a se fazer seria esta:
"De quanto tempo necessitamos para nos libertar
da identificação com o corpo de dor?"
Sempre que o corpo de dor estiver em actividade, temos que estar cientes de que o que estamos sentindo é o corpo de dor em nós. Esse conhecimento é tudo de que precisamos para interromper a identificação com ele. E, quando essa identificação cessa, a transmutação tem inicio.
O conhecimento impede que as emoções antigas surjam na nossa cabeça e controlem não só o diálogo interior como também nossas acções e interacções com as pessoas. Assim, o corpo de dor não conseguirá mais nos usar e se renovar por nosso intermédio.
As antigas emoções podem ainda viver em nós por algum tempo e aparecer de vez em quando. Talvez também nos enganem ocasionalmente, fazendo com que nos identifiquemos com elas de novo e, desse modo, obscureçam o conhecimento, porém não por muito tempo.
Não projectarmos as antigas emoções nas situações significa que devemos encará-las directamente dentro de nós. Pode não ser agradável, mas isso não chega a nos matar. Nossa presença (estar no agora, consciente, centrado, focado, ser o observador.) é mais do que capaz de conte-las. As emoções NÃO são quem nós SOMOS.
Portanto, quando sentir o corpo de dor, não comece o equivoco de pensar que existe algo errado com você. O ego adora quando você faz de si mesmo um problema.
O conhecimento precisa ser seguido pela aceitação.
Qualquer outra coisa, irá obscurecê-lo novamente.
Por meio da aceitação, você se torna o que você é: vasto, pleno de espaço. Transforma-se no todo. Não é mais um fragmento, que é como o ego vê a si mesmo. Sua natureza verdadeira emerge, e ela está unificada com a natureza divina.
Ou seja, não precisamos nos tornar um todo, mas sermos o que já somos - com ou sem o corpo de dor.
Eckhart Tolle
in, "Um Novo Mundo - O Despertar de uma Nova Consciência"
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